Fundada no mito da paz original, algumas teorias apocalípticas pregam o fim dos tempos a partir do crescente uso de Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação - NTICs e a "desumanização" do mundo. Essa cosmologia só pode ser fruto de um viés onde as pessoas teimam em separar o humano, do não-humano, como se isso fosse possível. É, também, fruto de uma idéia ocidental-moderna, de que o ser-humano (leia-se, ainda, homem e branco) é superior a todos os demais seres animados (vivos, ou não). Uma prepotência de achar que somos capazes de controlar tudo, estarmos acima de tudo.
Que as NTICs são confusas, não resta dúvidas, mas... quem quer voltar a viver sem elas????
Que harmonia é esta que as NTICs desarmonizam???
O vídeo abaixo mete-nos a pensar.
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segunda-feira, 30 de junho de 2008
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Prioridade para inclusão digital: os parlamentares brasileiros a apostar na Sociedade da Informação
Outro dia, ao ouvir noticias da Câmara dos Deputados, através da Rádiobras, pela Internet, ouvi que deste mês em diante, projectos que tratem da inclusão digital e da convergência tecnológica estarão entre as prioridades da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, do Congresso brasileiro, que desde 4 de Março tem novo presidente, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA). Para mim, que luto constantemente com relação a estas questões, foi uma notícia reconfortante, afinal, parece que nossas pressões estão a começar a surtir algum efeito.
A notícia adiantava que o novo presidente da Comissão C&T, Deputado pelo Partido dos Trabalhadores do Estado da Bahia, Sr. Walter Pinheiro, considera que é preciso levantar e discutir quais são as ferramentas de inclusão digital disponíveis no país e trabalhar pela democratização do acesso a esses recursos. Para levar adiante esses projectos, ele considera fundamental a liberação de recursos de fundos como o Funttel (Fundo Tecnológico das Telecomunicações), o Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações e também o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na expectativa de permitir a consolidação de serviços essenciais, como o e-gov (governo electrónico). Aliás, sempre é assim, uma vez que existem fundos, levantam-se sempre ardilosos arquitectos a planear formas de gastá-los. Vamos a ver se de forma justa e digna, de acordo com os princípios para os quais foram criados, ou para atender interesses particulares, como tem ocorrido com frequência.
De qualquer modo, toda essa movimentação já não era sem tempo. Parece que finalmente o Congresso brasileiro começa a acordar para uma urgência urgentíssima de nosso tempo actual. De facto, hoje quase todos os lares brasileiros têm televisão, mas não têm computador. Mas também não adianta ter computador se ele não tiver uma conexão à Internet. É a Internet que permite a conexão com o mundo cibernético, com os conteúdos digitais, com os serviços, com as informações, etc. O Brasil já é um dos países que mais acede à rede Internet no mundo, porém é um dos países com a menor malha de rede per capta e com uma largura de banda muito baixa, impondo dificuldades para a exploração de grande parte dos recursos disponíveis no ciberespaço. Portanto, disponibilizar os recursos dos fundos é uma medida importantíssima, desde que seja para, de facto, promover o acesso às tecnologias e aos meios de mediação (computadores, infra-estruturas de redes, brateamento de custos, etc.).
A sociedade brasileira, através dos movimentos sociais e da articulação da sociedade civil organizada, deve ficar de olho, controlar e fiscalizar os recursos desses fundos e ver se a aplicação desse dinheiro público não está sendo canalizada para os interesses de grandes corporações e lobbies que utilizam as demandas sociais como fachada para arrecadar rendimentos garantidos. No passado, grande parte dos recursos do Fust foi desviado para actividades duvidosas, embora tivessem uma roupagem de desenvolvedoras de tecnologia. Enquanto o governo lançava editais dirigidos e queimava recursos, empresários ligados aos governistas se apropriavam de somas consideráveis para alavancar seus projectos empresariais, sem a mínima preocupação de
conjunto, sem ter por trás um grande projecto articulado e orientado para um fim determinado que pudesse ser controlado. O risco desse erro, não podemos mais correr.
Vamos acreditar que as intenções do Deputado Walter Pinheiro sejam, de facto, as melhores e que estejam a caminhar de encontro com as expectativa da sociedade brasileira e suas necessidades prementes de ingresso nessa era digital. Entretanto, vamos nós, cidadãos brasileiros, interessados e preocupados com essas questões fundamentais para a educação e para o desenvolvimento cultural de nosso país, marcar bem esse nome, acompanhar as decisões desta comissão parlamentar e estar atentos aos avanços desses projectos no futuro breve.
A notícia adiantava que o novo presidente da Comissão C&T, Deputado pelo Partido dos Trabalhadores do Estado da Bahia, Sr. Walter Pinheiro, considera que é preciso levantar e discutir quais são as ferramentas de inclusão digital disponíveis no país e trabalhar pela democratização do acesso a esses recursos. Para levar adiante esses projectos, ele considera fundamental a liberação de recursos de fundos como o Funttel (Fundo Tecnológico das Telecomunicações), o Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações e também o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na expectativa de permitir a consolidação de serviços essenciais, como o e-gov (governo electrónico). Aliás, sempre é assim, uma vez que existem fundos, levantam-se sempre ardilosos arquitectos a planear formas de gastá-los. Vamos a ver se de forma justa e digna, de acordo com os princípios para os quais foram criados, ou para atender interesses particulares, como tem ocorrido com frequência.
De qualquer modo, toda essa movimentação já não era sem tempo. Parece que finalmente o Congresso brasileiro começa a acordar para uma urgência urgentíssima de nosso tempo actual. De facto, hoje quase todos os lares brasileiros têm televisão, mas não têm computador. Mas também não adianta ter computador se ele não tiver uma conexão à Internet. É a Internet que permite a conexão com o mundo cibernético, com os conteúdos digitais, com os serviços, com as informações, etc. O Brasil já é um dos países que mais acede à rede Internet no mundo, porém é um dos países com a menor malha de rede per capta e com uma largura de banda muito baixa, impondo dificuldades para a exploração de grande parte dos recursos disponíveis no ciberespaço. Portanto, disponibilizar os recursos dos fundos é uma medida importantíssima, desde que seja para, de facto, promover o acesso às tecnologias e aos meios de mediação (computadores, infra-estruturas de redes, brateamento de custos, etc.).
A sociedade brasileira, através dos movimentos sociais e da articulação da sociedade civil organizada, deve ficar de olho, controlar e fiscalizar os recursos desses fundos e ver se a aplicação desse dinheiro público não está sendo canalizada para os interesses de grandes corporações e lobbies que utilizam as demandas sociais como fachada para arrecadar rendimentos garantidos. No passado, grande parte dos recursos do Fust foi desviado para actividades duvidosas, embora tivessem uma roupagem de desenvolvedoras de tecnologia. Enquanto o governo lançava editais dirigidos e queimava recursos, empresários ligados aos governistas se apropriavam de somas consideráveis para alavancar seus projectos empresariais, sem a mínima preocupação de
conjunto, sem ter por trás um grande projecto articulado e orientado para um fim determinado que pudesse ser controlado. O risco desse erro, não podemos mais correr.
Vamos acreditar que as intenções do Deputado Walter Pinheiro sejam, de facto, as melhores e que estejam a caminhar de encontro com as expectativa da sociedade brasileira e suas necessidades prementes de ingresso nessa era digital. Entretanto, vamos nós, cidadãos brasileiros, interessados e preocupados com essas questões fundamentais para a educação e para o desenvolvimento cultural de nosso país, marcar bem esse nome, acompanhar as decisões desta comissão parlamentar e estar atentos aos avanços desses projectos no futuro breve.
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Mais um absurdo: Yahoo! quer patentear o "Drag and Drop"

Veja até onde pode chegar o egoísmo capitalista no afã de angariar mais fundos.
A megacorporação Yahoo! tem planos para entrar com um pedido de patenteamento de uma operação vastamente utilizada no mundo pelos usuários de ambientes gráficos. A Electronic Frontier Foundation (EFF) alertou que o Yahoo! quer patentear o movimento de "drag and drop" (arrastar e soltar) objetos nas interfaces.
No passado foi a Microsoft que veio com a intenção de patentear o "doble click" (duplo clique), para abrir um arquivo ou para ativar/executar uma operação. Obviamente que o escritório de patentes americano entendeu que o pedido era absurdo, pois não se tratava de uma inovação, nem de um procedimento, mas sim de uma ação muito comum, e negou o pedido.
Atitudes como esta, de vez em quando, surgem nos planos de um ou outro muquirana no mundo. Você já pensou se o inventor da bicicleta tivesse o direito de patentear a ação de pedalar? Só haveria uma marca de bicicleta no mundo até hoje, ou na última das hipóteses, a mais cruel, todas as concorrentes e usuários deveriam pagar a este primeiro os royalties pelo uso de sua "tecnologia" (???).
É por isso que advogamos a premissa de que as patentes de softwares, de algoritmos e de equações matemáticas deveriam ser proibidas, sejam elas quais forem, pois o único objetivo destas armadilhas é o de bloquear o uso de procedimentos lógicos necessários para o desenvolvimento das tecnologias.
Fato é que a Yahoo! entende que deve levar em frente a sua intenção de criar uma "patent for 'smart' drag and drop", ou seja, defende o direito de primazia e de autoria para um método de arrastar e soltar objetos de uma interfacepara outra. Se tiver um ganho favorável, imagine o quanto de concentração esta megacorporação terá, pois na atualidade quase a totalidade dos programas gráficos se utilizam deste recurso, que tornou-se trivial para qualquer usuário pouco treinado.
Veja a íntegra do texto publicado pela EFF, onde destaco a parte em que tudo fica muito claro e descarado:
"A computer-implemented method for manipulating objects in a user interface, comprising:
providingthe user interface including a first interface object operable to beselected and moved within the user interface; andin response to selection and movement of the first interface object in the user interface, presenting at least one additional interface object in the user interface in proximity of the first interface object, each additional interface object representing a drop target with which the first interface object may be associated."
A megacorporação Yahoo! tem planos para entrar com um pedido de patenteamento de uma operação vastamente utilizada no mundo pelos usuários de ambientes gráficos. A Electronic Frontier Foundation (EFF) alertou que o Yahoo! quer patentear o movimento de "drag and drop" (arrastar e soltar) objetos nas interfaces.
No passado foi a Microsoft que veio com a intenção de patentear o "doble click" (duplo clique), para abrir um arquivo ou para ativar/executar uma operação. Obviamente que o escritório de patentes americano entendeu que o pedido era absurdo, pois não se tratava de uma inovação, nem de um procedimento, mas sim de uma ação muito comum, e negou o pedido.
Atitudes como esta, de vez em quando, surgem nos planos de um ou outro muquirana no mundo. Você já pensou se o inventor da bicicleta tivesse o direito de patentear a ação de pedalar? Só haveria uma marca de bicicleta no mundo até hoje, ou na última das hipóteses, a mais cruel, todas as concorrentes e usuários deveriam pagar a este primeiro os royalties pelo uso de sua "tecnologia" (???).
É por isso que advogamos a premissa de que as patentes de softwares, de algoritmos e de equações matemáticas deveriam ser proibidas, sejam elas quais forem, pois o único objetivo destas armadilhas é o de bloquear o uso de procedimentos lógicos necessários para o desenvolvimento das tecnologias.
Fato é que a Yahoo! entende que deve levar em frente a sua intenção de criar uma "patent for 'smart' drag and drop", ou seja, defende o direito de primazia e de autoria para um método de arrastar e soltar objetos de uma interfacepara outra. Se tiver um ganho favorável, imagine o quanto de concentração esta megacorporação terá, pois na atualidade quase a totalidade dos programas gráficos se utilizam deste recurso, que tornou-se trivial para qualquer usuário pouco treinado.
Veja a íntegra do texto publicado pela EFF, onde destaco a parte em que tudo fica muito claro e descarado:
"A computer-implemented method for manipulating objects in a user interface, comprising:
providingthe user interface including a first interface object operable to beselected and moved within the user interface; andin response to selection and movement of the first interface object in the user interface, presenting at least one additional interface object in the user interface in proximity of the first interface object, each additional interface object representing a drop target with which the first interface object may be associated."
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Urnas eletrônicas terão sistema operacional Linux nas eleições

A Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) sugeriu a adoção de um sistema operacional baseado em software livre, adaptado para a urna eletrônica e que seja de propriedade da Justiça Eleitoral. A intenção é facilitar a auditoria do sistema operacional por parte dos interessados em se certificar que todos os sistemas são confiáveis e seguros, diminuir os custos de aquisição de novas urnas eletrônicas em virtude da utilização de um sistema operacional gratuito e, ter um único sistema operacional para simplificar e diinuir o custo de desenvolvimento, testes e homologação dos sistemas das urnas eletrônicas.
A equipe técnica do TSE, desde 2002, vem realizando testes para viabilização de uma solução de código aberto. Foi escolhido o sistema operacional Linux, software código-aberto (Open Source) cujo núcleo vem sendo desenvolvido e aprimorado desde 1991, quando o seu criador disponibilizou o código na Internet. Várias empresas como IBM, HP, Intel, Dell, entre outras, têm investido em código aberto. Atualmente existem mais de 450 distribuições diferentes no mercado. Segundo a Secretaria, as vantagens da utilização do Linux na urna eletrônica são: padronização, pois é possível utilizar o sistema operacional Linux em todos os modelos de urna; transparência, por se tratar de um sistema operacional aberto, todo código-fonte está disponível ao público em geral e pode ser auditado livremente; independência, já que o desenvolvimento será realizado pela própria equipe técnica do TSE, não haverá dependência de fabricante ou fornecedor, muito menos haverá pressões mercadológicas para atualização de versão, nem dependência de políticas de licenciamento e suporte, como ocorre hoje.
Outros aspectos positivos são: a confiabilidade; o custo zero, pois não há pagamento de propriedade intelectual e de direitos autorais, pois não requer qualquer licença; e sua adaptação às necessidades da Justiça Eleitoral, uma vez que conterá somente o necessário para o funcionamento da urna. A manutenção ou qualquer alteração poderá ser feita internamente e com muita rapidez, sem a necessidade de intervenção do fabricante ou fornecedor.
Essa substituição, por fim, aumentará a credibilidade das eleições, pois a substituição dos atuais sistemas operacionais utilizados por Linux é um fator facilitador para apresentação do sistema na íntegra, incluindo o núcleo, sem as dificuldades impostas pela propriedade intelectual dos criadores.
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domingo, 20 de janeiro de 2008
Fabricando uma sociedade melhor: um outro mundo possível!

Estava a visitar o blog do amigo Sérgio Amadeu e me deparei com essa foto nada mais que emocionante. Um grupo de senhoras da terceira idade, no SESC Pompéia, a aprender informática utilizando GNU/Linux.
Segundo Sérgio: “Esta foto foi tirada pela Alexsandra Bentemuller no Sesc Pompéia. Lá vários grupos de pessoas da terceira idade aprendem a usar GNU/Linux. ALexsandra foi minha orientanda na pós-graduação da Cásper Líbero. Sua pesquisa apontou "A nova face da velhice: a relação da terceira idade com o computador e a internet. Aprendi muito com este trabalho que mudou bastante minha concepção sobre o aprendizado e sobre a capacidade de sonhar e projetar um mundo melhor.”
De fato fico a pensar nessas pessoas que não temem as novidades e se projetam a enfrentar novos desafios. Foi no contato de algumas experiências como esta que no ano de 2000 me lancei a estudar esta temática do software livre. Foi ao observar pessoas assim, que não param no tempo e nas dificuldades e agruras da vida. Foi ao ver experiências de alguns rapazes que trocaram as ruas e o tráfico para aprender informática nos telecentros de São Paulo, de mulheres de mais de 60 que realizaram seus antigos sonhos de escreverem seus livros de poesia, de pais de família que puderam se capacitar profissionalmente através dos projetos de inclusão digital livre, que comecei a notar uma nova sociabilidade se difundindo. Um coletivo de pessoas a produzir coletivamente uma nova relação com o conhecimento, mais criativa, colaborativa e livre.
Esta foto também me faz pensar nos momentos de fraqueza em que nós “jovens”, às vezes tão envelhecidos diante da velocidade que as coisas acontecem na atualidade, desanimamos muito fácil de nossos ideais. Nossos desânimos diante de pequenas dificuldades e nossos medos de enfrentar os desafios de nosso próprio tempo tem de ser afrontado com atitudes como as dessas senhoras da terceira idade. Tal grupo não está apenas se auto-produzindo, mas criando uma sociedade melhor: um outro mundo possível!
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Recriando o antigo: o Cartão Postal de ontem e de hoje

Em minha viagem por este país continental, ao passar por tantas cidades maravilhosas, cheias de belezas naturais e construídas, não raras são as vezes que me deparo com um cenário típico de dizer: “é uma imagem de Cartão Postal”. Consta que Bill Gates, o gênio da Microsoft, recebe diariamente cerca de 4 milhões de e-mails. Mas nenhum cartão Postal. E você, há quanto tempo não manda ou recebe um desses cartões?
Com o desenvolvimento tecnológico das redes de computadores, as comunicações de todos os tipos passaram a sofrer constantes reformulações. Da simples carta missiva, que era portada em mãos de um emissário a um destinatário situado num ponto qualquer do mundo, podendo levar até anos para ser entregue, até um simples telefonema, tudo está a ser recriado pelo uso de computadores e suas maravilhosas interações e possibilidade de troca de dados. Mas gostaria de chamar a atenção para um pequeno porém, nem tudo que temos hoje a ser operado pela velocidade “em tempo real” da Internet é uma idéia completamente nova.
Como já dizia o físico-químico, “no mundo nada se cria, tudo se transforma”, também o Cartão Postal se transformou. Veículo interpessoal que teve seu auge no Brasil entre 1920 e 1930, o Cartão Postal foi, a seu tempo, uma mistura de e-mail, blog, fotolog, telefone celular e televisão. Num pequeno pedaço retangular de cartolina, trocavam-se mensagens breves, acrescidas de uma imagem – cenários urbanos, eventos diversos, tipos populares ou personalidades. Feitas por fotógrafos profissionais. Colhidas com esmero e cuidado, as imagens eram enviadas pelos Correios, encurtavam distâncias, de país em país, de cidade em cidade, de casa em casa, levando impressões de viagens, notícias familiares, felicitações, declarações de amor e até imagens jornalísticas que mais tarde eram aproveitadas pela imprensa internacional. É preciso lembrar que no auge da época dos Cartões Postais, isto corresponde a falar em antes da Revolução de 1930, não havia TV e o sistema telefônico brasileiro era precaríssimo.
Refeitas as contas, o tempo decorrido, hoje o que corre de casa em casa, de escritório a escritório, de computador a computador, são os e-mail e hipertextos trocados entre endereços eletrônicos. Sejam simples textos ou complexos multimídias, com imagens, movimentos, som, textos, não é de se estranhar se amanhã, ou depois, contenham, quiçá, odores e temperaturas. Você já pensou em receber em pleno inverno europeu um cartão virtual da praia Môle, em Florianópolis, e poder sentir o cheiro da maresia do mar, a brisa fresca que chega junto com as ondas para refrescar o calor escaldante dos 35 graus que o sol estufa nestes dias de verão? É, não duvide muito, ao passo que caminha o desenvolvimento tecnológico, isso não só é possível como já existe, apenas não está a ser largamente utilizado.
Bom... esta sensação ainda não posso reproduzi-la no todo neste meio e com os recursos tecnológicos que tenho no momento, mas posso mandar, junto a este texto, uma imagem, um Cartão Postal deste “pedacinho de terra, perdido no mar”: Florianópolis (Ilha da Magia).
Saudades de todas e todos que ficaram a trabalhar além-mar e no interior desse Brasilzão imenso, onde o mar não toca a terra. Também estou a trabalhar por aqui... quer dizer, tentando... entre um cartão postal, e outro.
Com o desenvolvimento tecnológico das redes de computadores, as comunicações de todos os tipos passaram a sofrer constantes reformulações. Da simples carta missiva, que era portada em mãos de um emissário a um destinatário situado num ponto qualquer do mundo, podendo levar até anos para ser entregue, até um simples telefonema, tudo está a ser recriado pelo uso de computadores e suas maravilhosas interações e possibilidade de troca de dados. Mas gostaria de chamar a atenção para um pequeno porém, nem tudo que temos hoje a ser operado pela velocidade “em tempo real” da Internet é uma idéia completamente nova.
Como já dizia o físico-químico, “no mundo nada se cria, tudo se transforma”, também o Cartão Postal se transformou. Veículo interpessoal que teve seu auge no Brasil entre 1920 e 1930, o Cartão Postal foi, a seu tempo, uma mistura de e-mail, blog, fotolog, telefone celular e televisão. Num pequeno pedaço retangular de cartolina, trocavam-se mensagens breves, acrescidas de uma imagem – cenários urbanos, eventos diversos, tipos populares ou personalidades. Feitas por fotógrafos profissionais. Colhidas com esmero e cuidado, as imagens eram enviadas pelos Correios, encurtavam distâncias, de país em país, de cidade em cidade, de casa em casa, levando impressões de viagens, notícias familiares, felicitações, declarações de amor e até imagens jornalísticas que mais tarde eram aproveitadas pela imprensa internacional. É preciso lembrar que no auge da época dos Cartões Postais, isto corresponde a falar em antes da Revolução de 1930, não havia TV e o sistema telefônico brasileiro era precaríssimo.
Refeitas as contas, o tempo decorrido, hoje o que corre de casa em casa, de escritório a escritório, de computador a computador, são os e-mail e hipertextos trocados entre endereços eletrônicos. Sejam simples textos ou complexos multimídias, com imagens, movimentos, som, textos, não é de se estranhar se amanhã, ou depois, contenham, quiçá, odores e temperaturas. Você já pensou em receber em pleno inverno europeu um cartão virtual da praia Môle, em Florianópolis, e poder sentir o cheiro da maresia do mar, a brisa fresca que chega junto com as ondas para refrescar o calor escaldante dos 35 graus que o sol estufa nestes dias de verão? É, não duvide muito, ao passo que caminha o desenvolvimento tecnológico, isso não só é possível como já existe, apenas não está a ser largamente utilizado.
Bom... esta sensação ainda não posso reproduzi-la no todo neste meio e com os recursos tecnológicos que tenho no momento, mas posso mandar, junto a este texto, uma imagem, um Cartão Postal deste “pedacinho de terra, perdido no mar”: Florianópolis (Ilha da Magia).
Saudades de todas e todos que ficaram a trabalhar além-mar e no interior desse Brasilzão imenso, onde o mar não toca a terra. Também estou a trabalhar por aqui... quer dizer, tentando... entre um cartão postal, e outro.
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Europa e 1ª Conferência Internacional sobre Qualidade de Software Aberto
Nos dias 16 e 17 de janeiro de 2008, acontecerá a 1ª Conferência Internacional sobre Qualidade de Software Aberto, organizada pelo consórcio Europeu Qualipso (http://www.qualipso.org). O consórcio reúne instituições de pesquisa e desenvolvimento, empresas e órgãos de governos da Europa, China e Brasil visando “a promoção da inovação e do crescimento econômico através do aumento da confiança e da qualidade do software de código aberto”.
Na Conferência haverá um painel sobre “Experiências e melhores práticas com o uso de software aberto/livre para promoção da inovação e do crescimento econômico”. No painel, o pesquisador Jarbas Lopes Cardoso Jr., do Centro de Pesquisas Renato Archer - CenPRA/MCT, parceiro da SLTI, ABEP e PRODERJ na iniciativa do Software Público Brasileiro-SPB (http://www.softwarepublico.gov.br), abordará o tema “Software Público Brasileiro Analisado sob a Perspectiva da Rede”, onde serão mostrados os resultados preliminares alcançados pela experiência brasileira.
Os principais temas que serão abordados na conferência são da definição de modelos de negócio para o código aberto/livre, com o propósito de facilitar o uso pela indústria; de simplificar o ambiente legal; de racionalizar a interoperabilidade global das soluções; de implementar as melhores práticas na gestão de informação e de configurar os centros internacionais de competência para auxiliar a indústria e o setor público na alavancagem da inovação tecnológica e do crescimento econômico. Jarbas Cardoso, destaca a coincidência dos temas com as propostas e realizações do Portal do Software Público Brasileiro.
O consórcio conta com 21 instituições, sendo que do Brasil participam o SERPRO e a USP, e tem como objetivos definir e implementar tecnologias, processos e políticas para facilitar o desenvolvimento e uso de software de código aberto e livre. É um projeto financiado pelo 6º Programa-quadro europeu com um orçamento de cerca de 18 milhões de euros. Entre outras coisas, o Programa pretende implantar uma rede de centros de competência na produção de software código aberto e livre, sendo que a USP, em São Paulo, abrigará um desses futuros espaços.
Os principais resultados previstos pelo pesquisador, relacionados com a experiência do Software Público Brasileiro, são: em primeiro lugar, a ampliação do reconhecimento internacional do SPB; segundo a abertura de oportunidades de cooperação internacional, em especial, entre o SPB e o consórcio Qualipso e, por último; o fortalecimento da tese do desenvolvimento econômico com base em bens intangíveis.
Na Conferência haverá um painel sobre “Experiências e melhores práticas com o uso de software aberto/livre para promoção da inovação e do crescimento econômico”. No painel, o pesquisador Jarbas Lopes Cardoso Jr., do Centro de Pesquisas Renato Archer - CenPRA/MCT, parceiro da SLTI, ABEP e PRODERJ na iniciativa do Software Público Brasileiro-SPB (http://www.softwarepublico.gov.br), abordará o tema “Software Público Brasileiro Analisado sob a Perspectiva da Rede”, onde serão mostrados os resultados preliminares alcançados pela experiência brasileira.
Os principais temas que serão abordados na conferência são da definição de modelos de negócio para o código aberto/livre, com o propósito de facilitar o uso pela indústria; de simplificar o ambiente legal; de racionalizar a interoperabilidade global das soluções; de implementar as melhores práticas na gestão de informação e de configurar os centros internacionais de competência para auxiliar a indústria e o setor público na alavancagem da inovação tecnológica e do crescimento econômico. Jarbas Cardoso, destaca a coincidência dos temas com as propostas e realizações do Portal do Software Público Brasileiro.
O consórcio conta com 21 instituições, sendo que do Brasil participam o SERPRO e a USP, e tem como objetivos definir e implementar tecnologias, processos e políticas para facilitar o desenvolvimento e uso de software de código aberto e livre. É um projeto financiado pelo 6º Programa-quadro europeu com um orçamento de cerca de 18 milhões de euros. Entre outras coisas, o Programa pretende implantar uma rede de centros de competência na produção de software código aberto e livre, sendo que a USP, em São Paulo, abrigará um desses futuros espaços.
Os principais resultados previstos pelo pesquisador, relacionados com a experiência do Software Público Brasileiro, são: em primeiro lugar, a ampliação do reconhecimento internacional do SPB; segundo a abertura de oportunidades de cooperação internacional, em especial, entre o SPB e o consórcio Qualipso e, por último; o fortalecimento da tese do desenvolvimento econômico com base em bens intangíveis.
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quarta-feira, 28 de novembro de 2007
"Pais" precisam observar navegação dos filhos na Internet

Ao tratar da questão dos crimes sexuais praticados pela Internet e da relação do perigo que isso representa no acesso de menores, a polícia é categórica no que tange à responsabilidade dos pais.
Veja um pequeno trecho que extraí:
"Filtros, fiscalização permanente e até mesmo o uso de impressões digitais para conexão não bastarão para impedir que adultos determinados obtenham acesso a sites infantis na Internet, e cabe aos pais monitorar o que seus filhos fazem online, de acordo com a mundialmente famosa unidade de crimes sexuais da polícia de Toronto." (...)
"Os pais precisam continuar vigilantes; precisam fornecer as ferramentas às crianças e manter comunicação com elas... É preciso sempre conversar com elas. Não basta uma conversa sobre segurança na Internet feita uma única vez"
O artigo completo pode ser lido no link que disponibilizo aqui.
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terça-feira, 27 de novembro de 2007
Internet é "a grande inimiga da família", diz presidente da OMF
Às vezes assusta-me determinados posicionamentos de líderes de instituições internacionais. A última, e mais chocante, foi a declaração da presidente da OMF (Organização Mundial da Família), uma instituição ultraconservadora que nasceu em 1947 com o objetivo de reunificar as famílias dispersadas pelas 2ª Guerra Mundial. Para meu desprazer, a tal presidente é uma brasileira, a curitibana senhora Dra. Deisi Kusztra, que vem em público, numa cúpula mundial fazer uma afirmação tão ridícula quanto patética. Segundo fontes da EFE, publicadas pela Folha OnLine, Deisi Kusztra, disse nesta segunda-feira que a internet é a "grande inimiga" da família na Europa e países desenvolvidos. Segundo ela, juntamente com a globalização, a tecnologia estaria fazendo com que piorasse a situação das famílias no mundo. "Antes dizíamos que era a televisão, mas hoje é a internet que afeta negativamente as famílias e cria muitos problemas, sobretudo entre as crianças" (...). Pornografia, pedofilia, drogas, crimes, maus hábitos, tudo isso pode chegar às crianças por meio da rede e isso traz muitos problemas".
Desde o início de meus estudos sobre sociologia da técnica e tecnologia venho discutindo afirmações absurdas como esta que deslocam a responsabilidade de uns para os ombros dos outros. A ciência, juntamente com a técnica e a tecnologia, tem sido, desde sempre, alvo de um olhar receoso por grande parte dos “homens (e mulheres) comuns”, ou seja, daqueles que não possuem uma iniciação científica ou tecnológica. Ouvir tal afirmação de um leigo, de um usuário de tecnologias que nunca estudou a ciência é uma coisa até aceitável, mas ouvir um disparate deste de uma doutora é algo lastimável. Médica, pediatra e doutora em saúde pública, a ilustríssima senhora vem a público jogar a responsabilidade das desventuras de uma instituição social desreferenciada para elementos, como se no Ciberespaço não houvessem famílias ou não fosse espaço de famílias.
De fato, alguns autores, no início dos estudos sobre a técnica e a tecnologia atribuíram à tecnociência um papel semelhante ao que os mitos ocuparam na Antiguidade, ou seja, de entidades possuidoras de forças extraordinárias capazes de transformar a realidade vivida em novas realidades inimagináveis. Mas já há muito que esta visão parcial e mitificadora tem sido rejeitada pelo estudiosos sérios. Trato destas questões pormenorizadamente em meu livro no capítulo 2, e por isso não me vou alongar aqui. Sou do posicionamento teórico filosófico de muitos autores que têm se esforçado em mostrar que a tecnociência não é uma criatura diabólica. Faço uso da imagem ilustrativa de Collins e Pinch, que diz que a tecnociência não é nem boa, nem má, é só um tanto boba. Tais autores utilizam uma imagem ilustrativa que compara a tecnociência com o Golem, uma criatura mitológica judaica que possui uma grande força e capacidade, mas que, é um tanto desajeitada ao realizar as suas ações. Devido ao seu tamanho e sua grande força – de cuja dimensão o Golem não possui total noção – torna-se um ser perigoso para conviver com seres menores e mais fracos; ou, ao menos, essa convivência exige um cuidado redobrado para evitar acidentes inesperados. Em resumo, “a ciência do Golem não pode ser responsabilizada pelos seus erros; os erros são nossos”.
Outra visão que tenho lutado muito contra é a noção de “impacto”. A tecnociência não é algo à parte da sociedade, ela é constituinte e constuidora do corpo social. Por isso afirmo com Dra. Tamara Benakouche, é “preciso desmistificar a falsa autonomia da técnica, rejeitar a noção de impacto tecnológico, reconhecer, sobretudo, a trama de relações – culturais, sociais, econômicas, políticas que envolve sua produção, difusão e uso. Em outras palavras, a tecnologia não faz parte da sociedade, ela “é a sociedade”.
O Ciberespaço, desde o início dos estudos sobre, tem vindo a ser identificado como um espelho recriado, virtual da realidade. O Ciberespaço (o mundo da Internet), não é artificial, é real. Ser virtual não é ser irreal, já afirmaram tantos autores, dentre eles para citar apenas dois mais conhecidos no mundo ciber, Pierre Levy e Manuel Castells. A internet é apenas um meio de socialização como tantos outros. Compõe-se de uma rede, mas não de uma rede de computadores: é uma rede de pessoas. Toda as mazelas encontradas na Internet, tudo o que ela possui de bom, tudo o que proporciona de positivo e de negativo, tudo isso é espelho da sociedade em geral. Tudo que se pode encontrar na Internet, encontra-se fora dela, e só está nela porque é espelho da sociedade da qual faz parte.
Eu pergunto à senhora Dra. Deisi Kusztra, quem é o pai que deixa o filho solto no centro de uma grande metrópole, sem dar-he educação e conselhos, e não teme que ele seja corrompido pelas maldades da sociedade, pela violência das cidades, pelo egoísmo de uns, pela lascívia de outros? E por que deixariam os pais, no ciberespaço, seus filhos soltos sem acompanhamento, sem orientação, sem cuidados? Qual o papel da família neste caso? Qual o papel dos pais? onde fica o papel fundamental da família, de ser espaço primeiro de socialização, de educação e de orientação para a vida? A Internet é o instrumento do diabo porque temos medo dela? Ou porque queremos culpar alguém pelas nossas impotências e limitações? O que devem fazer os pais, impedir seus filhos de freqüentarem o ciberespaço para salvarem a família, proibí-los de acessar este universo social? Que família estamos utilizando como referência? Onde vive esta família ?
Cara Dra. Deisi Kusztra, o seu papel como presidente da OMF é convocar as famílias para suas responsabilidades, demonstrar, clarificar, criar meios para que os pais percebam a sua responsabilidade enquanto educadores, guias, orientadores, mas não empurrar o lixo para debaixo do tapete. Cuidado, no primeiro vendaval ele pode lhe ser atirado todo na cara.
Desde o início de meus estudos sobre sociologia da técnica e tecnologia venho discutindo afirmações absurdas como esta que deslocam a responsabilidade de uns para os ombros dos outros. A ciência, juntamente com a técnica e a tecnologia, tem sido, desde sempre, alvo de um olhar receoso por grande parte dos “homens (e mulheres) comuns”, ou seja, daqueles que não possuem uma iniciação científica ou tecnológica. Ouvir tal afirmação de um leigo, de um usuário de tecnologias que nunca estudou a ciência é uma coisa até aceitável, mas ouvir um disparate deste de uma doutora é algo lastimável. Médica, pediatra e doutora em saúde pública, a ilustríssima senhora vem a público jogar a responsabilidade das desventuras de uma instituição social desreferenciada para elementos, como se no Ciberespaço não houvessem famílias ou não fosse espaço de famílias.
De fato, alguns autores, no início dos estudos sobre a técnica e a tecnologia atribuíram à tecnociência um papel semelhante ao que os mitos ocuparam na Antiguidade, ou seja, de entidades possuidoras de forças extraordinárias capazes de transformar a realidade vivida em novas realidades inimagináveis. Mas já há muito que esta visão parcial e mitificadora tem sido rejeitada pelo estudiosos sérios. Trato destas questões pormenorizadamente em meu livro no capítulo 2, e por isso não me vou alongar aqui. Sou do posicionamento teórico filosófico de muitos autores que têm se esforçado em mostrar que a tecnociência não é uma criatura diabólica. Faço uso da imagem ilustrativa de Collins e Pinch, que diz que a tecnociência não é nem boa, nem má, é só um tanto boba. Tais autores utilizam uma imagem ilustrativa que compara a tecnociência com o Golem, uma criatura mitológica judaica que possui uma grande força e capacidade, mas que, é um tanto desajeitada ao realizar as suas ações. Devido ao seu tamanho e sua grande força – de cuja dimensão o Golem não possui total noção – torna-se um ser perigoso para conviver com seres menores e mais fracos; ou, ao menos, essa convivência exige um cuidado redobrado para evitar acidentes inesperados. Em resumo, “a ciência do Golem não pode ser responsabilizada pelos seus erros; os erros são nossos”.
Outra visão que tenho lutado muito contra é a noção de “impacto”. A tecnociência não é algo à parte da sociedade, ela é constituinte e constuidora do corpo social. Por isso afirmo com Dra. Tamara Benakouche, é “preciso desmistificar a falsa autonomia da técnica, rejeitar a noção de impacto tecnológico, reconhecer, sobretudo, a trama de relações – culturais, sociais, econômicas, políticas que envolve sua produção, difusão e uso. Em outras palavras, a tecnologia não faz parte da sociedade, ela “é a sociedade”.
O Ciberespaço, desde o início dos estudos sobre, tem vindo a ser identificado como um espelho recriado, virtual da realidade. O Ciberespaço (o mundo da Internet), não é artificial, é real. Ser virtual não é ser irreal, já afirmaram tantos autores, dentre eles para citar apenas dois mais conhecidos no mundo ciber, Pierre Levy e Manuel Castells. A internet é apenas um meio de socialização como tantos outros. Compõe-se de uma rede, mas não de uma rede de computadores: é uma rede de pessoas. Toda as mazelas encontradas na Internet, tudo o que ela possui de bom, tudo o que proporciona de positivo e de negativo, tudo isso é espelho da sociedade em geral. Tudo que se pode encontrar na Internet, encontra-se fora dela, e só está nela porque é espelho da sociedade da qual faz parte.
Eu pergunto à senhora Dra. Deisi Kusztra, quem é o pai que deixa o filho solto no centro de uma grande metrópole, sem dar-he educação e conselhos, e não teme que ele seja corrompido pelas maldades da sociedade, pela violência das cidades, pelo egoísmo de uns, pela lascívia de outros? E por que deixariam os pais, no ciberespaço, seus filhos soltos sem acompanhamento, sem orientação, sem cuidados? Qual o papel da família neste caso? Qual o papel dos pais? onde fica o papel fundamental da família, de ser espaço primeiro de socialização, de educação e de orientação para a vida? A Internet é o instrumento do diabo porque temos medo dela? Ou porque queremos culpar alguém pelas nossas impotências e limitações? O que devem fazer os pais, impedir seus filhos de freqüentarem o ciberespaço para salvarem a família, proibí-los de acessar este universo social? Que família estamos utilizando como referência? Onde vive esta família ?
Cara Dra. Deisi Kusztra, o seu papel como presidente da OMF é convocar as famílias para suas responsabilidades, demonstrar, clarificar, criar meios para que os pais percebam a sua responsabilidade enquanto educadores, guias, orientadores, mas não empurrar o lixo para debaixo do tapete. Cuidado, no primeiro vendaval ele pode lhe ser atirado todo na cara.
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Guía Práctica sobre Software Libre, su selección y aplicación local en América Latina y el Caribe

Conforme prometido, segue o conteúdo na íntegra (em espanhol) da publicação da UNESCO, "Guía Práctica sobre Software Libre, su selección y aplicación local en América Latina y el Caribe".
Parece ser um ótimo material. Ao menos é uma raridade sobre o tema. Ainda não posso expressar nenhuma opinião porque não tive tempo de explorá-lo. Na medida que o fizer, vou tecendo comentários.
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sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Campus Party Brasil 2008

Conforme prometido, estou a divulgar...
Você já pode reservar sua vaga para participar da Campus Party Brasil!
Basta preencher o formulário com seus dados pessoais clicando aqui.
Em breve será disponibilizado no site as instruções para a inscrição de menores. com doze anos completos já se pode ser campuseiro! Porém, é necessária uma autorização dos pais, seguindo todos os passos que serão descritos no regulamento, e a assinatura de um maior que acompanhe e se responsabilize pelo menor durante todo o evento. Essa regra vale para todo mundo que ainda não tem dezoito anos completos. Quem já tem, é só tomar conta do seu nariz e participar!
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90 mil computadores com Software Livre para escolas públicas brasileiras

Bons ecos começam a ressoar após a 4ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware 2007), que se encerrou neste último dia 14, em Foz do Iguaçu –PR. Foi divulgado durante o evento, pelo gerente de Inovações Tecnológicas do Ministério do Planejamento, Sr. Corinto Meffe, que o governo federal começou a distribuir 90 mil computadores com software livre a escolas públicas de todo o país. Segundo as informações avançadas pela Agência Brasil, da Radiobrás, os computadores foram comprados com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e somarão aos 50 mil já distribuídos, acelerando o processo de informatização na educação no país.
Segundo Meffe, o governo vê o uso de software livre como uma “questão quase obrigatória”, pelas vantagens que traz para o setor público, pela transparência e até mesmo como política de continuidade de programas governamentais. “Funciona como proteção para o cidadão, mas o bom é hoje chegar nas empresas, academias, terceiro setor, na casa do cidadão comum, e perceber que todo o país está despertando para a importância desse sistema” (Agência Brasil).
Meffe ainda destacou outras ações do governo federal brasileiro no sentido de promover o uso de software livre, dando exemplo de um projeto da Caixa Econômica Federal (CEF) que pretende para migrar todas as máquinas das casas lotéricas para programas de código aberto e outro dos terminais de auto-atendimento do Banco do Brasil que deverão seguir o mesmo caminho. Adiantou ainda que o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) já economiza R$ 19 milhões com a adoção do software livre e a Previdência Social, R$ 27 milhões. A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) possui uma estrutura de aproximadamente 500 servidores (computadores que cuidam da logística da empresa) que usam software livre.
O Brasil de fato está na frente no que se trata de apostar em tecnologias livres e mostrando ao mundo todo a sua viabilidade. Pena que sempre que se apresentem dados, toda a linha de argumentação centra-se apenas nas vantagens econômicas, obscurecendo todas as demais vantagens que todos nós sabemos que o software livre proporciona. Gostaria muito de que os gestores nacionais se preocupassem também em divulgar à sociedade brasileira as vantagens do ponto de vista da justiça cognitiva e da inclusão social que o código-aberto proporciona em comparação com o código-fechado. Espero que o meu trabalho possa contribuir neste sentido, e é por isso que luto. Enquanto isso, já é grande coisa poder rejubilar-se com essas boas notícias.
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Publicação da UNESCO sobre Software Livre na América Latina e Caribe
Jornais dos mais diferentes gêneros divulgaram nos dias 13, 14 e 15 que a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lançou no último dia 13 de novembro (2007) na cidade de Foz do Iguaçu, uma publicação interessantíssima intitulada “Guia Prático sobre Software Livre – Sua Seleção e Aplicação na América Latina e no Caribe”. O material, de autoria de Fernando da Rosa e Frederico Heinz está publicado em espanhol. Infelizmente fiz uma busca desesperada pela net e no Site da UNESCO para tentar acessar ao conteúdo do material, mas não tive sucesso. Segundo informação da Agência Brasil, que fora a principal fonte da informação multiplicada posteriormente por vários sites e jornais, o objetivo dos autores é atingir todas as pessoas que buscam uma introdução sobre o tema do software livre, servindo também para aqueles que já possuem alguma experiência no assunto. Além de apresentar alguns estudos sobre o software livre, de suas potencialidades, também fornece informações para os interessados que desejarem experimentar as ferramentas de código-aberto e/ou migrar de sistemas operacionais, sugerindo a maneira mais adequada para cada perfil. Gostaria muito de poder ter lido o conteúdo do material, mas até o presente momento não foi possível. Se algum leitor conseguir alguma indicação, agradeceria que me fosse facultada.Assim que conseguir mais detalhe ou o link para o conteúdo completo, comprometo-me a divulgá-lo neste espaço. Por enquanto resta-me apenas deixar a dica para os mais interessados no tema.
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terça-feira, 13 de novembro de 2007
No mundo nada se cria, tudo se transforma

A cada dia a nossa segurança na rede fica mais vulnerável e mais instrumentos tecnológicos são criados para tentar bloquear os mal intencionados e criminosos de acessarem aos dados que transitam na grande teia global de computadores diariamente. Uma das medidas utilizadas pelos grandes servidores, principalmente aqueles que dão acesso a cadastros gratuitos (ou não) de qualquer gênero (e-mail, blogs, bancos, etc.) é o chamado CAPTCHA (Completely Automatic Public Turing Test to Tell Computers and Humans Apart), que são seqüências de imagens, palavras ou números distorcidos usados para evitar que robôs registrem milhares de contas de usuários em web sites. Com certeza você já se deparou no final de um processo de registro com o pedido de digitar num campo o conteúdo de uma imagem que lhe está associado. Esta é uma medida de segurança, não totalmente segura, mas que garante (???) que seja necessário uma pessoa-humana a realizar o processo, uma vez que tais robôs de registro não conseguem traduzir a informação da imagem.
Entretanto os spammers (espécie de crackers – leiam bem, não são hackers), não se cansam de trabalhar para desenvolver técnicas para quebrar esse tipo de proteção. Ultimamente, foi divulgado pela revista IDNow a mais interessante técnica dos spammers. Cansados de investir milhões em tecnologias caras e complexas de tradução de imagens para textos, os ousados crackers começaram a utilizar um dos mais antigos sistemas de interpretação de imagem da história humana. E de fato, utilizam-se de seres-humanos para tal finalidade e de seus instintos e desejos para atingirem as suas finalidades de quebrar a segurança dos sistemas. Um dos maiores servidores de e-mail grátis da Internet, o Yahoo, está tendo o seu sistema de registro ameaçado por uma tal de Melissa, uma stripper que motiva usuários humanos a decodificar a imagem e traduzi-la para texto, enquanto que os dados estão sendo roubados por robôs e enviados para um servidor em Israel. Cada vez que um usuário descodifica um captcha a Melissa tira uma peça de roupa. No final, quando ela estiver toda nua, isso corresponde a dizer que o usuário descodificou alguns captchas, estes dados então são enviados automaticamente para um servidor em Israel, onde os criadores do criativo sistema de descodificação virtual montam uma coleção de traduções de captchas, que podem ser utilizados, futuramente para, por exemplo, fazer um registro em massa de contas falsas no Yahoo. Essas contas poderão servir para difundir as pragas de spams, vírus e também para realizar operações de crimes cibernéticos que envolvam uma conta de e-mail válido.
Como se pode ver... a tecnologia nem sempre produz novidades, mas inovações. Já diz o velho ditado: “no mundo nada se cria, tudo se transforma”, esta é uma transformação ciborgue, onde o homem aliado à máquina recria antigas formas de interagir com o mundo.
Entretanto os spammers (espécie de crackers – leiam bem, não são hackers), não se cansam de trabalhar para desenvolver técnicas para quebrar esse tipo de proteção. Ultimamente, foi divulgado pela revista IDNow a mais interessante técnica dos spammers. Cansados de investir milhões em tecnologias caras e complexas de tradução de imagens para textos, os ousados crackers começaram a utilizar um dos mais antigos sistemas de interpretação de imagem da história humana. E de fato, utilizam-se de seres-humanos para tal finalidade e de seus instintos e desejos para atingirem as suas finalidades de quebrar a segurança dos sistemas. Um dos maiores servidores de e-mail grátis da Internet, o Yahoo, está tendo o seu sistema de registro ameaçado por uma tal de Melissa, uma stripper que motiva usuários humanos a decodificar a imagem e traduzi-la para texto, enquanto que os dados estão sendo roubados por robôs e enviados para um servidor em Israel. Cada vez que um usuário descodifica um captcha a Melissa tira uma peça de roupa. No final, quando ela estiver toda nua, isso corresponde a dizer que o usuário descodificou alguns captchas, estes dados então são enviados automaticamente para um servidor em Israel, onde os criadores do criativo sistema de descodificação virtual montam uma coleção de traduções de captchas, que podem ser utilizados, futuramente para, por exemplo, fazer um registro em massa de contas falsas no Yahoo. Essas contas poderão servir para difundir as pragas de spams, vírus e também para realizar operações de crimes cibernéticos que envolvam uma conta de e-mail válido.
Como se pode ver... a tecnologia nem sempre produz novidades, mas inovações. Já diz o velho ditado: “no mundo nada se cria, tudo se transforma”, esta é uma transformação ciborgue, onde o homem aliado à máquina recria antigas formas de interagir com o mundo.
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sábado, 10 de novembro de 2007
A Internet em Portugal nos últimos 5 anos

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Adiada Temporariamente Inscrições para o Campus Party Brasil 2008


Segundo informações no Blog do amigo Sérgio Amadeu, um dos coordenadores do evento, a abertura das inscrições para a Campus Party Brasil 2008 estão adiadas devido a necessidade de adequação do evento a normas técnicas brasileiras. Em breve, serão repassadas informações completas sobre a nova data para abertura das inscrições no site oficial do evento, no blog oficial e também aqui neste espaço, pois estarei acompanhando tudo com muita atenção.
De qualquer maneira, sirvo-me da oportunidade para divulgar mais uma vez este importante acontecimento em terras brasileiras. Para o leitor que ainda não conhece o Campus Party, fica a dica para visitar os sites, ler as notícias e se interar deste que será, sem dúvidas, o maior acontecimento presencial da comunidade do ciberespaço no Brasil.
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terça-feira, 6 de novembro de 2007
PROJETO DE LEI
Caros amigos que apoiaram, coloco abaixo o projeto de lei final que será apresentado pelo Deputado Paulo Teixeira. Grande abraços,
Adalto.
PROJETO DE LEI Nº , DE 2007
(Do Sr. PAULO TEIXEIRA e outros)
Dispõe sobre uso do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação - CTInfo para financiar o desenvolvimento de software livre.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Esta lei dispõe sobre uso do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação – CTInfo, criado pela Lei nº 10.176 de 11 de janeiro de 2001, para financiar o desenvolvimento de software livre.
Art. 2º Vinte por cento (20%) dos recursos do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação - CTInfo devem ser destinados ao desenvolvimento de software livre, incluindo
soluções embarcadas e sistemas que integram componentes já existentes.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - Software: programa de computador. Sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou modificação de um dado/informação ou acontecimento.
II - Software livre: qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído livremente, desde que as alterações efetuadas mantenham-se com a mesma licença do software original. A maneira usual de distribuição de software livre é anexar a este uma licença de software livre, e tornar o código fonte do programa disponível.
Art. 4º Poderão solicitar o financiamento, a qualquer tempo, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa, cooperativas e outras instituições públicas ou privadas, inclusive comunidades de desenvolvedores, através de editais lançados pelo CTInfo.
Art. 5º Os projetos de software livre deverão ser aprovados por um conselho instituído por portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com participação majoritaria de membros da comunidade de software livre (mínimo de duas cadeiras).
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A proposta deste projeto de lei é fomentar o desenvolvimento de programas de computador sob a filosofia do Software Livre. Esses softwares são produções intelectuais de propriedade coletiva e criados de forma colaborativa por meio da rede mundial de computadores, a Internet. Seu modelo de licenciamento exige que o código-fonte seja aberto e não restrija sua livre cessão, distribuição, utilização e alteração de características originais.
O CTInfo - Fundo Setorial para Tecnologia da Informação destina-se a estimular as empresas nacionais a desenvolverem e produzirem bens e serviços de informática e automação, investindo em atividades de pesquisas científicas e tecnológicas. Reservar 20% dos recursos do fundo para garantir a forte indução de projetos de pesquisa na área de Software Livre trará enormes beneficíos para a sociedade brasileira:
1 - Questão economica:
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são cada vez mais importantes na vida das pessoas e das empresas. Ao depender de soluções fechadas, pagamento licenças proprietárias, o país fica refém de poucas empresas, em maior parte multinacionais. Apenas como exemplo, um pacote simples (com sistema operacional, editor de texto e planilha proprietários) custa hoje, para cada computador, em média US$500,00 - e não pode ser copiado, distribuído ou alterado, ficando a critério do fabricante o período de manutenção e a determinação da vida útil dos mesmos.
Já o sistema operacional livre GNU-Linux e o pacote BrOffice.org, por exemplo, podem ser obtidos gratuitamente através da Internet, podendo ser reproduzido quantas vezes for necessário.
Com adoção maciça de Softwares Livres no Brasil, o país deixaria de enviar uma quantidade significativa royalties e licenças para o exterior, sobrando verbas públicas e privadas para o investimento em áreas de interesse social, como programas de inclusão digital, modernização e desenvolvimento tecnológico.
2 - Transparência e segurança
O acesso irrestrito ao código-fonte do programa traz para ao cidadão brasileiro não só a vantagem de ter maior liberdade de utilização, modificação e distribuição de acordo com suas necessidades, mas também maior transparência e segurança. Isso porque, ao contrário do que ocorre hoje com os programas de código fechado, seu funcionamento pode ser melhor acompanhado e aperfeiçoado por técnicos brasileiros, não havendo "segredos" de conhecimento exclusivo da empresa proprietária. Ou seja, quando houver algum problema no funcionamento do programa, este pode ser identificado claramente, reduzindo o risco de fraudes ou panes de origem desconhecida.
3 - Vantagens técnicas
A adoção deste tipo de programa facilita o prolongamento da vida útil da base instalada de microcomputadores. É sempre bom lembrar que, em média a cada dois anos, as pessoas e organizações têm que trocar seus programas por versões mais atualizadas e seus microcomputadores por outros mais modernos e potentes para poderem utilizar as versões mais atualizadas destes programas. Estas versões novas dos produtos – chamadas updates –, que muitas vezes requerem troca de componentes - chamadas upgrades - são responsáveis por parte significativa dos custos que uma empresa, pessoa física ou órgão público tem quando está informatizada e necessita acompanhar as inovações deste setor.
O acesso ao código fonte e a participação no desenvolvimento de softwares livres propiciam aos desenvolvedores brasileiros o contato direto e efetivo às mais modernas tecnologias desenvolvidas no mundo todo, disseminado este conhecimento em nosso país e elevando o grau de sofisticação tecnológica dos produtos de software desenvolvidos no Brasil.
Este desenvolvimento colaborativo se mostra ainda como uma excelente oportunidade para a divulgação internacional da competência técnica e da capacidade que os profissionais brasileiros têm de desenvolver programas de computador alinhados ás principais tendências tecnológicas do mundo todo.
Como o modelo econômico do software livre tem como base a prestação de serviços, a utilização internacional de software livre desenvolvido no Brasil apresenta-se ainda como uma oportunidade para expandir a exportação de serviços em TIC para o mundo todo.
4 - Uma alternativa que dá certo no mundo inteiro
Há mais de quinze anos discute-se em todo o mundo a livre manipulação dos programas de computador. Até há pouco tempo era impossível usar um computador moderno sem a instalação de um sistema operacional proprietário, fornecido mediante licenças restritivas de amplo espectro. Ninguém tinha permissão para compartilhar programas livremente com outros usuários de computador, e dificilmente alguém poderia mudar os programas para satisfazer as suas necessidades operacionais específicas.
Hoje, a realidade é diferente. Os sistemas que estamos propondo são usados por milhões de pessoas, de forma livre, no mundo inteiro. Há um incontável número de empresas que o adotaram, entre elas as gigantes multinacionais Mercedes Benz, General Motors, Boeing Company, Sony Electronics Inc., Banco Nacional de Lavoro da Itália, Chrysler Automóveis, Science Applications International Corporation (indústria de armamentos) e os órgãos públicos Agência Nacional de Armamentos dos EUA, Marinha Norte-Americana (USA Navy), Correios Norte-Americanos (United States Postal Services), Agência Espacial Norte-Americana (NASA), Departamento de Estado dos Estados Unidos, entre outras, que optaram pelo uso de programas livres.
Em todos os setores da sociedade estes programas têm revolucionado o mundo da informática. Os governos de diversos outros países, entre os quais Alemanha e China, já adotaram política de uso de programas livres em seus organismos governamentais. No entanto, nenhum outro país avançou tanto no Software Livre quanto o Brasil, como mostram os resultados do projeto Free Libre Open Source Software (FLOSSWorld), desenvolvido pela Uniăo Européia e que contou com a parceria de 17 organizaçőes em 12 países. Quase 100% dos órgãos do Governo Federal do Brasil utilizam Software Livre de alguma forma. Há também experiências nos principais Estados e Prefeituras, e em grandes empresas como Votorantim, Casas Bahia, Petrobras e Banco do Brasil.
Conclusão
A aprovação desta Lei mostra a preocupação e o empenho do legislador com a autonomia tecnológica, com a evolução científica em nosso país e com a melhoria da qualidade de vida do conjunto da população, contribuindo assim para acabar com os instrumentos de agravamento da exclusão social. Precisamos criar condições concretas para que a juventude brasileira e nossas empresas, públicas e privadas, possam desenvolver tecnologia de fato.
O Congresso Nacional dará também uma importante contribuição ao desenvolvimento econômico, permitindo que pequenas empresas, voltadas para produção, desenvolvimento e suporte de programas livres sejam criadas e desonerando os cofres públicos da transferência de recursos para o exterior.
É, enfim, por estes motivos que contamos com o apoio dos nobres deputados e deputadas para a aprovação deste projeto, regidido em parceria com a comunidade brasileira de Software Livre. Colaboram: Acires Gambeta Guesser, Adalto Guesser, Antonio Terceiro, Carlinhos Cecconi, Celso Guilhermino de Faria, Criziani Machado Felix, Deivi Lopes Kuhn, Edson Cândido Pereira, Felipe Machado, Geisa Lourenzo, Herculano Artulino Guesser, Isabelli Nogueira, João Cassino, Jomar Silva, Júlio Neves, Livia Sobota, Marcelo Marques, Marcus Abilio Pereira, Maria do Rosário Múrcia dos Santos, Mário Teza, Pedro A. D. Rezende, Ricardo Bimbo, Rodinéia Aparecida Bristolf, Rodolfo Avelino, Rubens Queiroz de Almeida, Sergio Amadeu da Silveira, Sérgio Rosa, Teresa Cunha, Vicente Aguiar e Wagner Meira Jr.
Adalto.
PROJETO DE LEI Nº , DE 2007
(Do Sr. PAULO TEIXEIRA e outros)
Dispõe sobre uso do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação - CTInfo para financiar o desenvolvimento de software livre.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Esta lei dispõe sobre uso do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação – CTInfo, criado pela Lei nº 10.176 de 11 de janeiro de 2001, para financiar o desenvolvimento de software livre.
Art. 2º Vinte por cento (20%) dos recursos do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação - CTInfo devem ser destinados ao desenvolvimento de software livre, incluindo
soluções embarcadas e sistemas que integram componentes já existentes.
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - Software: programa de computador. Sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou modificação de um dado/informação ou acontecimento.
II - Software livre: qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído livremente, desde que as alterações efetuadas mantenham-se com a mesma licença do software original. A maneira usual de distribuição de software livre é anexar a este uma licença de software livre, e tornar o código fonte do programa disponível.
Art. 4º Poderão solicitar o financiamento, a qualquer tempo, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa, cooperativas e outras instituições públicas ou privadas, inclusive comunidades de desenvolvedores, através de editais lançados pelo CTInfo.
Art. 5º Os projetos de software livre deverão ser aprovados por um conselho instituído por portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com participação majoritaria de membros da comunidade de software livre (mínimo de duas cadeiras).
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
A proposta deste projeto de lei é fomentar o desenvolvimento de programas de computador sob a filosofia do Software Livre. Esses softwares são produções intelectuais de propriedade coletiva e criados de forma colaborativa por meio da rede mundial de computadores, a Internet. Seu modelo de licenciamento exige que o código-fonte seja aberto e não restrija sua livre cessão, distribuição, utilização e alteração de características originais.
O CTInfo - Fundo Setorial para Tecnologia da Informação destina-se a estimular as empresas nacionais a desenvolverem e produzirem bens e serviços de informática e automação, investindo em atividades de pesquisas científicas e tecnológicas. Reservar 20% dos recursos do fundo para garantir a forte indução de projetos de pesquisa na área de Software Livre trará enormes beneficíos para a sociedade brasileira:
1 - Questão economica:
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são cada vez mais importantes na vida das pessoas e das empresas. Ao depender de soluções fechadas, pagamento licenças proprietárias, o país fica refém de poucas empresas, em maior parte multinacionais. Apenas como exemplo, um pacote simples (com sistema operacional, editor de texto e planilha proprietários) custa hoje, para cada computador, em média US$500,00 - e não pode ser copiado, distribuído ou alterado, ficando a critério do fabricante o período de manutenção e a determinação da vida útil dos mesmos.
Já o sistema operacional livre GNU-Linux e o pacote BrOffice.org, por exemplo, podem ser obtidos gratuitamente através da Internet, podendo ser reproduzido quantas vezes for necessário.
Com adoção maciça de Softwares Livres no Brasil, o país deixaria de enviar uma quantidade significativa royalties e licenças para o exterior, sobrando verbas públicas e privadas para o investimento em áreas de interesse social, como programas de inclusão digital, modernização e desenvolvimento tecnológico.
2 - Transparência e segurança
O acesso irrestrito ao código-fonte do programa traz para ao cidadão brasileiro não só a vantagem de ter maior liberdade de utilização, modificação e distribuição de acordo com suas necessidades, mas também maior transparência e segurança. Isso porque, ao contrário do que ocorre hoje com os programas de código fechado, seu funcionamento pode ser melhor acompanhado e aperfeiçoado por técnicos brasileiros, não havendo "segredos" de conhecimento exclusivo da empresa proprietária. Ou seja, quando houver algum problema no funcionamento do programa, este pode ser identificado claramente, reduzindo o risco de fraudes ou panes de origem desconhecida.
3 - Vantagens técnicas
A adoção deste tipo de programa facilita o prolongamento da vida útil da base instalada de microcomputadores. É sempre bom lembrar que, em média a cada dois anos, as pessoas e organizações têm que trocar seus programas por versões mais atualizadas e seus microcomputadores por outros mais modernos e potentes para poderem utilizar as versões mais atualizadas destes programas. Estas versões novas dos produtos – chamadas updates –, que muitas vezes requerem troca de componentes - chamadas upgrades - são responsáveis por parte significativa dos custos que uma empresa, pessoa física ou órgão público tem quando está informatizada e necessita acompanhar as inovações deste setor.
O acesso ao código fonte e a participação no desenvolvimento de softwares livres propiciam aos desenvolvedores brasileiros o contato direto e efetivo às mais modernas tecnologias desenvolvidas no mundo todo, disseminado este conhecimento em nosso país e elevando o grau de sofisticação tecnológica dos produtos de software desenvolvidos no Brasil.
Este desenvolvimento colaborativo se mostra ainda como uma excelente oportunidade para a divulgação internacional da competência técnica e da capacidade que os profissionais brasileiros têm de desenvolver programas de computador alinhados ás principais tendências tecnológicas do mundo todo.
Como o modelo econômico do software livre tem como base a prestação de serviços, a utilização internacional de software livre desenvolvido no Brasil apresenta-se ainda como uma oportunidade para expandir a exportação de serviços em TIC para o mundo todo.
4 - Uma alternativa que dá certo no mundo inteiro
Há mais de quinze anos discute-se em todo o mundo a livre manipulação dos programas de computador. Até há pouco tempo era impossível usar um computador moderno sem a instalação de um sistema operacional proprietário, fornecido mediante licenças restritivas de amplo espectro. Ninguém tinha permissão para compartilhar programas livremente com outros usuários de computador, e dificilmente alguém poderia mudar os programas para satisfazer as suas necessidades operacionais específicas.
Hoje, a realidade é diferente. Os sistemas que estamos propondo são usados por milhões de pessoas, de forma livre, no mundo inteiro. Há um incontável número de empresas que o adotaram, entre elas as gigantes multinacionais Mercedes Benz, General Motors, Boeing Company, Sony Electronics Inc., Banco Nacional de Lavoro da Itália, Chrysler Automóveis, Science Applications International Corporation (indústria de armamentos) e os órgãos públicos Agência Nacional de Armamentos dos EUA, Marinha Norte-Americana (USA Navy), Correios Norte-Americanos (United States Postal Services), Agência Espacial Norte-Americana (NASA), Departamento de Estado dos Estados Unidos, entre outras, que optaram pelo uso de programas livres.
Em todos os setores da sociedade estes programas têm revolucionado o mundo da informática. Os governos de diversos outros países, entre os quais Alemanha e China, já adotaram política de uso de programas livres em seus organismos governamentais. No entanto, nenhum outro país avançou tanto no Software Livre quanto o Brasil, como mostram os resultados do projeto Free Libre Open Source Software (FLOSSWorld), desenvolvido pela Uniăo Européia e que contou com a parceria de 17 organizaçőes em 12 países. Quase 100% dos órgãos do Governo Federal do Brasil utilizam Software Livre de alguma forma. Há também experiências nos principais Estados e Prefeituras, e em grandes empresas como Votorantim, Casas Bahia, Petrobras e Banco do Brasil.
Conclusão
A aprovação desta Lei mostra a preocupação e o empenho do legislador com a autonomia tecnológica, com a evolução científica em nosso país e com a melhoria da qualidade de vida do conjunto da população, contribuindo assim para acabar com os instrumentos de agravamento da exclusão social. Precisamos criar condições concretas para que a juventude brasileira e nossas empresas, públicas e privadas, possam desenvolver tecnologia de fato.
O Congresso Nacional dará também uma importante contribuição ao desenvolvimento econômico, permitindo que pequenas empresas, voltadas para produção, desenvolvimento e suporte de programas livres sejam criadas e desonerando os cofres públicos da transferência de recursos para o exterior.
É, enfim, por estes motivos que contamos com o apoio dos nobres deputados e deputadas para a aprovação deste projeto, regidido em parceria com a comunidade brasileira de Software Livre. Colaboram: Acires Gambeta Guesser, Adalto Guesser, Antonio Terceiro, Carlinhos Cecconi, Celso Guilhermino de Faria, Criziani Machado Felix, Deivi Lopes Kuhn, Edson Cândido Pereira, Felipe Machado, Geisa Lourenzo, Herculano Artulino Guesser, Isabelli Nogueira, João Cassino, Jomar Silva, Júlio Neves, Livia Sobota, Marcelo Marques, Marcus Abilio Pereira, Maria do Rosário Múrcia dos Santos, Mário Teza, Pedro A. D. Rezende, Ricardo Bimbo, Rodinéia Aparecida Bristolf, Rodolfo Avelino, Rubens Queiroz de Almeida, Sergio Amadeu da Silveira, Sérgio Rosa, Teresa Cunha, Vicente Aguiar e Wagner Meira Jr.
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quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Comissão Européia e Microsoft: uma guerra entre titãs

Segundo informações da agência Reuters, publicadas pela UOL Tecnologias, a Comissão divulgou que a Microsoft fez mudanças substanciais em seu programa de royalties. Em primeiro lugar, os produtores de software livre poderão acessar e usar as informações de interoperabilidade. Em segundo, os direitos autorais a serem pagos pelo acesso a essas informações serão reduzidos para um pagamento único de 10 mil euros (cerca de US$ 14,16 mil). Além disso, os royalties de uma licença mundial, incluindo patentes, serão reduzidos de 5,95% para 0,4%.
A questão do acordo já era de ser esperada. Muitos ativistas do movimento software livre estão de olhos bem abertos acompanhando os termos do acordo estabelecido entre a Comissão e a empresa, pois acreditam que o motivo da Microsoft ter aceitado assinar um acordo dessa monta em primeira instância ainda está por vir às claras. Uma das explicações para o rápido aceite da empresa talvez tivesse sido a aplicação de uma multa diária no valor de U$ 4,5 milhões, por não acatar as decisões da Comissão Européia. A teimosia e a prepotência do testa de ferro administrativo da Mega-corporação já estava assumindo valores impraticáveis o que poderia comprometer a saúde financeira da empresa caso uma medida não fosse logo tomada. Uma medida como essa, quiçá, é algo para ser copiado por outros tribunais em vários cantos do mundo. Parece que só mexendo fundo e em grande no bolso é que as decisões são levadas a sério.
De qualquer forma, os termos do acordo não são completamente desfavoráveis à Microsoft, como era de se esperar, numa leitura rápida e sem exigir conhecimentos jurídicos, pode-se perceber que Ballmer conseguiu articular seus interesses por detrás dos panos e garantir a sua hegemonia e seu precioso “código-fonte”. Vejam a sutileza desta pequena parte do FAQ publicado no site da Comissão:
“Open source software developers use various “open source” licences to distribute their software. Some of these licences are incompatible with the patent licence offered by Microsoft. It is up to the commercial open source distributors to ensure that their software products do not infringe upon Microsoft’s patents. If they consider that one or more of Microsoft’s patents would apply to their software product, they can either design around these patents, challenge their validity or take a patent licence from Microsoft.”
Ninguém dá ponto sem nó, e não seria a mega-corporação mais bem sucedida do imperialismo capitalista que daria. Mas já vale esta importante vitória contra os “intocáveis e imutáveis” do capitalismo. Quando o assunto é Mercado, o buraco fica mais embaixo, já deveria dizer Adam Smith se fosse brasileiro.
Abraços e boa vitória a todos que acreditam e lutam contra a hegemonia informacional.
Abraços e boa vitória a todos que acreditam e lutam contra a hegemonia informacional.
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sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Os enganos dos olhares e a Open Source Initiative (OSI) com a Microsoft

A Microsoft tenta trabalhar de todas as formas para confundir o público e desfocar as atenções das acusações que sobre si recaem advinda dos defensores do open source e do movimento software livre. Recentemente andou a divulgar uma proposta de dois modelos de licenças intituladas Microsoft Public License (Ms-PL) and the Microsoft Reciprocal License (Ms-RL), divulgadas e aprovadas no programa OpenSource Initiative. Segundo os termos destas licenças “shared source”, bastante ambíguos, deixa a entender que os programadores e estudantes de informática podem trabalhar com o código-fonte e desenvolver projetos a partir dos códigos fornecidos pela Microsoft. Entretanto, várias das condições contidas na tal shared source limitam bastante a liberdade do programador e podem colocá-lo numa situação de risco legal, ao infringir, por desconhecimento, os termos que possuem.
Essa iniciativa da Microsoft tenta apenas divulgar ao largo a idéia de que também ela possui iniciativas open source, o que não é verdade. O jogo de ataques está se acirrando cada vez mais e parece que a Microsoft está definitivamente se sentindo ameaçada pela concorrência dos “adversários”. Quem diria!
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quarta-feira, 17 de outubro de 2007
O processo de colonização tecnológica da Microsoft agora nos Telecentros

Uma das primeiras ações de peso do movimento foi a promoção de projetos de inclusão digital que foram oferecidos a algumas prefeituras, e que deram tamanho sucesso, como os casos dos Telecentros de Porto Alegre, os Telecentros de São Paulo e outras iniciativas. Os Telecentros de São Paulo foram criados para oferecer a toda a população, principalmente a mais carenciada de recursos, um espaço onde pudessem aprender e a utilizar os meios tecnológicos disponíveis em um computador ligado à Internet, imprimir documentos, pagar contas, mandar e-mail, tratar assuntos de e-Gov, trabalhos escolares, pesquisas e buscas na rede, etc. Sempre foi pensado como um espaço de cidadania e possuem uma estrutura organizacional muito interessante.
Os telecentros geralmente só são instalados em comunidades onde existam infra estrutura de mobilização social, pois a intenção é que eles se auto-gestionem por uma comissão local e não sejam mais uma ação pública, como todas as outras, de caris paternalistas. Desde o início, o projeto só foi viável porque contou com a participação de técnicos e engenheiros de software comprometidos com a causa do código-aberto, pois os recursos sempre foram escassos e seria inviável solicitar a aprovação de um projeto como este utilizando software proprietário. Neste sentido, a prefeitura de São Paulo entrava com a montagem da infra-estrutura material, apoio técnico e tecnológico por um determinado período, paga algumas contas fixas, como energia elétrica e água e, no mais, são criados comitês gestores da própria comunidade para gerir e determinar os objetivos e as finalidades dos telecentros, a forma de organização do espaço, a forma de acesso, etc. Entretanto, os recursos sempre foram públicos e de doações. Em alguns casos cobrou-se uma taxa de inscrição ou de utilização por algum serviço, tipo impressão, etc... apenas para cobrir os gastos administrativos que não eram suportados pela prefeitura. E estava a funcionar muito bem... os telecentros acumulam histórias de sucesso contadas em livros, dissertações e monografias acadêmicas, congressos, fóruns, palestras. E toda essas histórias estiveram sempre associadas diretamente a experiência de uso de softwares livres nos telecentros.
Ontem, foi marcado um encontro entre a Prefeitura de São Paulo e a Microsoft. A Empresa ao perceber o sucesso da experiência dos telecentros, que mesmo contra-a-corrente conseguiu demarcar seu território e fazer a diferença, e com medo da perda constante de futuros usuários desta tecnologia, ou melhor, de indivíduos adestrados apenas na sua tecnologia, resolveu doar à Prefeitura licenças do Windows e de outros programas aplicativos para a Secretaria de Participação e Parceria (SEPP). Ao longo de 2008, os 170 telecentros atuais da prefeitura serão adaptados para aceitar os dois sistemas operacionais, Linux e Windows. E os 130 telecentros planejados já serão entregues com os dois sistemas. Em cada computador, haverá uma parte do disco com Windows e outra parte com Linux.
Eu não me oponho à utilização deste sistema, até porque defendo a liberdade de escolha, e se falamos em inclusão digital, devemos pensar em dar oportunidades de escolha aos nossos sujeitos dotados de capacidades de discernimento. A questão é a inversão de discurso com a atual administração da Prefeitura de São Paulo.
Francisco Buonafina, chefe de gabinete da SEPP-SP, declarou ontem ao TI&Governo que esta ajuda é muito importante, porque a prefeitura poderá incluir muito mais pessoas contando com o sistema Windows, pois tem muitos mais cursos preparados neste sistema e poderá alcançar mais pessoas. Nesta pequena declaração o secretário está pondo em causa o princípio básico de escolha. Se a adesão ao Windows vai-se fazer em detrimento ao uso e promoção do softwares de código-aberto, podemos dizer que a mega-corporação, mais uma vez, está chegando e “colonizando” o espaço democrático construído com tanto sacrifício durante anos de luta.
Depois continua o secretário: “Cada telecentro da prefeitura tem 20 PCs, informa Francisco Buonafina. Pelo preço de mercado do Windows Vista Home Premium, R$ 499,00, a doação vale uns R$ 3 milhões (sem contar descontos por volume e descontos especiais para órgãos do governo). No futuro, diz Francisco, a meta é fazer com que os telecentros se tornem auto-sustentáveis. Hoje, a prefeitura gasta R$ 15 mil para reformar o espaço e, depois, R$ 1.100,00 por mês para pagar água, luz, telefone e Internet. Senão o estado fica bancando os telecentros eternamente. O que é um horror.” (fonte: TI&Governo, no.226 ano 5). Ou seja, a prefeitura já começa a pensar que o projeto de inclusão digital é um peso e não uma obrigação pública. A prefeitura já começa a querer se livrar do compromisso, que para seu secretário é um “horror” investir nesse tipo de ação. Tenho medo do que virá em seguida, sinceramente!
Francisco Buonafina, chefe de gabinete da SEPP-SP, declarou ontem ao TI&Governo que esta ajuda é muito importante, porque a prefeitura poderá incluir muito mais pessoas contando com o sistema Windows, pois tem muitos mais cursos preparados neste sistema e poderá alcançar mais pessoas. Nesta pequena declaração o secretário está pondo em causa o princípio básico de escolha. Se a adesão ao Windows vai-se fazer em detrimento ao uso e promoção do softwares de código-aberto, podemos dizer que a mega-corporação, mais uma vez, está chegando e “colonizando” o espaço democrático construído com tanto sacrifício durante anos de luta.
Depois continua o secretário: “Cada telecentro da prefeitura tem 20 PCs, informa Francisco Buonafina. Pelo preço de mercado do Windows Vista Home Premium, R$ 499,00, a doação vale uns R$ 3 milhões (sem contar descontos por volume e descontos especiais para órgãos do governo). No futuro, diz Francisco, a meta é fazer com que os telecentros se tornem auto-sustentáveis. Hoje, a prefeitura gasta R$ 15 mil para reformar o espaço e, depois, R$ 1.100,00 por mês para pagar água, luz, telefone e Internet. Senão o estado fica bancando os telecentros eternamente. O que é um horror.” (fonte: TI&Governo, no.226 ano 5). Ou seja, a prefeitura já começa a pensar que o projeto de inclusão digital é um peso e não uma obrigação pública. A prefeitura já começa a querer se livrar do compromisso, que para seu secretário é um “horror” investir nesse tipo de ação. Tenho medo do que virá em seguida, sinceramente!
Por este, e por outros motivos que percebo que a luta nunca chegará ao fim. Enquanto existir hegemonias, haverá sempre dominadores e dominados. É preciso lutar firmemente contra elas. Povo dos telecentros, ativistas do movimento software livre, simpatizantes e engajados, vamos começar a abrir nossos olhos e ficarmos atentos a mais este “processo de colonização” induzida que começa a ser operado junto de uma conquista suada e que tanto nos orgulha.
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