quinta-feira, 24 de julho de 2008

Petição pela demarcação dos territórios indígenas dos Tremembé e dos Tapeba

Texto formulado pelo sociólogo português, prof. BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, e pelos pesquisadores brasileiros que coordenaram o seminário “Lutas Indígenas no Brasil: Memórias, Territórios e Direitos”, em apoio e como contribuição à luta em defesa dos povos indígenas Tremembé de Itarema, Acaraú e Itapipoca e Tapeba de Caucaia, do Estado do Ceará-Brasil.

A demarcação dos territórios indígenas dos Tremembé e dos Tapeba é urgente

Os abaixo-assinados têm a declarar o seguinte:

1. Os Tremembé de Itarema, Acaraú e Itapipoca, bem como os Tapeba de Caucaia são indígenas no Estado do Ceará, há séculos vivem em suas respectivas terras de acordo com seus costumes e tradições recebidas-revitalizadas-transmitidas através das gerações. Seus rituais indígenas, seus conhecimentos tradicionais, suas experiências com as forças sagradas da natureza, suas formas de organização social cultural e política, suas memórias coletivas sobre a história dos seus antepassados, toda esta imensa riqueza humana floresce nos “galhos das novas gerações” que se apóiam “nos troncos velhos” dos seus ancestrais, enraizados nas suas terras e nutridos na relação com Elas! Apoiamos a luta solidária destes povos indígenas na defesa ao respeito dos seus direitos: a garantia da integridade física e cultural das crianças, mulheres e homens Tremembé e Tapeba.

2. A Constituição de 1988 reafirmou o direito originário das terras indígenas, cabendo à União a demarcação de tais territórios. Tal processo reconhece e protege, formalmente, a situação de direito à demarcação e à proteção da integridade física e cultural destas comunidades indígenas e de seus territórios. A Constituição de 1988 fixara cinco anos para finalização da Demarcação de Terras Indígenas; passado mais de cinco anos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que este prazo, previsto no artigo 67 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, não é peremptório, mas prognóstico para sua realização em tempo razoável (MS nº 24566, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 28/05/04). Isto reforça a legítima urgência da Demarcação de Terras Indígenas para responder aos desafios postos pela Constituição de 1988: a afirmação dos indígenas como sujeitos de direitos, devendo ser protegidos e respeitados seus recursos naturais, culturas e tradições; o reconhecimento da diversidade étnico-racial cultural como valor fundante do país e a função sócio ambiental das terras indígenas, com distintas formas de manejo sustentável dos territórios pelas variadas comunidades culturais existentes no Brasil.

3. Repudiamos coletivamente a insistência do grupo empresarial internacional Nova Atlântida em negar a existência dos Indígenas Tremembé de São José e Buriti (Itapipoca-CE), bem como a presença deste empreendimento nesse Território Indígena apesar de uma liminar promovida pelo Ministério Público Federal no Ceará, aprovada por juiz federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal – TRF 5ª Região do Recife. Repudiamos também a ação da Prefeitura de Caucaia-CE de impetrar um madado de segurança pedindo a anulação do processo demarcatório dos Tapeba de Caucaia, apesar de no Decreto 1775/96 constar que em nenhuma das etapas do processo administrativo de Identificação e Delimitação da Terra Indígena coloca-se como critério a participação do ente Federativo Municipal na elaboração do relatório de Identificação da referida Terra Indígena. Lembramos que a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no artigo 1º parágrafo segundo diz que a auto – identificação como indígenas ou “tribais” deverá ser considerada como critério fundamental para definir os grupos aos quais se aplicam as disposições da presente declaração e também a recente Declaração da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos dos Povos Indígenas adotada em 13 de setembro de 2007, no seu artigo 3 diz que os Povos Indígenas têm direito à livre determinação. E que, em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política, bem como sua trajetória de desenvolvimento econômico, social e cultural.

4. Aceitar as ações deste empreendimento internacional Nova Atlântida contra os indígenas Tremembé da comunidade São José e Buriti e as ações da Prefeitura de Caucaia-CE contra os Tapeba de Caucaia é justificar a continuidade do processo de colonização e da apropriação/violência impostas a estes povos indígenas, processo perverso iniciado há 500 anos atrás. Aceitar um projeto turístico que ameaça a integridade física e cultural dos Tremembé é aceitar a continuação e uma nova modalidade de colonialismo capitalista que ameaça devastar importantes bens naturais e humanos do país. Demarcar as terras indígenas dos Tremembé e dos Tapeba é fazer justiça histórica, é evitar o acirramento dos já existentes conflitos fundiários, e o surgimento de novos conflitos, é substituir a insegurança dos grupos, que vêm sendo submetidos à violência da fome e da destruição dos seus recursos naturais e humanos, pela segurança alimentar, cultural e política destes povos indígenas. Demarcar estes Territórios é uma forma coerente de celebrar os vinte anos da Constituição de 1988 e os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, justamente quando, no plano internacional, foi finalmente aprovada após trinta anos de discussão, uma Declaração dos Povos Indígenas.

5. Reiteramos as reivindicações dos Tremembé pela saída imediata do empreendimento empresarial Nova Atlântida das terras de suas comunidades, e pela criação urgente do Grupo de Trabalho da FUNAI para iniciar o processo de demarcação da terra indígena Tremembé de São José e Buriti (Itapipoca-CE), bem como a luta dos Tapeba pela retomada urgente do processo demarcatório de suas terras. O momento, pois, é de apreensão e vigilância, mas também de confiança de que o compromisso, constante na Constituição de 1988, de prevalência dos direitos humanos, seja respeitado e afirmado concretamente.

ASSINAM ESTE DOCUMENTO:

- Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Portugal
- Cecília MacDowell Santos, Socióloga, Brasil
- Edileusa Santiago do Nascimento, Psicóloga, Brasil
- Lino João de Oliveira Neves, Antropólogo, Brasil
- Nilton José dos Reis Rocha, Jornalista, Brasil

e todos os que acreditam e buscam um mundo melhor e possível, e em um Brasil que proteja sua biodiversidade e pluriculturalidade.
Passar assinar a petição on-line, clique AQUI, ou no link abaixo:

http://www.PetitionOnline.com/indios08/petition.html
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.............Versiòn en español .............English version.............

terça-feira, 15 de julho de 2008

Chamada para o Dia da Blogagem Política

Estou aderindo a campanha da Blogagem política promovida pelo Blogue: http://xocensura.wordpress.com/.
Vou participar da iniciativa e convido meus amigos e leitores a fazerem o mesmo.
Leiam abaixo a chamada e a proposta:





Por quê uma blogagem politica?


Quem já passou dos trinta conheceu a truculência da censura no Brasil, desde 1964, na época do Golpe Militar, até o final dos anos 80 vivemos um regime de ditadura e censura. A censura não é racional, não respeita os direitos individuais e nem a privacidade.
A Internet tem se mostrado um grande meio democrático e propício a liberdade de expressão, mas parece que isto não tem agradado á todos:
O Minstério Público de tanto pressionar o Orkut conseguiu uma ferramenta de acesso, e quem sabe de censura, e isto pode explicar o desaparecimento de posts e comunidades;
No Senado, o projeto de Cibercrimes, liderado pelo Senador Azeredo, pretende implantar abusos e absurdos que criminalizam grande parte dos cidadãos conectados.
A CPI da pedofilia parece ter outra intenção, afinal se se trata de prender pedófilos, porque divulga na Imprensa que vai efetuar ações no Orkut?
O espetáculo midiatico esta formado, as TVs populares estão exibindo casos pontuais envolvendo a Internet, é Deputado da CPI da pedofilia chorando lágrimas de crocodilo, é modelo que teve suas fotos intimas divulgadas na Internet, é o Ministério Público proibindo jogos e mais projetos terriveis tramitando


Perai! Isto esta parecendo um complô orquestrado ! Pode ser, não se pode afirmar, mas parece. E com diz Manoel Castells em seu livro a Galaxia da Internet, os motivos são os mais diversos e insensatos, mas tudo que importa é que o Estado coloque mais uma camada na Internet, a camada do controle, pois nações não suportam o fato de não terem controle sobre ela. As nações querem transformar nossas vidas online em uma casa de vidro, quando deveria ser o contrario, nos cidadãos é que deveriamos ver o Estado dentro de uma casa de vidro.


A proposta


Nossa proposta é que você poste no dia 19 de julho de 2008 um post politico, uma critica aos fatos citados acima, o alvo principal é o projeto de Cibercrimes, mas se desejar você pode falar de outra coisa. Não esqueça de nos avisar da postagem, seja por um ping ou comentário para que possamos incluir seu blog na lista dos blogs participantes. O dia 19 de julho foi escolhido por representar o dia em que o jornal O Estado de São Paulo publicou receitas e poemas de Luiz de Camões no lugar das matérias censuradas no ano de 1972.

Parece que é uma gota num oceano, mas resulta!

Caros leitores,
Muitas vezes pensamos que nossas ações de mobilização pela Internet, como a campanha que divulguei ontem, não levam a nada, pode parecer que é uma gota num oceano, mas resulta! Vejam:

Depois da onda de posts em blogs e em listas de e-mails, o Senado brasileiro teve a CARA DE PAU de ALTERAR o texto, para esconder o "mensal", como podem ver aqui:

http://www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp?o=1&e=PARA%CDBA+INTERNET+GRAPHICS

http://www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp?o=1&e=PARA%CDBA+INTERNET+GRAPHICS

Agora o que antes era R$ 48.000 mensal (R$ 576.000 por ano), esta como se fosse R$ 48.000 pelo contrato inteiro.

Ainda bem que, além dos links, coloquei o screenshot da página que estava disponível no momento e, podemos dizer, felizmente ainda temos, e podemos contar com os serviços de cache, como o do Google, vejam e comprovem:

http://209.85.215.104/search?q=cache:jQzY4VgBeRoJ:www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp%3Foo=1&e=PARA%CDBA+GRAPHICS+020.559/07-0&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br

http://209.85.215.104/search?q=cache:jQzY4VgBeRoJ:www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp%3Foo=1&e=PARA%CDBA+GRAPHICS+020.559/07-0&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br

CONFIRAM QUE ANTERIORMENTE, ABAIXO DO VALOR DE R$ 48.000,00 ESTAVA DECLARADO "MENSAL"

Infelizmente, se de facto a lei de vigilância na Internet for também aprovada pela Câmara dos Deputados, uma atitude de cidadania como esta será crime, pois o facto de ter removido do site (cache) uma informação sem a autorização do proprietário, pode ser considerada crime cibernético.

Vejam lá as limitações que estaremos sujeitos e por qual motivo luto contra esta lei restritiva.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Campanha: Eu quero um banner do Senado Federal no meu blog!


Estou aderindo a campanha “Eu quero um banner do Senado Federal no meu blog”, criada pelo amigo Cardoso. Vejam se não é um absurdo!!!!

O Senado Federal do Brasil fechou um contrato com o site www.paraiba.com.br para veiculação de um banner de 120×60 pixels por um período de 1 ano. O valor pago pelo banner? A bagatela de R$ 48.000,00 reais por mês. Isso mesmo, um contrato de R$ 576.000,00 (ano)! Não acredita? Comprove nesta screenshot tirada no site do Senado:



Ainda não acredita? Então veja com seus próprios olhos no site do senado: CLICANDO AQUI.

Obs.: O site do Senado foi alterado após a publicação deste post,sugiro ler meus comentários no post seguinte: Parece uma gota no oceano, mas resulta!


Agora se você está preocupado com a diagramação do seu blog ou site, não se preocupe, confira na screenshot abaixo o TAMANHO do banner que vale 576 mil reais:


*Tamanho real

Agora vem a pergunta: quantas visitas o site Paraiba.com.br tem pra valer tanto assim o espaço?

Qual a mágica? Não sei, mas o Blog de Aluguel chamou bem a atenção para os domínios registrados pelo mesmo dono do paraiba.com.br. Existem 2 no mínimo interessantes:

domínio: correspondentejuridico.com.br
domínio: eduardomedeiros.com.br
domínio: efraimmorais.com.br
domínio: efraimorais.com.br
domínio: eradigital.com.br
domínio: falcoesdaserra.com.br
domínio: paraiba.com.br
domínio: ronaldocunhalima.com.br
domínio: william.com.br

Quem é Efraim Morais? Nada de mais, apenas um senador eleito pela… … Paraíba: http://www.efraimmorais.com.br/

ALGUÉM POR FAVOR AVISE O CQC???

Fonte: Blog de Aluguel

Aí vai o banner oficial para aqueles que quiserem aderir à campanha!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira Petition

Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira Petition

Petição: EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

Leia e assine (on-line) a petição abaixo, é de suma importância para o Brasil.

Link para assinar a petição: clique aqui

Para: Senado Brasileiro
EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.

A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.

O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana.

E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil. Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência.

Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.

Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!

Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.

O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?

Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.

Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Duas mil janelas para a cidadania e inclusão digital

Engraçado, não entendo por qual motivo notícias como a que transcrevo abaixo não são manchetes do grandes telejornais. Ainda bem que temos nossas mídias alternativas, nossos blogues, nossas redes.

Duas mil janelas para a cidadania e inclusão digital
02/Jul/2008 - 11:45
Enviado por Redacao SERPRO ao PSL-Brasil, publicado em http://www.softwarelivre.org/news/11681

O Programa Serpro de Inclusão Digital alcança a marca de 2.111 microcomputadores doados. As máquinas estão distribuídas nos 193 telecentros comunitários instalados pela Empresa no Brasil e no exterior.
No mês de junho, foram implantados dez telecentros. Três deles no estado de São Paulo, três na Bahia, dois em Tocantins, um no Ceará e um no estado do Rio de Janeiro. Somente em 2008, foram inauguradas 37 unidades e a expectativa é que, até o final do ano, mais 175 estejam em operação.


Janelas livres para o universo da informação Os telecentros são unidades equipadas, geralmente, com 11 microcomputadores, todos rodando software livre e com acesso gratuito à internet. Sua instalação é sempre realizada em parceria com a comunidade local, prefeituras e instituições da sociedade civil, o que vem garantindo sua sustentabilidade.

O combate à exclusão digital é o objetivo central de um Telecentro, que passa a ser ponto de referência da comunidade: um espaço onde as pessoas podem reciclar o conhecimento com cursos, navegar na rede mundial de computadores e, acima de tudo, produzir e difundir sua cultura.

Como deve proceder uma comunidade que deseja receber um telecentro? A instituição deve enviar ofício à unidade do Serpro mais próxima de sua localidade, solicitando a doação dos equipamentos para a formação do telecentro. O Serpro analisará o pedido e atenderá de acordo com a sua disponibilidade. Observa-se que a entidade deve ser reconhecida como de Utilidade Pública Federal ou uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Programa Serpro de Inclusão Digital - PSID Implantado em 2003, o PSID é uma das ações amparadas pela política de Responsabilidade Social e Cidadania da Empresa, e está em sintonia com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital do Governo Federal, que busca promover inclusão digital e social das comunidades mais carentes.

Trata-se de um projeto de uso intensivo da tecnologia da informação para ampliar a cidadania e combater a pobreza, visando garantir a inserção do indivíduo na sociedade da informação e o fortalecimento do desenvolvimento local. A iniciativa já chegou com sucesso inclusive no exterior, com a implantação de dois desses centros comunitários em Cuba, três no Haiti, um em São Tomé e Príncipe, um em Angola e outro em Cabo Verde.

Comunicação Social do Serpro - Belo Horizonte, 2 de julho de 2008


Fonte: SERPRO