domingo, 31 de maio de 2009

Querem destruir o tempo! Tempo, tempo, tempo...

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"As leis da natureza não fazem diferença entre a direção para frente e a direção para trás do tempo. Pois, existem pelo menos três setas do tempo que distinguem o passado do futuro: a seta termodinâmica, a direção do tempo no qual a desordem cresce; a seta psicológica, a direção do tempo, na qual nós lembramos o passado e não o futuro; e a seta cosmológica, a direção do tempo na qual o universo se expande e não se contrai" (Stephen Hawking).
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Prigogine acha, que o mundo possui uma variedade ilimitada de tempos internos. Concordo com essa interpretação, mas não no sentido de uma postulação de uma variedade de tempos correndo um atrás do outro, mas no sentido da existência de várias ordens de tempo, que geram nos setores da sua validez as mais variadas estruturas temporais. A afirmação da variedade do tempo seria mal-entendida se ela se imaginasse como uma relojoaria onde cada relógio seguiria o seu próprio ritmo.
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Variedade do tempo pode significar somente variedade das ordens do tempo.
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As teorias da destruição do tempo ultrapassam o seu objetivo porque elas partem de uma abstração falsa. O que acontece é a observação da destruição de uma ordem do tempo específica, por outra ordem do tempo específica, resultado da superposição de uma outra ordem do tempo.
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A destruição do tempo é impossível - (embora astrofísicos afirmam nas teorias sobre os buracos negros o contrário).

Oração ao Tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
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Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
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Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
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Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
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Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
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De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
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O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
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E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
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Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
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Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Para não nos acusarem de termos juízo político dopado

Bom, dizem que brasileiro tem memória curta... porém, digo eu, que os ciberbrasileiros começam a ter memória alargada.

Graças aos recursos de partilha em rede, a política passa a ser construída não por grupos de extrema fidelidade e afinidades, mas por uma Paidéia cibernética que troca suas experiências na arena virtual, e os atores desse imenso palco que é o Real, vão trocando impressões, conhecimentos, acumulando habilidades, potencialidades, tornando-se cidadãos pensantes, políticos conscientes.

É nesse intuito que valha a pena ler, e ler muito! Temos ótimos pensadores no Brasil, gente com espírito coletivista, humanista, libertário. Se tivermos (ainda) poucas habilidades para analisar os contextos complexos da política formal e interpretar os desenvolvimentos sempre mutantes dos polivalentes atores políticos que trocam de personagens a cada conveniência, podemos sempre recorrer à ajuda daqueles que fazem isso com mais propriedade e especialidade.

No caso da movimentação ciberativista que venho acompanhando neste blogue, o texto do eminente intelectual Emir Sader, publicado no site Carta Maior, dá-nos pistas de nomes que temos de ter em mente na hora de escolher o voto que vamos depositar nas urnas nas próximas eleições. Neste texto, Sader mostra-nos os esforços para destruir o patrimônio público brasileiro com a entrega da Petrobras. E, nas entrelinhas dos textos e contextos, relaciona os meandros da política e seus interesses nem sempre transparentes. Vejam, na seleção de Sader, os Senadores da República e suas preocupações. Mais que isso, vejam as motivações de suas preocupações. É uma lista de envergonhar... mas, serve para não sermos sempre julgados de “juízo dopado”, de termos memória curta.

Ressalto, em especial, o parágrafo que trata do enfadonho Azeredo. Como possui especial atenção para a gravidade daquilo que denominamos de AI5 Digital, ele escreve: “O senador Eduardo Azeredo, fundador do mensalão mineiro, poderia estar preparando já seu projeto de lei que quer censurar a internet.”


Leia o integral de Emir Sader em: http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=76549&Itemid=201

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

Nunca antes na historia do Brasil, a sociedade se organizou, mobilizou e pressionou as entidades públicas em prol de seus direitos de forma tão efetiva e pacifica como estamos fazendo agora no ciberativismo contra o PL 84/99, o AI5 digital.

Não podemos deixar esta constatação passar em branco, não se trata de um fato corriqueiro, mas sim de uma verdadeira revolução, uma revolução que não esta sendo televisionada, uma revolução que não tem mais volta, uma revolução plenamente democrática, o real exercício da cidadânia.

Contrariando todos os criticos, a Internet não nos transformou em alienados, muito pelo contrário nos libertamos das forças alienantes das mídias mono emitidas. Os “alienados” foram os primeiros a enxergar os malefícios do PL 84/99, os “alienados” foram os primeiros a divulgarem estes malificios. Chamar a sociedade conectada de alienada é ignorância ou cretinismo, sabe-se muito bem que a Internet com a sua riqueza e diversidade é um eco-sistema de pessoas, um eco-sistema social, onde a comunicação é apenas uma parte do contexto.

A informação das mídias de massa é extremamente volátil, é preciso um caro processo de repetição para que uma mensagem “média” para um “cidadão médio” ganhe dimensão. A midia de massa, em especial o radio e a televisão, possuem uma representativa capilaridade no Brasil, de forma que a mensagem volatil chega rapidamente à uma parcela significativa da população, e pronto! Vai ser bom não foi? O povo tem memória curta, não é verdade?

A Internet por outro lado possui características diferentes, sua capilaridade vem aumentando consideravelmente, mesmo com todo esforco despendido por autoridades e legisladores para inviabilizarem os centros involuntários de inclusão digital, as Lan Houses, ela continua crescendo. Computador e acesso estão ficando cada dia mais baratos. Por outro lado, na Internet a informação não é volátil, muito pelo contrário, ela é praticamente permanente, o que a transforma no habitat perfeito para o conhecimento. Estas características são os alicerces do sólido conhecimento colaborativo, construido por todos para todos, numa metáfora natural para o que chamamos de democracia: O poder emana do povo para o bem do povo.

Dentro deste cenário, construiu-se um ativismo diferente, um ativismo eficiente, o ativismo da cibercultura, da nossa cultura, o ciberativismo. Podemos citar diversos movimentos ciberativistas, mas vamos nos ater ao movimento contra o AI5 digital, que não se sabe exatamente quando ele iniciou, eu ao menos entrei nele em 2006, você pode estar entrando agora, isto não faz a menor diferença. O movimento ciberativista contra o AI5 digital é o mais espetacular de todos os movimentos democráticos, é o exercício pleno da democracia, não existe distinção de raça, orientação sexual, posicionamento político, ideologia, credo, e nem mesmo as limitações físicas impostas aos portadores de deficiência são barreiras para que exercamos nossa cidadânia, estamos todos juntos trabalhando para um bem comum!

Estamos pensando e agindo coletivamente, estamos nos “alfabetizando politicamente”, estamos reconhecendo nossos direitos, aprendendo a valorizar o próximo e, estamos aprendendo, como diz Dalai Lama que: uma enorme jornada começa com um pequeno passo. Podemos não perceber isto agora, mas nunca mais seremos os mesmos, estamos reconstruindo a história da democracia no Brasil, somos os agentes de mudança, dificilmente seremos enganados novamente, somos os revolucionários digitais, estamos fazendo a revolução mediada por computador, a revolução da era da participação. Alias por falar em participação, pouco importa o quanto ou como você participa, todos são igualmente importantes, seja aquele que divulga as informações, evangeliza novos ciberativistas, promove mobilizações, escreve a respeito, ou até mesmo aquele que participa dos atos, é um trabalho coletivo. Uma assinatura na petição, um post, uma twittada, uma mensagem no Orkut, tudo é importante, pois quando muitos fazem isto estamos disseminando a informação e estamos construindo uma atmosfera positiva para os parlamentares que estão do nosso lado defenderem nossos intereses na Câmara, para que o Ministro da Justiça se posicione de nosso lado, para que personalidades se posicionem de nosso lado.

É importante que você olhe no espelho, bata no peito e diga orgulhosamente: Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

One does not make friends. One recognizes them.


Quase um ano depois do último post neste blog (24.05.08), resolvi retornar a este sitio de descarrego e de fabricações. Neste tempo de ausência, não estive inerte, nem naquilo que muitos denominam de umbral intelectual ou psíquico. Ao contrário, estive num ócio criativo, auto-recriativo, auto-produtivo, em busca de mim mesmo, encontrando-me, perdendo-me, entregando-me... Foram tantas experiências, tantas, que dariam um bom livro, ou um extenso blogue. Porém, foram de outra ordem, todas do foro íntimo, não cabiam, por certo, serem partilhadas neste espaço público e coletivo, coisas que depois de serem filtradas pelas "lentes azuis", certamente perderiam o encanto ao serem tranladadas e transmutadas em "words" (palavras). Claro que, haveria tantas outras coisas que poderiam ser partilhadas aqui, mas resolvi me entregar à indolência de certas rotinas e obrigações, dedicando-me a outras e procurando saboreá-las por inteiro.

Nesse tempo, experimentei a última parte que me faltava na árdua tarefa de construção de ser um homem completo. E, tornei-me pai. Na ordem das coisas, já não suportava tantas ávores plantadas e um livro a empoeirar na estante, faltava-me o tal do filho. Não podia fazê-lo, ao menos nos moldes mais ortodóxos, então, resolvi adotar um gato. E fiz dele, meu filho. Como diz o adágio popular: "pai não é quem põe no mundo, mas quem cria". Neste caso, sou bom e bastante, PAI. E agora, sinto-me completo, tenho árvores plantadas, livro publicado, e um FILHO.

Ah! Também migrei, migrei e migrei novamente. Mas, isso são tantas linhas, e ainda ando meio preguiçoso para auto-etnografias (ou seria biografia???). Ficarão por escrever, ao menos, por ora.

Enfim, hoje, novamente nas terras de Cabral, na margem norte do Atlântico, no ponto zero da “civilização” eurocêntrica moderna, volto a tecer essas bem traçadas linhas (já não se pode dizer “mal traçadas”, pois o computador ajusta a linearidade e a retidão das linhas, assinalando em vermelho os erros grosseiros de ortografia, lol). De ir e vir, lá e cá, vou levando esta vida cigana que me aproxima e que me afasta das pessoas, pessoas que amo e que sinto falta. E já fazia falta, também, esses momentos regulares de descarrego, para mim, e para tantos leitores desconhecidos, e conhecidos, que nem eu próprio sabia que tinha tantos.

E, por falar nisso, quero agradecer a todos os leitores que me escreveram a assinalar seu descontentamento pela minha ausência neste ciberespaço real/virtual. Surpreendeu-me a quantidade de recados, mensagens e e-mail recebidos a me cobrar que voltasse à ativa. Pois bem, cá estou. E peço que digam a todos, da colônia e da metrópole, "Que fico!".

E para estes tantos e queridos amigos, dedico os versos da crônica de Paulo San’Ana, que transcrevo abaixo:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências (…).

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

E, acrescentando a sabedoria de Garth Enrichs (ou seira Vinícius????): "A gente não faz amigos, reconhece-os"