sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pensando sobre a(s) "ajuda(s)" e os Cavalos de Tróia

"Cavalo de Tróia, o famoso presente de grego"

A distribuição gritantemente desigual da riqueza e da renda nos países industrializados tem paralelo nos modelos semelhantes de má distribuição entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.

Os programas de ajuda econômica e tecnológica aos países em desenvolvimento são frequentemente usados por companhias multinacionais para explorar a mão-de-obra e os recursos naturais desses países, e para encher os bolsos de uma elite pequena e corrupta.
É o que diz a cínica frase: "A ajuda econômica consiste em tirar dinheiro das pessoas pobres dos países ricos e dá-lo às pessoas ricas dos países pobres".

Presente de grego????

O resultado dessas práticas é a perpetuação de um "equilíbrio de pobreza" nos países em desenvolvimento, onde a vida das pessoas não ultrapassa o nível de subsistência.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ecologia de saberes: (Pai Arnápio - 1.000) versus (Pré-Sal - 0)


Num país de tantas contradições, com fartura de riquezas naturais e muita fome, que tem petróleo em abundância e pobreza igualmente imensa, que tem cultura culta e ignorância endêmica, temos também as ferramentas necessárias para viver com essas antíteses bipolares todas.

Se não temos políticos, médicos, seguridade social, segurança pública, honestidade e realizações, temos ao menos os artífices promotores de situações melhores.

Como diz o anúncio (imagem abaixo), se tu sofres? Pai Arnápio resolve, basta procurar com fé, o resto ele faz.

Ora, pois! Quem acredita nos políticos brasileiros, no sistema biomédico falido, na segurança pública ambivalente, no petróleo que não gera riqueza e nas Olimpíadas que serão um sucesso, pode bem acreditar no Pai Arnápio... por que, não?

Em época de ecologia de saberes e de falta de alternativas sólidas, onde tudo se desmancha no ar, não custa tentar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Idéias cíclicas - idas e voltas!!! Haja disposição dos neurônios

Isa - instituto socio-ambiental, etnia Araweté, Pajé Moinayärä (peye) em transe e o chocalho aray em cerimônia do cauim doce. Foto: Eduardo Viveiros de Castro, 1982.

De vez em quando me deparo com umas ideias tão circulares...

Deve ser a tal lógica cíclica de ir e retornar ao mesmo ponto. Ou, seria a lógica da incompletude, de não conseguir chegar e preferir voltar oa ponto inicial?

Se algum filósofo de plantão, com tempo sobrando, e com vontade para decifrar enunciados herméticos puder me ajudar com essa formulação do CAPRA, agradeceria.

Depois, tem uma missão para os gramáticos da Língua Portuguesa se descabelarem com essa coisa da repetição de palavras no mesmo período. Sei que essas regras gramaticais servem apenas para incompletos, como eu - eternos doutorandos, pois os já completos, usam e abusam disso que a regra diz ser um vício de linguagem. E por esses erros, são considerados "Filósofos". Afê!

Cito o fragmento do meu espanto:

"A NATUREZA é o corpo inorgânico do HOMEM - isto é, a NATUREZA, na medida em que ela própria não é o corpo humano. 'O HOMEM vive na NATUREZA' significa que a NATUREZA é o seu corpo, com o qual ele deve permanecer em contínuo intercurso se não quiser morrer. Que a vida física e espiritual do HOMEM está vinculada à NATUREZA significa, simplesmente, que a NATUREZA está vinculada a si mesma, pois o HOMEM é parte da NATUREZA"

(CAPRA, Fritjof. In: O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 199).


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

CAMPANHA:
VAMOS SEGUIR A RECOMENDAÇÃO DE EÇA DE QUEIROZ EM OUTUBRO DE 2010. NÃO REELEGER NINGUÉM DESSA CORJA SUJA E PODRE. VAMOS TROCAR GERAL, PRA VER SE CONSEGUIMOS RENOVAR A POLÍTICA, OU AO MENOS, DESESTABILIZAR AS REDES DE RELAÇÕES IMUNDAS QUE SE ENCONTRAM CRISTALIZADAS NO CONGRESSO BRASILEIRO.

Imprima esse símbolo e mande fazer adesivos para carros e distribua entre os amigos.
É barato e vale a pena!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia de Avanca, Portugal.


Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia

( 22 a 26 de Julho) - Abertas as inscrições para os workshops.


Grandes nomes do audiovisual contemporâneo estarão em AVANCA para orientar espaços de trabalho, reflexão e compromisso com o cinema de qualidade.
Entretanto, cerca de dois mil filmes de 71 países chegaram a Avanca. Curtas e longas-metragens, documentários e vídeos para uma competição onde só se exibem filmes inéditos em Portugal.
O Júri de selecção tem agora a difícil missão de os seleccionar.
A grande festa do cinema tem data marcada para Julho e é em Avanca!

WORKSHOPS

1 – “O tratamento poético da realidade complexa – da escrita à realização”
Orientador – Peter Brosens (Bélgica) e Jessica Woodworth (EUA)
Coordenador – Eduardo Condorcet

2 – “História prática do cinema”
Orientador – João Antunes e Manuel Mozos (Portugal)
Participação especial – João Salaviza
Coordenador – Armando Caramelo

3 – “Cinematografia - Direcção de fotografia com a luz disponível”
Orientador – Rimvydas Leipus (Lituânia)
Coordenador – Francisco Vidinha

4 – “Desenvolvimento de projectos cinematográficos – From Zero to Hero”
Orientador – Daniel Fumero e Vanessa Bocanegra (Espanha)
Coordenador – César Valentim

5 – “Humor e documentário”
Orientadora – Floriane Devigne (Suíça, Bélgica)
Coordenador – Graça Lobo

6 – “À procura de universos na animação”
Orientador –Yann Jouette (França)
Coordenador – Nuno Fragata

7 – “O actor no trabalho”
Orientador – Maria d’Aires (Portugal)
Coordenador – Jackas

Informações em http://www.avanca.com/
(com ligação para o regulamento, custos e a ficha de inscrição)

Contactos:
AVANCA’09
Cine-Clube de Avanca
3860-078 Avanca
Tel/fax – 234.880658

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Falecimento de Maria Ioannis Baganha


Hoje, quero destinar este espaço à homenagem de uma pessoa especial que deixou este plano. A professora Maria Ioannis Baganha, Doutora e investigadora do Centro de Estudos Sociais, em Portugal, uma das mais destacadas especialistas portuguesas em estudos sobre migrações. Compartilho das palavras do meu orientador de tese, Doutor Boaventura de Sousa Santos, diretor geral do CES, as quais transcrevo abaixo:
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“Perdemos a Maria, uma amiga solidária, uma investigadora sólida, uma companheira de lutas. A Maria era uma optimista, uma daquelas pessoas que empurra o mundo como se ele não tivesse peso. E sabia estar connosco com total abnegação, especialmente nos momentos em que tudo dependia dela. Abria portas como se fossem apenas sorrisos. Todos nós e muito especialmente os investigadores que trabalhavam mais junto dela temos a responsabilidade de continuarmos o trabalho dela com o mesmo espírito de solidariedade.”

Boaventura de Sousa Santos

sábado, 13 de junho de 2009

Rogo-te para ter inspiração! Ou, bebo para esquecer!


Viajando pelo mundo encantado da maior festa popular de Lisboa, encontrei um poema místico ao Santo, que não sei por que, despertou-me alguma devoção. Especialmente nessa fase de escrita de tese, começo a ficar sensível a tudo que for ajuda. Não acham que valhe la pena tentar acreditar???? Eu já estou a recitá-lo feito mantra, vejam:

Santo António, meu amigo,
rogo-te para ter inspiração.
Sabes o que escrevo e o que digo;
tenho as palavras no coração.
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Certo é que, se a festa não serviu para dar inspirações para a tese, serviu para esquecer a tortura. Afinal, ultimamente estou como o bêbado do pequeno príncipe, cantando assim: "Je bois pour oublier! Pour oublier que je bois!"

terça-feira, 9 de junho de 2009

As garras do colonizador: FIFA quer lei de propriedade intelectual mais severa como condição para fazer Copa no Brasil


Como nada neste mundo, atualmente, saí de graça, a imprensa tem divulgado que a FIFA está exigindo leis de propriedade intelectual mais rígidas no Brasil sob a pena de realização da Copa de 2014.

É sempre assim, em se tratando de interesses hegemônicos, dá-se algo de um lado, porém exige-se o dobro do outro. É um procedimento clássico quem nem se podia esperar diferente. Mas, a questão a ser analisada por nós, é justamente o interesse no ataque a já tão ameaçada Internet livre.

E depois dizem que essas instituições multilaterais não seguem cartilhas dos grandes interesses... balela! Aproveita-se o "oba-oba" do futebol, época em que tudo gira em torno da mesma temática de “paixão nacional” (outra balela machista e de marketing televisivo, pois a maioria da população brasileira é de mulheres, crianças e evangélicos que, salvo exceções, não ligam à mínima para o fubetol) e aprovam-se leis restritivas e dos interesses hegemônicos corporativos.

O Deputado Paulo Teixeira (PT) entrou com pedido de informações para tentarmos esclarecer se isso se soma aos ataques à Internet Livre. Vamos estar atentos e acompanhar!!!

Proposição: RIC-4001/2009 Clique para obter a íntegra
Autor: Paulo Teixeira - PT /SP
Data de Apresentação: 03/06/2009
Apreciação: .
Regime de tramitação: .
Ementa: Requer informações ao Senhor Ministro de Estado do Esporte, Excelentíssimo Senhor Orlando Silva de Jesus Silva, a cerca das informações publicadas no jornal O GLOBO, de 1º de junho, que menciona as exigências feitas pela FIFA para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
Obs.: o andamento da proposição fora desta Casa Legislativa não é tratado pelo sistema, devendo ser consultado nos órgãos respectivos.
Andamento:3/6/2009 PLENÁRIO (PLEN)
Apresentação do Requerimento de Informação pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Clique para obter a íntegra

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abstenção eleitoral e cidadania: problema ou sinal???


O tema da cidadania não é novo, e foi refletido vastamente por inúmeros autores no decorrer do desenvolvimento intelectual da modernidade ocidental. Adjetivo o tipo de modernidade ao qual me refiro, pois acredito existirem outras modernidades fora do tempo e espaço do Ocidente europeizado.

Em termos gerais, a cidadania define os que são membros de uma sociedade comum. Tão simples como isso? Não, ao contrário, tarefa muito complexa e cheia de meandros. Atualizada as visões clássicas de cidade e cidadania herdada dos gregos, desde os estudos de T. H. Marshall que se entende a cidadania como uma manifestação política. Mas, no meu ponto de vista, não só, visto que surgem da sua prática dois problemas, que se forem observados apenas pela sua dimensão política não é possível alcançar a sua total compreensão.

Para dar apenas um exemplo, o problema de quem pode exercer a cidadania e em que termos não é apenas uma questão do âmbito legal da cidadania e da sua natureza formal em termos dos direitos que ela assegura de acordo com cada tipo de sociedade. É, também, e eu diria, muito mais, uma questão de capacidades não-políticas dos cidadãos, derivadas dos recursos sociais que eles dominam e a que têm acesso.

Dito em palavras simples, não bastam os direitos formais, é preciso igualdade de participação, e não apenas no nível jurídico, de direitos assegurados. Não basta, embora seja um passo importantíssimo, assegurar o direito de voto, é preciso inserir os cidadãos no processo eleitoral. De uma forma alegórica, não basta dar o direito ao acesso ao lago e uma vara de pescar, é preciso ensinar a ser pescador.

Nas sociedades modernas, a participação na administração comum é feita através da governação dos Estados-nação, através da suas organizações de poder, mais ou menos idênticas nas realidades democráticas. Com algumas distinções, a maioria das democracias contemporâneas são quase todas elas representativas, e a participação na governação se faz essencialmente através do voto depositado na urna, como forma de confiança a um representante considerado legítimo para ser procurador dos seus direitos civis, falar em nome e legislar junto às instituições governamentais e de poder da sociedade.

Entretanto, a crise da representação, um fato que não é novo, se intensifica a cada nova temporada eleitoral. Uma prova dessa realidade está no crescente número de abstenções de votos nas eleições, em geral, um pouco por todo o lado do mundo ocidental moderno. Nos regimes parecidos com o brasileiro, onde o voto é obrigatório, nota-se seja na quantidade de votos nulos, propriamente, seja na dispersão de votos em candidatos cada vez mais variados, distanciados ou mesmo desprovido de qualquer referencial de orientação política consistente.
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Isso é mais visível caso de regimes eleitorais não obrigatórios, como o de muitos países europeus, e do próprio sistema de representantes da Comunidade Européia, os euro-deputados. Nas últimas eleições realizadas, o Parlamento Europeu divulgou um número provisório que é, senão desolador, assustador. A elevada abstenção destas eleições, que registou um novo recorde, 56,61% (contra os 54,6% alcançados em 2004), mostra que mais da metade dos eleitores, dito de outra maneira, os cidadãos europeus, não quer participar da vida política de suas sociedades.

Esta, claro, é uma conclusão muito simplista, evidentemente. A questão fundamental a saber é se os cidadãos não querem mesmo “participar na vida política”, ou, o que acredito, não querem mais “participar desse sistema” de representação, que não representa?

Em qualquer uma das respostas que forem alcançadas, uma coisa é fundamental, e para voltar ao tema da instrodução deste texto, é preciso reeducar os cidadãos ao processo de cidadania. Não basta inserí-los no grupo, é preciso capacitá-los com habilidades e potencialidades para exercer o seu direito de cidadania. É preciso desenvolver e reativar o gosto pela cultura política, pelo debate, pela disputa, pelo entendimento do jogo, e das regras do jogo.

Como ninguém nasce sabendo falar, nem a andar de bicicleta, também não nascemos sabendo ser cidadãos e a votar. A igonorância ainda é a maior arma utilizada pelos colonizadores para oprimir os colonizados. A preguiça em instruir-se é outra arma poderosa. Mas, esta última, sempre solta o tiro pela culatra, e o alvo é sempre aquele que faz uso dela.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cegueira metafórica, realidade social concreta!


Saramago, em seu livro “Ensaio Sobre a Cegueira” descreve uma metáfora bastante lúcida da incapacidade humana em construir laços de solidariedade, mesmo diante de uma tragédia comum. O escritor português relata com bastante sensibilidade como as pulsões mais instintivas e/ou bárbaras corroem uma sociedade pautada no desprezo à vida e ao seu semelhante. Uma explosão anômica sem precedentes, que não escolhe grupo social, gênero ou etnia.

A lógica da cegueira humana se configura, nesta direção, na incompreensão coletiva de como se engendram todas as formas de exploração de homens, mulheres e crianças; o porquê de existir tanta desigualdade social e concentração de renda; e a naturalização da violência e suas dimensões físicas e simbólicas. É esta mesma cegueira que inviabiliza lutas sociais mais conscientes; que lança à margem aqueles que nunca terão acesso ao processo de escolarização e que, por esta mesma razão, correm o risco de serem inempregáveis e mais propensos à indigência.

Contraditoriamente, combatemos exaustivamente, nossos pares. Plantamos e semeamos a discórdia e nos vangloriamos de representarmos lideranças desagregadoras. Sabotamos projetos alheios e nos aliamos a determinadas concepções políticas que favorecem a acumulação do capital privado à custa da produção coletiva pública. Nossos interesses se definem tão-somente naquilo que é mais mediato e, portanto, totalmente descolado dos nexos históricos que medeiam nossas relações laborais e afetivas.

Uma sociedade sitiada pela cegueira metafórica é promotora de todos os desmandos nas realidades políticas, econômicas e cultural; não por acaso, o mundo está em crise pela arrogância dos “mercadores de almas”, que decidem quem poderá comer hoje e amanhã. Os danos são irreparáveis e inconseqüentes. E enquanto isso, os cegos marcham incólumes, embrutecidos, esperando quem sabe, uma redenção metafísica atemporal, anistórica, desprovida de toda e qualquer materialidade.

domingo, 31 de maio de 2009

Querem destruir o tempo! Tempo, tempo, tempo...

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"As leis da natureza não fazem diferença entre a direção para frente e a direção para trás do tempo. Pois, existem pelo menos três setas do tempo que distinguem o passado do futuro: a seta termodinâmica, a direção do tempo no qual a desordem cresce; a seta psicológica, a direção do tempo, na qual nós lembramos o passado e não o futuro; e a seta cosmológica, a direção do tempo na qual o universo se expande e não se contrai" (Stephen Hawking).
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Prigogine acha, que o mundo possui uma variedade ilimitada de tempos internos. Concordo com essa interpretação, mas não no sentido de uma postulação de uma variedade de tempos correndo um atrás do outro, mas no sentido da existência de várias ordens de tempo, que geram nos setores da sua validez as mais variadas estruturas temporais. A afirmação da variedade do tempo seria mal-entendida se ela se imaginasse como uma relojoaria onde cada relógio seguiria o seu próprio ritmo.
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Variedade do tempo pode significar somente variedade das ordens do tempo.
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As teorias da destruição do tempo ultrapassam o seu objetivo porque elas partem de uma abstração falsa. O que acontece é a observação da destruição de uma ordem do tempo específica, por outra ordem do tempo específica, resultado da superposição de uma outra ordem do tempo.
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A destruição do tempo é impossível - (embora astrofísicos afirmam nas teorias sobre os buracos negros o contrário).

Oração ao Tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
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Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
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Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
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Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
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Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
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De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
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O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
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E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
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Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
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Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Para não nos acusarem de termos juízo político dopado

Bom, dizem que brasileiro tem memória curta... porém, digo eu, que os ciberbrasileiros começam a ter memória alargada.

Graças aos recursos de partilha em rede, a política passa a ser construída não por grupos de extrema fidelidade e afinidades, mas por uma Paidéia cibernética que troca suas experiências na arena virtual, e os atores desse imenso palco que é o Real, vão trocando impressões, conhecimentos, acumulando habilidades, potencialidades, tornando-se cidadãos pensantes, políticos conscientes.

É nesse intuito que valha a pena ler, e ler muito! Temos ótimos pensadores no Brasil, gente com espírito coletivista, humanista, libertário. Se tivermos (ainda) poucas habilidades para analisar os contextos complexos da política formal e interpretar os desenvolvimentos sempre mutantes dos polivalentes atores políticos que trocam de personagens a cada conveniência, podemos sempre recorrer à ajuda daqueles que fazem isso com mais propriedade e especialidade.

No caso da movimentação ciberativista que venho acompanhando neste blogue, o texto do eminente intelectual Emir Sader, publicado no site Carta Maior, dá-nos pistas de nomes que temos de ter em mente na hora de escolher o voto que vamos depositar nas urnas nas próximas eleições. Neste texto, Sader mostra-nos os esforços para destruir o patrimônio público brasileiro com a entrega da Petrobras. E, nas entrelinhas dos textos e contextos, relaciona os meandros da política e seus interesses nem sempre transparentes. Vejam, na seleção de Sader, os Senadores da República e suas preocupações. Mais que isso, vejam as motivações de suas preocupações. É uma lista de envergonhar... mas, serve para não sermos sempre julgados de “juízo dopado”, de termos memória curta.

Ressalto, em especial, o parágrafo que trata do enfadonho Azeredo. Como possui especial atenção para a gravidade daquilo que denominamos de AI5 Digital, ele escreve: “O senador Eduardo Azeredo, fundador do mensalão mineiro, poderia estar preparando já seu projeto de lei que quer censurar a internet.”


Leia o integral de Emir Sader em: http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=76549&Itemid=201

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

Nunca antes na historia do Brasil, a sociedade se organizou, mobilizou e pressionou as entidades públicas em prol de seus direitos de forma tão efetiva e pacifica como estamos fazendo agora no ciberativismo contra o PL 84/99, o AI5 digital.

Não podemos deixar esta constatação passar em branco, não se trata de um fato corriqueiro, mas sim de uma verdadeira revolução, uma revolução que não esta sendo televisionada, uma revolução que não tem mais volta, uma revolução plenamente democrática, o real exercício da cidadânia.

Contrariando todos os criticos, a Internet não nos transformou em alienados, muito pelo contrário nos libertamos das forças alienantes das mídias mono emitidas. Os “alienados” foram os primeiros a enxergar os malefícios do PL 84/99, os “alienados” foram os primeiros a divulgarem estes malificios. Chamar a sociedade conectada de alienada é ignorância ou cretinismo, sabe-se muito bem que a Internet com a sua riqueza e diversidade é um eco-sistema de pessoas, um eco-sistema social, onde a comunicação é apenas uma parte do contexto.

A informação das mídias de massa é extremamente volátil, é preciso um caro processo de repetição para que uma mensagem “média” para um “cidadão médio” ganhe dimensão. A midia de massa, em especial o radio e a televisão, possuem uma representativa capilaridade no Brasil, de forma que a mensagem volatil chega rapidamente à uma parcela significativa da população, e pronto! Vai ser bom não foi? O povo tem memória curta, não é verdade?

A Internet por outro lado possui características diferentes, sua capilaridade vem aumentando consideravelmente, mesmo com todo esforco despendido por autoridades e legisladores para inviabilizarem os centros involuntários de inclusão digital, as Lan Houses, ela continua crescendo. Computador e acesso estão ficando cada dia mais baratos. Por outro lado, na Internet a informação não é volátil, muito pelo contrário, ela é praticamente permanente, o que a transforma no habitat perfeito para o conhecimento. Estas características são os alicerces do sólido conhecimento colaborativo, construido por todos para todos, numa metáfora natural para o que chamamos de democracia: O poder emana do povo para o bem do povo.

Dentro deste cenário, construiu-se um ativismo diferente, um ativismo eficiente, o ativismo da cibercultura, da nossa cultura, o ciberativismo. Podemos citar diversos movimentos ciberativistas, mas vamos nos ater ao movimento contra o AI5 digital, que não se sabe exatamente quando ele iniciou, eu ao menos entrei nele em 2006, você pode estar entrando agora, isto não faz a menor diferença. O movimento ciberativista contra o AI5 digital é o mais espetacular de todos os movimentos democráticos, é o exercício pleno da democracia, não existe distinção de raça, orientação sexual, posicionamento político, ideologia, credo, e nem mesmo as limitações físicas impostas aos portadores de deficiência são barreiras para que exercamos nossa cidadânia, estamos todos juntos trabalhando para um bem comum!

Estamos pensando e agindo coletivamente, estamos nos “alfabetizando politicamente”, estamos reconhecendo nossos direitos, aprendendo a valorizar o próximo e, estamos aprendendo, como diz Dalai Lama que: uma enorme jornada começa com um pequeno passo. Podemos não perceber isto agora, mas nunca mais seremos os mesmos, estamos reconstruindo a história da democracia no Brasil, somos os agentes de mudança, dificilmente seremos enganados novamente, somos os revolucionários digitais, estamos fazendo a revolução mediada por computador, a revolução da era da participação. Alias por falar em participação, pouco importa o quanto ou como você participa, todos são igualmente importantes, seja aquele que divulga as informações, evangeliza novos ciberativistas, promove mobilizações, escreve a respeito, ou até mesmo aquele que participa dos atos, é um trabalho coletivo. Uma assinatura na petição, um post, uma twittada, uma mensagem no Orkut, tudo é importante, pois quando muitos fazem isto estamos disseminando a informação e estamos construindo uma atmosfera positiva para os parlamentares que estão do nosso lado defenderem nossos intereses na Câmara, para que o Ministro da Justiça se posicione de nosso lado, para que personalidades se posicionem de nosso lado.

É importante que você olhe no espelho, bata no peito e diga orgulhosamente: Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

One does not make friends. One recognizes them.


Quase um ano depois do último post neste blog (24.05.08), resolvi retornar a este sitio de descarrego e de fabricações. Neste tempo de ausência, não estive inerte, nem naquilo que muitos denominam de umbral intelectual ou psíquico. Ao contrário, estive num ócio criativo, auto-recriativo, auto-produtivo, em busca de mim mesmo, encontrando-me, perdendo-me, entregando-me... Foram tantas experiências, tantas, que dariam um bom livro, ou um extenso blogue. Porém, foram de outra ordem, todas do foro íntimo, não cabiam, por certo, serem partilhadas neste espaço público e coletivo, coisas que depois de serem filtradas pelas "lentes azuis", certamente perderiam o encanto ao serem tranladadas e transmutadas em "words" (palavras). Claro que, haveria tantas outras coisas que poderiam ser partilhadas aqui, mas resolvi me entregar à indolência de certas rotinas e obrigações, dedicando-me a outras e procurando saboreá-las por inteiro.

Nesse tempo, experimentei a última parte que me faltava na árdua tarefa de construção de ser um homem completo. E, tornei-me pai. Na ordem das coisas, já não suportava tantas ávores plantadas e um livro a empoeirar na estante, faltava-me o tal do filho. Não podia fazê-lo, ao menos nos moldes mais ortodóxos, então, resolvi adotar um gato. E fiz dele, meu filho. Como diz o adágio popular: "pai não é quem põe no mundo, mas quem cria". Neste caso, sou bom e bastante, PAI. E agora, sinto-me completo, tenho árvores plantadas, livro publicado, e um FILHO.

Ah! Também migrei, migrei e migrei novamente. Mas, isso são tantas linhas, e ainda ando meio preguiçoso para auto-etnografias (ou seria biografia???). Ficarão por escrever, ao menos, por ora.

Enfim, hoje, novamente nas terras de Cabral, na margem norte do Atlântico, no ponto zero da “civilização” eurocêntrica moderna, volto a tecer essas bem traçadas linhas (já não se pode dizer “mal traçadas”, pois o computador ajusta a linearidade e a retidão das linhas, assinalando em vermelho os erros grosseiros de ortografia, lol). De ir e vir, lá e cá, vou levando esta vida cigana que me aproxima e que me afasta das pessoas, pessoas que amo e que sinto falta. E já fazia falta, também, esses momentos regulares de descarrego, para mim, e para tantos leitores desconhecidos, e conhecidos, que nem eu próprio sabia que tinha tantos.

E, por falar nisso, quero agradecer a todos os leitores que me escreveram a assinalar seu descontentamento pela minha ausência neste ciberespaço real/virtual. Surpreendeu-me a quantidade de recados, mensagens e e-mail recebidos a me cobrar que voltasse à ativa. Pois bem, cá estou. E peço que digam a todos, da colônia e da metrópole, "Que fico!".

E para estes tantos e queridos amigos, dedico os versos da crônica de Paulo San’Ana, que transcrevo abaixo:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências (…).

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

E, acrescentando a sabedoria de Garth Enrichs (ou seira Vinícius????): "A gente não faz amigos, reconhece-os"