terça-feira, 30 de junho de 2009

Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia de Avanca, Portugal.


Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia

( 22 a 26 de Julho) - Abertas as inscrições para os workshops.


Grandes nomes do audiovisual contemporâneo estarão em AVANCA para orientar espaços de trabalho, reflexão e compromisso com o cinema de qualidade.
Entretanto, cerca de dois mil filmes de 71 países chegaram a Avanca. Curtas e longas-metragens, documentários e vídeos para uma competição onde só se exibem filmes inéditos em Portugal.
O Júri de selecção tem agora a difícil missão de os seleccionar.
A grande festa do cinema tem data marcada para Julho e é em Avanca!

WORKSHOPS

1 – “O tratamento poético da realidade complexa – da escrita à realização”
Orientador – Peter Brosens (Bélgica) e Jessica Woodworth (EUA)
Coordenador – Eduardo Condorcet

2 – “História prática do cinema”
Orientador – João Antunes e Manuel Mozos (Portugal)
Participação especial – João Salaviza
Coordenador – Armando Caramelo

3 – “Cinematografia - Direcção de fotografia com a luz disponível”
Orientador – Rimvydas Leipus (Lituânia)
Coordenador – Francisco Vidinha

4 – “Desenvolvimento de projectos cinematográficos – From Zero to Hero”
Orientador – Daniel Fumero e Vanessa Bocanegra (Espanha)
Coordenador – César Valentim

5 – “Humor e documentário”
Orientadora – Floriane Devigne (Suíça, Bélgica)
Coordenador – Graça Lobo

6 – “À procura de universos na animação”
Orientador –Yann Jouette (França)
Coordenador – Nuno Fragata

7 – “O actor no trabalho”
Orientador – Maria d’Aires (Portugal)
Coordenador – Jackas

Informações em http://www.avanca.com/
(com ligação para o regulamento, custos e a ficha de inscrição)

Contactos:
AVANCA’09
Cine-Clube de Avanca
3860-078 Avanca
Tel/fax – 234.880658

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Falecimento de Maria Ioannis Baganha


Hoje, quero destinar este espaço à homenagem de uma pessoa especial que deixou este plano. A professora Maria Ioannis Baganha, Doutora e investigadora do Centro de Estudos Sociais, em Portugal, uma das mais destacadas especialistas portuguesas em estudos sobre migrações. Compartilho das palavras do meu orientador de tese, Doutor Boaventura de Sousa Santos, diretor geral do CES, as quais transcrevo abaixo:
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“Perdemos a Maria, uma amiga solidária, uma investigadora sólida, uma companheira de lutas. A Maria era uma optimista, uma daquelas pessoas que empurra o mundo como se ele não tivesse peso. E sabia estar connosco com total abnegação, especialmente nos momentos em que tudo dependia dela. Abria portas como se fossem apenas sorrisos. Todos nós e muito especialmente os investigadores que trabalhavam mais junto dela temos a responsabilidade de continuarmos o trabalho dela com o mesmo espírito de solidariedade.”

Boaventura de Sousa Santos

sábado, 13 de junho de 2009

Rogo-te para ter inspiração! Ou, bebo para esquecer!


Viajando pelo mundo encantado da maior festa popular de Lisboa, encontrei um poema místico ao Santo, que não sei por que, despertou-me alguma devoção. Especialmente nessa fase de escrita de tese, começo a ficar sensível a tudo que for ajuda. Não acham que valhe la pena tentar acreditar???? Eu já estou a recitá-lo feito mantra, vejam:

Santo António, meu amigo,
rogo-te para ter inspiração.
Sabes o que escrevo e o que digo;
tenho as palavras no coração.
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Certo é que, se a festa não serviu para dar inspirações para a tese, serviu para esquecer a tortura. Afinal, ultimamente estou como o bêbado do pequeno príncipe, cantando assim: "Je bois pour oublier! Pour oublier que je bois!"

terça-feira, 9 de junho de 2009

As garras do colonizador: FIFA quer lei de propriedade intelectual mais severa como condição para fazer Copa no Brasil


Como nada neste mundo, atualmente, saí de graça, a imprensa tem divulgado que a FIFA está exigindo leis de propriedade intelectual mais rígidas no Brasil sob a pena de realização da Copa de 2014.

É sempre assim, em se tratando de interesses hegemônicos, dá-se algo de um lado, porém exige-se o dobro do outro. É um procedimento clássico quem nem se podia esperar diferente. Mas, a questão a ser analisada por nós, é justamente o interesse no ataque a já tão ameaçada Internet livre.

E depois dizem que essas instituições multilaterais não seguem cartilhas dos grandes interesses... balela! Aproveita-se o "oba-oba" do futebol, época em que tudo gira em torno da mesma temática de “paixão nacional” (outra balela machista e de marketing televisivo, pois a maioria da população brasileira é de mulheres, crianças e evangélicos que, salvo exceções, não ligam à mínima para o fubetol) e aprovam-se leis restritivas e dos interesses hegemônicos corporativos.

O Deputado Paulo Teixeira (PT) entrou com pedido de informações para tentarmos esclarecer se isso se soma aos ataques à Internet Livre. Vamos estar atentos e acompanhar!!!

Proposição: RIC-4001/2009 Clique para obter a íntegra
Autor: Paulo Teixeira - PT /SP
Data de Apresentação: 03/06/2009
Apreciação: .
Regime de tramitação: .
Ementa: Requer informações ao Senhor Ministro de Estado do Esporte, Excelentíssimo Senhor Orlando Silva de Jesus Silva, a cerca das informações publicadas no jornal O GLOBO, de 1º de junho, que menciona as exigências feitas pela FIFA para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
Obs.: o andamento da proposição fora desta Casa Legislativa não é tratado pelo sistema, devendo ser consultado nos órgãos respectivos.
Andamento:3/6/2009 PLENÁRIO (PLEN)
Apresentação do Requerimento de Informação pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Clique para obter a íntegra

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abstenção eleitoral e cidadania: problema ou sinal???


O tema da cidadania não é novo, e foi refletido vastamente por inúmeros autores no decorrer do desenvolvimento intelectual da modernidade ocidental. Adjetivo o tipo de modernidade ao qual me refiro, pois acredito existirem outras modernidades fora do tempo e espaço do Ocidente europeizado.

Em termos gerais, a cidadania define os que são membros de uma sociedade comum. Tão simples como isso? Não, ao contrário, tarefa muito complexa e cheia de meandros. Atualizada as visões clássicas de cidade e cidadania herdada dos gregos, desde os estudos de T. H. Marshall que se entende a cidadania como uma manifestação política. Mas, no meu ponto de vista, não só, visto que surgem da sua prática dois problemas, que se forem observados apenas pela sua dimensão política não é possível alcançar a sua total compreensão.

Para dar apenas um exemplo, o problema de quem pode exercer a cidadania e em que termos não é apenas uma questão do âmbito legal da cidadania e da sua natureza formal em termos dos direitos que ela assegura de acordo com cada tipo de sociedade. É, também, e eu diria, muito mais, uma questão de capacidades não-políticas dos cidadãos, derivadas dos recursos sociais que eles dominam e a que têm acesso.

Dito em palavras simples, não bastam os direitos formais, é preciso igualdade de participação, e não apenas no nível jurídico, de direitos assegurados. Não basta, embora seja um passo importantíssimo, assegurar o direito de voto, é preciso inserir os cidadãos no processo eleitoral. De uma forma alegórica, não basta dar o direito ao acesso ao lago e uma vara de pescar, é preciso ensinar a ser pescador.

Nas sociedades modernas, a participação na administração comum é feita através da governação dos Estados-nação, através da suas organizações de poder, mais ou menos idênticas nas realidades democráticas. Com algumas distinções, a maioria das democracias contemporâneas são quase todas elas representativas, e a participação na governação se faz essencialmente através do voto depositado na urna, como forma de confiança a um representante considerado legítimo para ser procurador dos seus direitos civis, falar em nome e legislar junto às instituições governamentais e de poder da sociedade.

Entretanto, a crise da representação, um fato que não é novo, se intensifica a cada nova temporada eleitoral. Uma prova dessa realidade está no crescente número de abstenções de votos nas eleições, em geral, um pouco por todo o lado do mundo ocidental moderno. Nos regimes parecidos com o brasileiro, onde o voto é obrigatório, nota-se seja na quantidade de votos nulos, propriamente, seja na dispersão de votos em candidatos cada vez mais variados, distanciados ou mesmo desprovido de qualquer referencial de orientação política consistente.
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Isso é mais visível caso de regimes eleitorais não obrigatórios, como o de muitos países europeus, e do próprio sistema de representantes da Comunidade Européia, os euro-deputados. Nas últimas eleições realizadas, o Parlamento Europeu divulgou um número provisório que é, senão desolador, assustador. A elevada abstenção destas eleições, que registou um novo recorde, 56,61% (contra os 54,6% alcançados em 2004), mostra que mais da metade dos eleitores, dito de outra maneira, os cidadãos europeus, não quer participar da vida política de suas sociedades.

Esta, claro, é uma conclusão muito simplista, evidentemente. A questão fundamental a saber é se os cidadãos não querem mesmo “participar na vida política”, ou, o que acredito, não querem mais “participar desse sistema” de representação, que não representa?

Em qualquer uma das respostas que forem alcançadas, uma coisa é fundamental, e para voltar ao tema da instrodução deste texto, é preciso reeducar os cidadãos ao processo de cidadania. Não basta inserí-los no grupo, é preciso capacitá-los com habilidades e potencialidades para exercer o seu direito de cidadania. É preciso desenvolver e reativar o gosto pela cultura política, pelo debate, pela disputa, pelo entendimento do jogo, e das regras do jogo.

Como ninguém nasce sabendo falar, nem a andar de bicicleta, também não nascemos sabendo ser cidadãos e a votar. A igonorância ainda é a maior arma utilizada pelos colonizadores para oprimir os colonizados. A preguiça em instruir-se é outra arma poderosa. Mas, esta última, sempre solta o tiro pela culatra, e o alvo é sempre aquele que faz uso dela.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cegueira metafórica, realidade social concreta!


Saramago, em seu livro “Ensaio Sobre a Cegueira” descreve uma metáfora bastante lúcida da incapacidade humana em construir laços de solidariedade, mesmo diante de uma tragédia comum. O escritor português relata com bastante sensibilidade como as pulsões mais instintivas e/ou bárbaras corroem uma sociedade pautada no desprezo à vida e ao seu semelhante. Uma explosão anômica sem precedentes, que não escolhe grupo social, gênero ou etnia.

A lógica da cegueira humana se configura, nesta direção, na incompreensão coletiva de como se engendram todas as formas de exploração de homens, mulheres e crianças; o porquê de existir tanta desigualdade social e concentração de renda; e a naturalização da violência e suas dimensões físicas e simbólicas. É esta mesma cegueira que inviabiliza lutas sociais mais conscientes; que lança à margem aqueles que nunca terão acesso ao processo de escolarização e que, por esta mesma razão, correm o risco de serem inempregáveis e mais propensos à indigência.

Contraditoriamente, combatemos exaustivamente, nossos pares. Plantamos e semeamos a discórdia e nos vangloriamos de representarmos lideranças desagregadoras. Sabotamos projetos alheios e nos aliamos a determinadas concepções políticas que favorecem a acumulação do capital privado à custa da produção coletiva pública. Nossos interesses se definem tão-somente naquilo que é mais mediato e, portanto, totalmente descolado dos nexos históricos que medeiam nossas relações laborais e afetivas.

Uma sociedade sitiada pela cegueira metafórica é promotora de todos os desmandos nas realidades políticas, econômicas e cultural; não por acaso, o mundo está em crise pela arrogância dos “mercadores de almas”, que decidem quem poderá comer hoje e amanhã. Os danos são irreparáveis e inconseqüentes. E enquanto isso, os cegos marcham incólumes, embrutecidos, esperando quem sabe, uma redenção metafísica atemporal, anistórica, desprovida de toda e qualquer materialidade.