domingo, 7 de outubro de 2007
O poder nas pedras e das pedras!
As pedras sempre foram entendidas como sinônimo de poder. Cristo virou-se para aquele a quem outorgaria o futuro de sua empreitada neste mundo dizendo: "Simão, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". Tenho percorrido algumas cidades de Portugal e da Europa e grande parte dos monumentos que resistiram aos tempos e que demonstram o grande poder destas cidades e regiões são monumentos de pedras: castelos, fortificações, edifícios, conventos, mosteiros, catedrais, tribunais, pelourinhos, cruzes, tudo de pedra. Símbolos da autoridade e da resistência do poder. Um poder que esmaga pelo peso e pela densidade.Alguns muitos deste monumentos hoje encontram-se cobertos de limo empretecido e desgastados pelo tempo, pois mesmo as pedras um dia viram areia. De fato, um dos grandes intelectuais já apregoava que "tudo o que é sólido se desmancha no ar". O engraçado é que os elementos que desgastam estas grandes e opulentas obras são muito menos densos que elas. O vento e a água são as armas destrutíveis fluídas que mais atacam a firmeza de uma rocha sólida. Entretanto não se bastam por si só, precisam estar aliados a outro elemento não palpável e muito mais fluído e etéreo, o tempo. Esta combinação torna-se implacável: vento, água e tempo põe a baixo qualquer castelo de pedra. Mais cedo, ou mais tarde, um dia são vencidos.
Fazem já alguns anos que venho a sentir o poder das pedras sobre mim. Nas minhas últimas análises uma ecografia revelou que tinha uma coleção privada delas. Meu médico disse-me que sou uma fábrica humana de pedras (antes fosse de poder, mas nesse caso sou eu o dominado). Atualmente são quatro no rim esquerdo, três no direito e uma na bexiga, a marcar presença forte e determinar o seu poder forte e denso sobre mim. Ontem e hoje tenho estado sob a égide do lito-poder (no linguajar médico, a sofrer de cólicas renais agudas). Graças a boa ciência moderna ocidental, existem fármacos líquidos, injetáveis e bastante fluídos que conseguem minimizar os efeitos tortuosos do lito-poder e a eles tenho recorrido na esperança de não ser oprimido até o limite do insuportável. E a receita para evitar o lito poder ainda continua a ser a mesma: água e tempo (ou seria melhor dizer, água e paciência?).
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