Fazer um mestrado ou um doutoramento nunca é uma tarefa fácil. Só é fácil quando ele não é bem feito. O processo de adaptação à vida acadêmica é sempre tortuoso, começa no curso universitário, sendo inúmeras vezes intensificadas a partir do mestrado, com seus prazos cada vez mais reduzidos, falta de financiamento, com as duplas jornadas de trabalho e estudo tendo que ser levadas conjuntamente, etc. No doutoramento, em geral, tudo isso ainda é em duplicado. E tem a tal da Tese que precisa ser escrita, que exige tempo, criatividade, concentração, dedicação, inovação, relevância, pertinência, coerência e uma série de outros adjetivos que seria impossível listar todos, pois crescem a cada dia.
Os estudantes/pesquisadores brasileiros estão tão habituados a terem desses problemas durante o seu período de formação que resolveram arranjar explicações extra-científicas para justificar os seus infortúnios. Foram buscar na mitologia afro-brasileira uma possível causa e parecem ter encontrado. Trata-se da existência de um Exu.
Na comunidade virtual do Orkut foi criada uma comunidade intitulada “Exu Tranca Tese”, com a seguinte descrição:
Incrivelmente, apesar de contar basicamente com a maioria dos membros sendo “cientistas”, que por natureza procuram ser extremamente racionais, ela já conta hoje com 1084 membros. Eu sou um dentre eles, off course.“Você está na reta final da sua tese, dissertação ou monografia??? Você sente que existe uma força misteriosa que tira seu ânimo? Faz seu orientador adoecer ou sumir do mapa inexplicavelmente? Seu computador quebra ou é roubado com todos os seus dados e análises? Lamento ser o portador dessa má notícia, mas...VOCÊ TEM UM EXU TRANCA TESE NA SUA VIDA!!! Junte-se a nós para exorcizar essa entidade que tantos problemas nos traz!!!”.
E quantos dentre estes 1084 que já foram assolados pela entidade perversa não teve o desprazer de se deparar com a famosa “tela azul” com a inscrição: “Has occurred a fatal error ....” ao utilizar o sistema operativo Windows da Microsoft? Tenho certeza que a grande maioria!!! E quando isso acontece nas vésperas de ter de entregar um projeto importante, um artigo com um dead-line apertadíssimo, no dia de imprimir a tese para entregar para a banca, ou situações semelhantes é que as pessoas começam a especular a possibilidade de encontrar uma alternativa e acreditar no tal do Exu. Pois é, isso também me aconteceu. Não uma, mas várias vezes. A mais recente foi ontem... depois de ter passado por uma experiência terrível no meio do ano, na véspera da qualificação do meu projeto de tese. Foi uma daquelas coisas que as vezes parecem não ter explicações racionais e que nos fazem acreditar naqueles planos mitológicos que povoam o imaginário social. Por isso nem pensei duas vezes, juntei-me ao grupo para exorcizar o encosto imediatamente.
Depois de refletir pra cá e pra lá, percebi que em todas as vezes que me acontecem coisas que atrapalham a vida, tais coisas estão sempre relacionadas com as diabruras da Microsoft, ou ao menos são frutos das impossibilidades que ela provoca no andamento dos meus trabalhos. Por isso, queria dizer aos meus caros confrades da comunidade que identifiquei o nome e o sobrenome do meu Exu, chama-se: Microsoft Windows.
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