sexta-feira, 22 de maio de 2009

One does not make friends. One recognizes them.


Quase um ano depois do último post neste blog (24.05.08), resolvi retornar a este sitio de descarrego e de fabricações. Neste tempo de ausência, não estive inerte, nem naquilo que muitos denominam de umbral intelectual ou psíquico. Ao contrário, estive num ócio criativo, auto-recriativo, auto-produtivo, em busca de mim mesmo, encontrando-me, perdendo-me, entregando-me... Foram tantas experiências, tantas, que dariam um bom livro, ou um extenso blogue. Porém, foram de outra ordem, todas do foro íntimo, não cabiam, por certo, serem partilhadas neste espaço público e coletivo, coisas que depois de serem filtradas pelas "lentes azuis", certamente perderiam o encanto ao serem tranladadas e transmutadas em "words" (palavras). Claro que, haveria tantas outras coisas que poderiam ser partilhadas aqui, mas resolvi me entregar à indolência de certas rotinas e obrigações, dedicando-me a outras e procurando saboreá-las por inteiro.

Nesse tempo, experimentei a última parte que me faltava na árdua tarefa de construção de ser um homem completo. E, tornei-me pai. Na ordem das coisas, já não suportava tantas ávores plantadas e um livro a empoeirar na estante, faltava-me o tal do filho. Não podia fazê-lo, ao menos nos moldes mais ortodóxos, então, resolvi adotar um gato. E fiz dele, meu filho. Como diz o adágio popular: "pai não é quem põe no mundo, mas quem cria". Neste caso, sou bom e bastante, PAI. E agora, sinto-me completo, tenho árvores plantadas, livro publicado, e um FILHO.

Ah! Também migrei, migrei e migrei novamente. Mas, isso são tantas linhas, e ainda ando meio preguiçoso para auto-etnografias (ou seria biografia???). Ficarão por escrever, ao menos, por ora.

Enfim, hoje, novamente nas terras de Cabral, na margem norte do Atlântico, no ponto zero da “civilização” eurocêntrica moderna, volto a tecer essas bem traçadas linhas (já não se pode dizer “mal traçadas”, pois o computador ajusta a linearidade e a retidão das linhas, assinalando em vermelho os erros grosseiros de ortografia, lol). De ir e vir, lá e cá, vou levando esta vida cigana que me aproxima e que me afasta das pessoas, pessoas que amo e que sinto falta. E já fazia falta, também, esses momentos regulares de descarrego, para mim, e para tantos leitores desconhecidos, e conhecidos, que nem eu próprio sabia que tinha tantos.

E, por falar nisso, quero agradecer a todos os leitores que me escreveram a assinalar seu descontentamento pela minha ausência neste ciberespaço real/virtual. Surpreendeu-me a quantidade de recados, mensagens e e-mail recebidos a me cobrar que voltasse à ativa. Pois bem, cá estou. E peço que digam a todos, da colônia e da metrópole, "Que fico!".

E para estes tantos e queridos amigos, dedico os versos da crônica de Paulo San’Ana, que transcrevo abaixo:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências (…).

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

E, acrescentando a sabedoria de Garth Enrichs (ou seira Vinícius????): "A gente não faz amigos, reconhece-os"

6 comentários:

Chris Mayer disse...

Tá, né, coisa boa tem que ser mesmo...
Oi, grande grande beijo
Chris

Anónimo disse...

Que bommmmm!
Eu tava com saudades das tuas postagens. Nunca desisti de insistir pq sabia que um dia ia voltar a escrever. Vale a pena insistir, né? Yupiiiii.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Viva! Já adicionei nos meus favoritos! ;)
Joe

Eleonora Schiochetti disse...

Querido Adalto,
que bom teres retomado teus "descarregos" e com um brinde tão especial: "à amizade!"
Abraços saudosos das terras mineiras,
Eleonora

Maíra G. (Sampa.Org) disse...

Tá lindo, vai ser um prazer acompanhar novamente o teu blog. Jinhus, Maíra G.