sexta-feira, 6 de junho de 2008

Tudo que se torna digital, se torna free na Internet

Um dos livros mais comentados ultimamente na Internet, e que nem foi lançado ainda, mas já é uma espécie de febre entre o mundo cyber pelo tamanho do número de postagens nos blogues e jornais electrónico, é o “Free” (Livre), de Chris Anderson, o mesmo autor de “The Long Tail" (Cauda Longa). Tomei conhecimento desse autor ao ver o anúncio da palestra que ele concedeu em São Paulo, organizada pela Telefônica para seus clientes.

Andreson, americano típico, é director de redacção da revista Wired Magazine, uma importante publicação que vale la pena acompanhar. Não exactamente pela sua qualidade editorial, mas pelas novidades tecnológicas e pela preocupação na divulgação de inovações e tendências.

Em sua palestra, Anderson causou espanto na plateia ao defender a sua tese polémica de que “tudo que pode se tornar digital se tornará digital, por força de suas razões económicas. E tudo que se torna digital, se torna free na Internet”. Ele, como bom especialista em negócios desta nova era, já não tem tanta resistência de aceitar um paradigma que vem sendo anunciado a muitos anos pelos hackers e adeptos da cultura livre. Resistem os reaccionários acomodados, só duvido que seja por muito tempo.

Na sua avaliação, o mercado da música vai muito bem, obrigado! Segundo ele, os shows dos artistas estão a dar bons resultados e lucros crescentes, e o público não tem deixado de seguir seus astros. Os direitos pagos por emissão de músicas em programas televisivos e rádios, que sempre facturaram verdadeiras fortunas através do pagamento dos patrocinadores por publicidades continuam a dar bons resultados. E os artistas continuam a ficar famosos, e os que caem no gosto popular a enriquecer, comprar seus belos carros e mansões.

O que existe de novo é o espaço para os novos grupos, que estão a encontrar na Internet um lugar para divulgarem seus trabalhos e iniciarem suas carreiras. E lembra que uma indústria milionária tem vindo a ter prejuízos e tende a desaparecer, a indústria fonográfica e as vendas de CDs. Porém, segundo ele, isso é uma tendência natural. A indústria e o comércio de vinil desapareceu e foi substituída pela dos CDs. Agora é a vez do CD ser substituído pelo serviço de disponibilização digital.

Afirmou, ainda, que na China os músicos pararam de combater a pirataria na Internet e tornaram-se aliados a ela. Ao contrário, estão utilizando a pirataria como meio para divulgarem seus trabalhos e sua imagem. Os artistas chineses, no entanto, tiveram de se adaptar aos novos tempos, e já não ganham mais dinheiro com a venda dos CDs, e sim com o que ele denomina de “apresentações corporativas”. Não sei o que isso significa, mas penso que deve ser uma nova forma de transformar a arte (música) em mercadoria (dinheiro).

2 comentários:

Anónimo disse...

Não partilho dessa opinião. Penso que a Internet se tornou o novo mercado do nosso tempo. Pense bem, simplesmente para ter acesso a ela nós já temos que pagar. Tudo na Internet é cobrado, é puro comércio. Como pode tornar tudo free????

Fly (o que vê azul) disse...

Caro amigo/a:

Tens, de facto, alguma razão na tua leitura. Porém, não toda!
É verdade que a Internet passou a ser dominada pelos interesses de mercado, mas o ciberespaço é maior do que a dominação que fazem dele.
Eu costumo pensar que a Internet é o espelho recriado da sociedade real em que vivemos. Também na nossa sociedade quase tudo é cobrado. Para uma criança vir ao mundo existe um custo, que se não for pago directamente pelos pais, é pago indirectamente pelo governo, através da colecta de impostos de toda a sociedade. A última ação nossa nesse mundo é sempre a emissão de uma nota fiscal de serviço de funeral. Já reparaste nisso? Pois, é... mas nem tudo nesse mundo é mercadoria. Existem muitas outras formas de ações sociais, individuais e colectivas que são de outra ordem. Também existem esses momentos na Internet. Veja bem, para ter acesso à rede, você tem de pagar, mas para teclar com seu amigo no MSN, não. Você pode partilhar uma série de coisas pela Internet de forma gratuíta, através de troca, ou simplesmente, de oferta. Você já reparou na quantidade de conteúdos disponíveis na Internet sem custo nenhum??? Já reparou quantos programas estão disponíveis completamente gratuítos??? Existe sim um mercado no ciberespaço, mas existe onde a sociedade vive do mercado. Se não vivessemos numa sociedade baseada no capital, a Internet não seria mercadorizada. Não concordas?