domingo, 13 de março de 2011

Uma multidão em Lisboa num grito de protesto

Milhares de pessoas de várias gerações encheram hoje (12/03/11) as ruas de norte a sul de Portugal num grito de protesto e apoio à chamada geração à rasca (geração em falência).


Em Lisboa, a Avenida da Liberdade encheu do Marquês de Pombal até o Rossio. Unidos no protesto três gerações, pais, filhos e avós quiseram dizer basta à falta de emprego, precariedade na assistência social e também à falta de perspetivas de futuro.


200 mil pessoas em Lisboa
80 mil no Porto
8 mil em Coimbra
e muitas espalhadas em diversas outras cidades de Portugal.
(Considerando-se a população de Portugal, é uma multidão que vai às ruas!)

Não foi apenas uma manifestação de jovens desempregados, sem educação ou acesso à emprego... foi uma manifestação que uniu diversas gerações protestando por melhores condições de vida, por maior moralidade na vida política, por aplicação digna dos recursos públicos, por diversão lazer, cultura e cidadania, etc.

A manifestação começou a ser organizada pela internet e rapidamente conseguiu adesão dos principais movimentos e associações civis e políticas, sindicatos, ONGs, etc.

Vejam as imagens... elas falam mais que palavras:

terça-feira, 8 de março de 2011

O HOMEM está colocado onde termina a terra; a MULHER, onde começa o céu.

Estimadas MULHERES...

Hoje é um dia muito especial!

Podíamos traçar várias linhas desejando felicidades e tecendo agradecimentos para todas essas criaturas maravilhosas que nos acompanham diariamente. Entretanto, amanhã se inicia um novo dia e a história continua... e a história não é feita nem só de homens, nem só de mulheres, mas, da união indiscutível e necessária desses dois grupos de seres.

Felizmente, parece estarmos adentrando em uma era da consciência da complementaridade dos gêneros, embora, ainda há muita diferença para ser superada e muito preconceito para ser banido.

Gostaria de dar meus parabéns a todas as mulheres com uma reflexão de um dos mais eruditos pensadores do século XIX, Victor Hugo. Suas palavras ainda carregam uma forte contaminação pelo imaginário “falocêntrico” da época, mas, alenta um desiderato que aponta para um sentido de complementaridade.

Que seja esse o nosso compromisso nesta data alusiva à todas as MULHERES.

PARABÉNS A TODAS E A CADA UMA EM ESPECIAL!

O Homem e a Mulher

(Victor Hugo)

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher, o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar.
O trono exalta e o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o génio; a mulher é o anjo. O génio é imensurável; o anjo é indefenível;
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude, a divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas.
A razão convence e as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece e o martírio purifica.
O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pensando sobre a(s) "ajuda(s)" e os Cavalos de Tróia

"Cavalo de Tróia, o famoso presente de grego"

A distribuição gritantemente desigual da riqueza e da renda nos países industrializados tem paralelo nos modelos semelhantes de má distribuição entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.

Os programas de ajuda econômica e tecnológica aos países em desenvolvimento são frequentemente usados por companhias multinacionais para explorar a mão-de-obra e os recursos naturais desses países, e para encher os bolsos de uma elite pequena e corrupta.
É o que diz a cínica frase: "A ajuda econômica consiste em tirar dinheiro das pessoas pobres dos países ricos e dá-lo às pessoas ricas dos países pobres".

Presente de grego????

O resultado dessas práticas é a perpetuação de um "equilíbrio de pobreza" nos países em desenvolvimento, onde a vida das pessoas não ultrapassa o nível de subsistência.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ecologia de saberes: (Pai Arnápio - 1.000) versus (Pré-Sal - 0)


Num país de tantas contradições, com fartura de riquezas naturais e muita fome, que tem petróleo em abundância e pobreza igualmente imensa, que tem cultura culta e ignorância endêmica, temos também as ferramentas necessárias para viver com essas antíteses bipolares todas.

Se não temos políticos, médicos, seguridade social, segurança pública, honestidade e realizações, temos ao menos os artífices promotores de situações melhores.

Como diz o anúncio (imagem abaixo), se tu sofres? Pai Arnápio resolve, basta procurar com fé, o resto ele faz.

Ora, pois! Quem acredita nos políticos brasileiros, no sistema biomédico falido, na segurança pública ambivalente, no petróleo que não gera riqueza e nas Olimpíadas que serão um sucesso, pode bem acreditar no Pai Arnápio... por que, não?

Em época de ecologia de saberes e de falta de alternativas sólidas, onde tudo se desmancha no ar, não custa tentar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Idéias cíclicas - idas e voltas!!! Haja disposição dos neurônios

Isa - instituto socio-ambiental, etnia Araweté, Pajé Moinayärä (peye) em transe e o chocalho aray em cerimônia do cauim doce. Foto: Eduardo Viveiros de Castro, 1982.

De vez em quando me deparo com umas ideias tão circulares...

Deve ser a tal lógica cíclica de ir e retornar ao mesmo ponto. Ou, seria a lógica da incompletude, de não conseguir chegar e preferir voltar oa ponto inicial?

Se algum filósofo de plantão, com tempo sobrando, e com vontade para decifrar enunciados herméticos puder me ajudar com essa formulação do CAPRA, agradeceria.

Depois, tem uma missão para os gramáticos da Língua Portuguesa se descabelarem com essa coisa da repetição de palavras no mesmo período. Sei que essas regras gramaticais servem apenas para incompletos, como eu - eternos doutorandos, pois os já completos, usam e abusam disso que a regra diz ser um vício de linguagem. E por esses erros, são considerados "Filósofos". Afê!

Cito o fragmento do meu espanto:

"A NATUREZA é o corpo inorgânico do HOMEM - isto é, a NATUREZA, na medida em que ela própria não é o corpo humano. 'O HOMEM vive na NATUREZA' significa que a NATUREZA é o seu corpo, com o qual ele deve permanecer em contínuo intercurso se não quiser morrer. Que a vida física e espiritual do HOMEM está vinculada à NATUREZA significa, simplesmente, que a NATUREZA está vinculada a si mesma, pois o HOMEM é parte da NATUREZA"

(CAPRA, Fritjof. In: O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 199).


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

CAMPANHA:
VAMOS SEGUIR A RECOMENDAÇÃO DE EÇA DE QUEIROZ EM OUTUBRO DE 2010. NÃO REELEGER NINGUÉM DESSA CORJA SUJA E PODRE. VAMOS TROCAR GERAL, PRA VER SE CONSEGUIMOS RENOVAR A POLÍTICA, OU AO MENOS, DESESTABILIZAR AS REDES DE RELAÇÕES IMUNDAS QUE SE ENCONTRAM CRISTALIZADAS NO CONGRESSO BRASILEIRO.

Imprima esse símbolo e mande fazer adesivos para carros e distribua entre os amigos.
É barato e vale a pena!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia de Avanca, Portugal.


Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia

( 22 a 26 de Julho) - Abertas as inscrições para os workshops.


Grandes nomes do audiovisual contemporâneo estarão em AVANCA para orientar espaços de trabalho, reflexão e compromisso com o cinema de qualidade.
Entretanto, cerca de dois mil filmes de 71 países chegaram a Avanca. Curtas e longas-metragens, documentários e vídeos para uma competição onde só se exibem filmes inéditos em Portugal.
O Júri de selecção tem agora a difícil missão de os seleccionar.
A grande festa do cinema tem data marcada para Julho e é em Avanca!

WORKSHOPS

1 – “O tratamento poético da realidade complexa – da escrita à realização”
Orientador – Peter Brosens (Bélgica) e Jessica Woodworth (EUA)
Coordenador – Eduardo Condorcet

2 – “História prática do cinema”
Orientador – João Antunes e Manuel Mozos (Portugal)
Participação especial – João Salaviza
Coordenador – Armando Caramelo

3 – “Cinematografia - Direcção de fotografia com a luz disponível”
Orientador – Rimvydas Leipus (Lituânia)
Coordenador – Francisco Vidinha

4 – “Desenvolvimento de projectos cinematográficos – From Zero to Hero”
Orientador – Daniel Fumero e Vanessa Bocanegra (Espanha)
Coordenador – César Valentim

5 – “Humor e documentário”
Orientadora – Floriane Devigne (Suíça, Bélgica)
Coordenador – Graça Lobo

6 – “À procura de universos na animação”
Orientador –Yann Jouette (França)
Coordenador – Nuno Fragata

7 – “O actor no trabalho”
Orientador – Maria d’Aires (Portugal)
Coordenador – Jackas

Informações em http://www.avanca.com/
(com ligação para o regulamento, custos e a ficha de inscrição)

Contactos:
AVANCA’09
Cine-Clube de Avanca
3860-078 Avanca
Tel/fax – 234.880658

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Falecimento de Maria Ioannis Baganha


Hoje, quero destinar este espaço à homenagem de uma pessoa especial que deixou este plano. A professora Maria Ioannis Baganha, Doutora e investigadora do Centro de Estudos Sociais, em Portugal, uma das mais destacadas especialistas portuguesas em estudos sobre migrações. Compartilho das palavras do meu orientador de tese, Doutor Boaventura de Sousa Santos, diretor geral do CES, as quais transcrevo abaixo:
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“Perdemos a Maria, uma amiga solidária, uma investigadora sólida, uma companheira de lutas. A Maria era uma optimista, uma daquelas pessoas que empurra o mundo como se ele não tivesse peso. E sabia estar connosco com total abnegação, especialmente nos momentos em que tudo dependia dela. Abria portas como se fossem apenas sorrisos. Todos nós e muito especialmente os investigadores que trabalhavam mais junto dela temos a responsabilidade de continuarmos o trabalho dela com o mesmo espírito de solidariedade.”

Boaventura de Sousa Santos

sábado, 13 de junho de 2009

Rogo-te para ter inspiração! Ou, bebo para esquecer!


Viajando pelo mundo encantado da maior festa popular de Lisboa, encontrei um poema místico ao Santo, que não sei por que, despertou-me alguma devoção. Especialmente nessa fase de escrita de tese, começo a ficar sensível a tudo que for ajuda. Não acham que valhe la pena tentar acreditar???? Eu já estou a recitá-lo feito mantra, vejam:

Santo António, meu amigo,
rogo-te para ter inspiração.
Sabes o que escrevo e o que digo;
tenho as palavras no coração.
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Certo é que, se a festa não serviu para dar inspirações para a tese, serviu para esquecer a tortura. Afinal, ultimamente estou como o bêbado do pequeno príncipe, cantando assim: "Je bois pour oublier! Pour oublier que je bois!"

terça-feira, 9 de junho de 2009

As garras do colonizador: FIFA quer lei de propriedade intelectual mais severa como condição para fazer Copa no Brasil


Como nada neste mundo, atualmente, saí de graça, a imprensa tem divulgado que a FIFA está exigindo leis de propriedade intelectual mais rígidas no Brasil sob a pena de realização da Copa de 2014.

É sempre assim, em se tratando de interesses hegemônicos, dá-se algo de um lado, porém exige-se o dobro do outro. É um procedimento clássico quem nem se podia esperar diferente. Mas, a questão a ser analisada por nós, é justamente o interesse no ataque a já tão ameaçada Internet livre.

E depois dizem que essas instituições multilaterais não seguem cartilhas dos grandes interesses... balela! Aproveita-se o "oba-oba" do futebol, época em que tudo gira em torno da mesma temática de “paixão nacional” (outra balela machista e de marketing televisivo, pois a maioria da população brasileira é de mulheres, crianças e evangélicos que, salvo exceções, não ligam à mínima para o fubetol) e aprovam-se leis restritivas e dos interesses hegemônicos corporativos.

O Deputado Paulo Teixeira (PT) entrou com pedido de informações para tentarmos esclarecer se isso se soma aos ataques à Internet Livre. Vamos estar atentos e acompanhar!!!

Proposição: RIC-4001/2009 Clique para obter a íntegra
Autor: Paulo Teixeira - PT /SP
Data de Apresentação: 03/06/2009
Apreciação: .
Regime de tramitação: .
Ementa: Requer informações ao Senhor Ministro de Estado do Esporte, Excelentíssimo Senhor Orlando Silva de Jesus Silva, a cerca das informações publicadas no jornal O GLOBO, de 1º de junho, que menciona as exigências feitas pela FIFA para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014.
Obs.: o andamento da proposição fora desta Casa Legislativa não é tratado pelo sistema, devendo ser consultado nos órgãos respectivos.
Andamento:3/6/2009 PLENÁRIO (PLEN)
Apresentação do Requerimento de Informação pelo Deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Clique para obter a íntegra

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abstenção eleitoral e cidadania: problema ou sinal???


O tema da cidadania não é novo, e foi refletido vastamente por inúmeros autores no decorrer do desenvolvimento intelectual da modernidade ocidental. Adjetivo o tipo de modernidade ao qual me refiro, pois acredito existirem outras modernidades fora do tempo e espaço do Ocidente europeizado.

Em termos gerais, a cidadania define os que são membros de uma sociedade comum. Tão simples como isso? Não, ao contrário, tarefa muito complexa e cheia de meandros. Atualizada as visões clássicas de cidade e cidadania herdada dos gregos, desde os estudos de T. H. Marshall que se entende a cidadania como uma manifestação política. Mas, no meu ponto de vista, não só, visto que surgem da sua prática dois problemas, que se forem observados apenas pela sua dimensão política não é possível alcançar a sua total compreensão.

Para dar apenas um exemplo, o problema de quem pode exercer a cidadania e em que termos não é apenas uma questão do âmbito legal da cidadania e da sua natureza formal em termos dos direitos que ela assegura de acordo com cada tipo de sociedade. É, também, e eu diria, muito mais, uma questão de capacidades não-políticas dos cidadãos, derivadas dos recursos sociais que eles dominam e a que têm acesso.

Dito em palavras simples, não bastam os direitos formais, é preciso igualdade de participação, e não apenas no nível jurídico, de direitos assegurados. Não basta, embora seja um passo importantíssimo, assegurar o direito de voto, é preciso inserir os cidadãos no processo eleitoral. De uma forma alegórica, não basta dar o direito ao acesso ao lago e uma vara de pescar, é preciso ensinar a ser pescador.

Nas sociedades modernas, a participação na administração comum é feita através da governação dos Estados-nação, através da suas organizações de poder, mais ou menos idênticas nas realidades democráticas. Com algumas distinções, a maioria das democracias contemporâneas são quase todas elas representativas, e a participação na governação se faz essencialmente através do voto depositado na urna, como forma de confiança a um representante considerado legítimo para ser procurador dos seus direitos civis, falar em nome e legislar junto às instituições governamentais e de poder da sociedade.

Entretanto, a crise da representação, um fato que não é novo, se intensifica a cada nova temporada eleitoral. Uma prova dessa realidade está no crescente número de abstenções de votos nas eleições, em geral, um pouco por todo o lado do mundo ocidental moderno. Nos regimes parecidos com o brasileiro, onde o voto é obrigatório, nota-se seja na quantidade de votos nulos, propriamente, seja na dispersão de votos em candidatos cada vez mais variados, distanciados ou mesmo desprovido de qualquer referencial de orientação política consistente.
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Isso é mais visível caso de regimes eleitorais não obrigatórios, como o de muitos países europeus, e do próprio sistema de representantes da Comunidade Européia, os euro-deputados. Nas últimas eleições realizadas, o Parlamento Europeu divulgou um número provisório que é, senão desolador, assustador. A elevada abstenção destas eleições, que registou um novo recorde, 56,61% (contra os 54,6% alcançados em 2004), mostra que mais da metade dos eleitores, dito de outra maneira, os cidadãos europeus, não quer participar da vida política de suas sociedades.

Esta, claro, é uma conclusão muito simplista, evidentemente. A questão fundamental a saber é se os cidadãos não querem mesmo “participar na vida política”, ou, o que acredito, não querem mais “participar desse sistema” de representação, que não representa?

Em qualquer uma das respostas que forem alcançadas, uma coisa é fundamental, e para voltar ao tema da instrodução deste texto, é preciso reeducar os cidadãos ao processo de cidadania. Não basta inserí-los no grupo, é preciso capacitá-los com habilidades e potencialidades para exercer o seu direito de cidadania. É preciso desenvolver e reativar o gosto pela cultura política, pelo debate, pela disputa, pelo entendimento do jogo, e das regras do jogo.

Como ninguém nasce sabendo falar, nem a andar de bicicleta, também não nascemos sabendo ser cidadãos e a votar. A igonorância ainda é a maior arma utilizada pelos colonizadores para oprimir os colonizados. A preguiça em instruir-se é outra arma poderosa. Mas, esta última, sempre solta o tiro pela culatra, e o alvo é sempre aquele que faz uso dela.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cegueira metafórica, realidade social concreta!


Saramago, em seu livro “Ensaio Sobre a Cegueira” descreve uma metáfora bastante lúcida da incapacidade humana em construir laços de solidariedade, mesmo diante de uma tragédia comum. O escritor português relata com bastante sensibilidade como as pulsões mais instintivas e/ou bárbaras corroem uma sociedade pautada no desprezo à vida e ao seu semelhante. Uma explosão anômica sem precedentes, que não escolhe grupo social, gênero ou etnia.

A lógica da cegueira humana se configura, nesta direção, na incompreensão coletiva de como se engendram todas as formas de exploração de homens, mulheres e crianças; o porquê de existir tanta desigualdade social e concentração de renda; e a naturalização da violência e suas dimensões físicas e simbólicas. É esta mesma cegueira que inviabiliza lutas sociais mais conscientes; que lança à margem aqueles que nunca terão acesso ao processo de escolarização e que, por esta mesma razão, correm o risco de serem inempregáveis e mais propensos à indigência.

Contraditoriamente, combatemos exaustivamente, nossos pares. Plantamos e semeamos a discórdia e nos vangloriamos de representarmos lideranças desagregadoras. Sabotamos projetos alheios e nos aliamos a determinadas concepções políticas que favorecem a acumulação do capital privado à custa da produção coletiva pública. Nossos interesses se definem tão-somente naquilo que é mais mediato e, portanto, totalmente descolado dos nexos históricos que medeiam nossas relações laborais e afetivas.

Uma sociedade sitiada pela cegueira metafórica é promotora de todos os desmandos nas realidades políticas, econômicas e cultural; não por acaso, o mundo está em crise pela arrogância dos “mercadores de almas”, que decidem quem poderá comer hoje e amanhã. Os danos são irreparáveis e inconseqüentes. E enquanto isso, os cegos marcham incólumes, embrutecidos, esperando quem sabe, uma redenção metafísica atemporal, anistórica, desprovida de toda e qualquer materialidade.

domingo, 31 de maio de 2009

Querem destruir o tempo! Tempo, tempo, tempo...

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"As leis da natureza não fazem diferença entre a direção para frente e a direção para trás do tempo. Pois, existem pelo menos três setas do tempo que distinguem o passado do futuro: a seta termodinâmica, a direção do tempo no qual a desordem cresce; a seta psicológica, a direção do tempo, na qual nós lembramos o passado e não o futuro; e a seta cosmológica, a direção do tempo na qual o universo se expande e não se contrai" (Stephen Hawking).
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Prigogine acha, que o mundo possui uma variedade ilimitada de tempos internos. Concordo com essa interpretação, mas não no sentido de uma postulação de uma variedade de tempos correndo um atrás do outro, mas no sentido da existência de várias ordens de tempo, que geram nos setores da sua validez as mais variadas estruturas temporais. A afirmação da variedade do tempo seria mal-entendida se ela se imaginasse como uma relojoaria onde cada relógio seguiria o seu próprio ritmo.
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Variedade do tempo pode significar somente variedade das ordens do tempo.
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As teorias da destruição do tempo ultrapassam o seu objetivo porque elas partem de uma abstração falsa. O que acontece é a observação da destruição de uma ordem do tempo específica, por outra ordem do tempo específica, resultado da superposição de uma outra ordem do tempo.
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A destruição do tempo é impossível - (embora astrofísicos afirmam nas teorias sobre os buracos negros o contrário).

Oração ao Tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
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Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
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Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
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Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
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Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
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De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
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O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
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E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
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Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
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Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Para não nos acusarem de termos juízo político dopado

Bom, dizem que brasileiro tem memória curta... porém, digo eu, que os ciberbrasileiros começam a ter memória alargada.

Graças aos recursos de partilha em rede, a política passa a ser construída não por grupos de extrema fidelidade e afinidades, mas por uma Paidéia cibernética que troca suas experiências na arena virtual, e os atores desse imenso palco que é o Real, vão trocando impressões, conhecimentos, acumulando habilidades, potencialidades, tornando-se cidadãos pensantes, políticos conscientes.

É nesse intuito que valha a pena ler, e ler muito! Temos ótimos pensadores no Brasil, gente com espírito coletivista, humanista, libertário. Se tivermos (ainda) poucas habilidades para analisar os contextos complexos da política formal e interpretar os desenvolvimentos sempre mutantes dos polivalentes atores políticos que trocam de personagens a cada conveniência, podemos sempre recorrer à ajuda daqueles que fazem isso com mais propriedade e especialidade.

No caso da movimentação ciberativista que venho acompanhando neste blogue, o texto do eminente intelectual Emir Sader, publicado no site Carta Maior, dá-nos pistas de nomes que temos de ter em mente na hora de escolher o voto que vamos depositar nas urnas nas próximas eleições. Neste texto, Sader mostra-nos os esforços para destruir o patrimônio público brasileiro com a entrega da Petrobras. E, nas entrelinhas dos textos e contextos, relaciona os meandros da política e seus interesses nem sempre transparentes. Vejam, na seleção de Sader, os Senadores da República e suas preocupações. Mais que isso, vejam as motivações de suas preocupações. É uma lista de envergonhar... mas, serve para não sermos sempre julgados de “juízo dopado”, de termos memória curta.

Ressalto, em especial, o parágrafo que trata do enfadonho Azeredo. Como possui especial atenção para a gravidade daquilo que denominamos de AI5 Digital, ele escreve: “O senador Eduardo Azeredo, fundador do mensalão mineiro, poderia estar preparando já seu projeto de lei que quer censurar a internet.”


Leia o integral de Emir Sader em: http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=76549&Itemid=201

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

Nunca antes na historia do Brasil, a sociedade se organizou, mobilizou e pressionou as entidades públicas em prol de seus direitos de forma tão efetiva e pacifica como estamos fazendo agora no ciberativismo contra o PL 84/99, o AI5 digital.

Não podemos deixar esta constatação passar em branco, não se trata de um fato corriqueiro, mas sim de uma verdadeira revolução, uma revolução que não esta sendo televisionada, uma revolução que não tem mais volta, uma revolução plenamente democrática, o real exercício da cidadânia.

Contrariando todos os criticos, a Internet não nos transformou em alienados, muito pelo contrário nos libertamos das forças alienantes das mídias mono emitidas. Os “alienados” foram os primeiros a enxergar os malefícios do PL 84/99, os “alienados” foram os primeiros a divulgarem estes malificios. Chamar a sociedade conectada de alienada é ignorância ou cretinismo, sabe-se muito bem que a Internet com a sua riqueza e diversidade é um eco-sistema de pessoas, um eco-sistema social, onde a comunicação é apenas uma parte do contexto.

A informação das mídias de massa é extremamente volátil, é preciso um caro processo de repetição para que uma mensagem “média” para um “cidadão médio” ganhe dimensão. A midia de massa, em especial o radio e a televisão, possuem uma representativa capilaridade no Brasil, de forma que a mensagem volatil chega rapidamente à uma parcela significativa da população, e pronto! Vai ser bom não foi? O povo tem memória curta, não é verdade?

A Internet por outro lado possui características diferentes, sua capilaridade vem aumentando consideravelmente, mesmo com todo esforco despendido por autoridades e legisladores para inviabilizarem os centros involuntários de inclusão digital, as Lan Houses, ela continua crescendo. Computador e acesso estão ficando cada dia mais baratos. Por outro lado, na Internet a informação não é volátil, muito pelo contrário, ela é praticamente permanente, o que a transforma no habitat perfeito para o conhecimento. Estas características são os alicerces do sólido conhecimento colaborativo, construido por todos para todos, numa metáfora natural para o que chamamos de democracia: O poder emana do povo para o bem do povo.

Dentro deste cenário, construiu-se um ativismo diferente, um ativismo eficiente, o ativismo da cibercultura, da nossa cultura, o ciberativismo. Podemos citar diversos movimentos ciberativistas, mas vamos nos ater ao movimento contra o AI5 digital, que não se sabe exatamente quando ele iniciou, eu ao menos entrei nele em 2006, você pode estar entrando agora, isto não faz a menor diferença. O movimento ciberativista contra o AI5 digital é o mais espetacular de todos os movimentos democráticos, é o exercício pleno da democracia, não existe distinção de raça, orientação sexual, posicionamento político, ideologia, credo, e nem mesmo as limitações físicas impostas aos portadores de deficiência são barreiras para que exercamos nossa cidadânia, estamos todos juntos trabalhando para um bem comum!

Estamos pensando e agindo coletivamente, estamos nos “alfabetizando politicamente”, estamos reconhecendo nossos direitos, aprendendo a valorizar o próximo e, estamos aprendendo, como diz Dalai Lama que: uma enorme jornada começa com um pequeno passo. Podemos não perceber isto agora, mas nunca mais seremos os mesmos, estamos reconstruindo a história da democracia no Brasil, somos os agentes de mudança, dificilmente seremos enganados novamente, somos os revolucionários digitais, estamos fazendo a revolução mediada por computador, a revolução da era da participação. Alias por falar em participação, pouco importa o quanto ou como você participa, todos são igualmente importantes, seja aquele que divulga as informações, evangeliza novos ciberativistas, promove mobilizações, escreve a respeito, ou até mesmo aquele que participa dos atos, é um trabalho coletivo. Uma assinatura na petição, um post, uma twittada, uma mensagem no Orkut, tudo é importante, pois quando muitos fazem isto estamos disseminando a informação e estamos construindo uma atmosfera positiva para os parlamentares que estão do nosso lado defenderem nossos intereses na Câmara, para que o Ministro da Justiça se posicione de nosso lado, para que personalidades se posicionem de nosso lado.

É importante que você olhe no espelho, bata no peito e diga orgulhosamente: Eu sou um ciberativista, estou reescrevendo a história da democracia no Brasil!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

One does not make friends. One recognizes them.


Quase um ano depois do último post neste blog (24.05.08), resolvi retornar a este sitio de descarrego e de fabricações. Neste tempo de ausência, não estive inerte, nem naquilo que muitos denominam de umbral intelectual ou psíquico. Ao contrário, estive num ócio criativo, auto-recriativo, auto-produtivo, em busca de mim mesmo, encontrando-me, perdendo-me, entregando-me... Foram tantas experiências, tantas, que dariam um bom livro, ou um extenso blogue. Porém, foram de outra ordem, todas do foro íntimo, não cabiam, por certo, serem partilhadas neste espaço público e coletivo, coisas que depois de serem filtradas pelas "lentes azuis", certamente perderiam o encanto ao serem tranladadas e transmutadas em "words" (palavras). Claro que, haveria tantas outras coisas que poderiam ser partilhadas aqui, mas resolvi me entregar à indolência de certas rotinas e obrigações, dedicando-me a outras e procurando saboreá-las por inteiro.

Nesse tempo, experimentei a última parte que me faltava na árdua tarefa de construção de ser um homem completo. E, tornei-me pai. Na ordem das coisas, já não suportava tantas ávores plantadas e um livro a empoeirar na estante, faltava-me o tal do filho. Não podia fazê-lo, ao menos nos moldes mais ortodóxos, então, resolvi adotar um gato. E fiz dele, meu filho. Como diz o adágio popular: "pai não é quem põe no mundo, mas quem cria". Neste caso, sou bom e bastante, PAI. E agora, sinto-me completo, tenho árvores plantadas, livro publicado, e um FILHO.

Ah! Também migrei, migrei e migrei novamente. Mas, isso são tantas linhas, e ainda ando meio preguiçoso para auto-etnografias (ou seria biografia???). Ficarão por escrever, ao menos, por ora.

Enfim, hoje, novamente nas terras de Cabral, na margem norte do Atlântico, no ponto zero da “civilização” eurocêntrica moderna, volto a tecer essas bem traçadas linhas (já não se pode dizer “mal traçadas”, pois o computador ajusta a linearidade e a retidão das linhas, assinalando em vermelho os erros grosseiros de ortografia, lol). De ir e vir, lá e cá, vou levando esta vida cigana que me aproxima e que me afasta das pessoas, pessoas que amo e que sinto falta. E já fazia falta, também, esses momentos regulares de descarrego, para mim, e para tantos leitores desconhecidos, e conhecidos, que nem eu próprio sabia que tinha tantos.

E, por falar nisso, quero agradecer a todos os leitores que me escreveram a assinalar seu descontentamento pela minha ausência neste ciberespaço real/virtual. Surpreendeu-me a quantidade de recados, mensagens e e-mail recebidos a me cobrar que voltasse à ativa. Pois bem, cá estou. E peço que digam a todos, da colônia e da metrópole, "Que fico!".

E para estes tantos e queridos amigos, dedico os versos da crônica de Paulo San’Ana, que transcrevo abaixo:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências (…).

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

E, acrescentando a sabedoria de Garth Enrichs (ou seira Vinícius????): "A gente não faz amigos, reconhece-os"

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Petição pela demarcação dos territórios indígenas dos Tremembé e dos Tapeba

Texto formulado pelo sociólogo português, prof. BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, e pelos pesquisadores brasileiros que coordenaram o seminário “Lutas Indígenas no Brasil: Memórias, Territórios e Direitos”, em apoio e como contribuição à luta em defesa dos povos indígenas Tremembé de Itarema, Acaraú e Itapipoca e Tapeba de Caucaia, do Estado do Ceará-Brasil.

A demarcação dos territórios indígenas dos Tremembé e dos Tapeba é urgente

Os abaixo-assinados têm a declarar o seguinte:

1. Os Tremembé de Itarema, Acaraú e Itapipoca, bem como os Tapeba de Caucaia são indígenas no Estado do Ceará, há séculos vivem em suas respectivas terras de acordo com seus costumes e tradições recebidas-revitalizadas-transmitidas através das gerações. Seus rituais indígenas, seus conhecimentos tradicionais, suas experiências com as forças sagradas da natureza, suas formas de organização social cultural e política, suas memórias coletivas sobre a história dos seus antepassados, toda esta imensa riqueza humana floresce nos “galhos das novas gerações” que se apóiam “nos troncos velhos” dos seus ancestrais, enraizados nas suas terras e nutridos na relação com Elas! Apoiamos a luta solidária destes povos indígenas na defesa ao respeito dos seus direitos: a garantia da integridade física e cultural das crianças, mulheres e homens Tremembé e Tapeba.

2. A Constituição de 1988 reafirmou o direito originário das terras indígenas, cabendo à União a demarcação de tais territórios. Tal processo reconhece e protege, formalmente, a situação de direito à demarcação e à proteção da integridade física e cultural destas comunidades indígenas e de seus territórios. A Constituição de 1988 fixara cinco anos para finalização da Demarcação de Terras Indígenas; passado mais de cinco anos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que este prazo, previsto no artigo 67 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, não é peremptório, mas prognóstico para sua realização em tempo razoável (MS nº 24566, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 28/05/04). Isto reforça a legítima urgência da Demarcação de Terras Indígenas para responder aos desafios postos pela Constituição de 1988: a afirmação dos indígenas como sujeitos de direitos, devendo ser protegidos e respeitados seus recursos naturais, culturas e tradições; o reconhecimento da diversidade étnico-racial cultural como valor fundante do país e a função sócio ambiental das terras indígenas, com distintas formas de manejo sustentável dos territórios pelas variadas comunidades culturais existentes no Brasil.

3. Repudiamos coletivamente a insistência do grupo empresarial internacional Nova Atlântida em negar a existência dos Indígenas Tremembé de São José e Buriti (Itapipoca-CE), bem como a presença deste empreendimento nesse Território Indígena apesar de uma liminar promovida pelo Ministério Público Federal no Ceará, aprovada por juiz federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal – TRF 5ª Região do Recife. Repudiamos também a ação da Prefeitura de Caucaia-CE de impetrar um madado de segurança pedindo a anulação do processo demarcatório dos Tapeba de Caucaia, apesar de no Decreto 1775/96 constar que em nenhuma das etapas do processo administrativo de Identificação e Delimitação da Terra Indígena coloca-se como critério a participação do ente Federativo Municipal na elaboração do relatório de Identificação da referida Terra Indígena. Lembramos que a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no artigo 1º parágrafo segundo diz que a auto – identificação como indígenas ou “tribais” deverá ser considerada como critério fundamental para definir os grupos aos quais se aplicam as disposições da presente declaração e também a recente Declaração da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos dos Povos Indígenas adotada em 13 de setembro de 2007, no seu artigo 3 diz que os Povos Indígenas têm direito à livre determinação. E que, em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política, bem como sua trajetória de desenvolvimento econômico, social e cultural.

4. Aceitar as ações deste empreendimento internacional Nova Atlântida contra os indígenas Tremembé da comunidade São José e Buriti e as ações da Prefeitura de Caucaia-CE contra os Tapeba de Caucaia é justificar a continuidade do processo de colonização e da apropriação/violência impostas a estes povos indígenas, processo perverso iniciado há 500 anos atrás. Aceitar um projeto turístico que ameaça a integridade física e cultural dos Tremembé é aceitar a continuação e uma nova modalidade de colonialismo capitalista que ameaça devastar importantes bens naturais e humanos do país. Demarcar as terras indígenas dos Tremembé e dos Tapeba é fazer justiça histórica, é evitar o acirramento dos já existentes conflitos fundiários, e o surgimento de novos conflitos, é substituir a insegurança dos grupos, que vêm sendo submetidos à violência da fome e da destruição dos seus recursos naturais e humanos, pela segurança alimentar, cultural e política destes povos indígenas. Demarcar estes Territórios é uma forma coerente de celebrar os vinte anos da Constituição de 1988 e os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, justamente quando, no plano internacional, foi finalmente aprovada após trinta anos de discussão, uma Declaração dos Povos Indígenas.

5. Reiteramos as reivindicações dos Tremembé pela saída imediata do empreendimento empresarial Nova Atlântida das terras de suas comunidades, e pela criação urgente do Grupo de Trabalho da FUNAI para iniciar o processo de demarcação da terra indígena Tremembé de São José e Buriti (Itapipoca-CE), bem como a luta dos Tapeba pela retomada urgente do processo demarcatório de suas terras. O momento, pois, é de apreensão e vigilância, mas também de confiança de que o compromisso, constante na Constituição de 1988, de prevalência dos direitos humanos, seja respeitado e afirmado concretamente.

ASSINAM ESTE DOCUMENTO:

- Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Portugal
- Cecília MacDowell Santos, Socióloga, Brasil
- Edileusa Santiago do Nascimento, Psicóloga, Brasil
- Lino João de Oliveira Neves, Antropólogo, Brasil
- Nilton José dos Reis Rocha, Jornalista, Brasil

e todos os que acreditam e buscam um mundo melhor e possível, e em um Brasil que proteja sua biodiversidade e pluriculturalidade.
Passar assinar a petição on-line, clique AQUI, ou no link abaixo:

http://www.PetitionOnline.com/indios08/petition.html
_____________________

.............Versiòn en español .............English version.............

terça-feira, 15 de julho de 2008

Chamada para o Dia da Blogagem Política

Estou aderindo a campanha da Blogagem política promovida pelo Blogue: http://xocensura.wordpress.com/.
Vou participar da iniciativa e convido meus amigos e leitores a fazerem o mesmo.
Leiam abaixo a chamada e a proposta:





Por quê uma blogagem politica?


Quem já passou dos trinta conheceu a truculência da censura no Brasil, desde 1964, na época do Golpe Militar, até o final dos anos 80 vivemos um regime de ditadura e censura. A censura não é racional, não respeita os direitos individuais e nem a privacidade.
A Internet tem se mostrado um grande meio democrático e propício a liberdade de expressão, mas parece que isto não tem agradado á todos:
O Minstério Público de tanto pressionar o Orkut conseguiu uma ferramenta de acesso, e quem sabe de censura, e isto pode explicar o desaparecimento de posts e comunidades;
No Senado, o projeto de Cibercrimes, liderado pelo Senador Azeredo, pretende implantar abusos e absurdos que criminalizam grande parte dos cidadãos conectados.
A CPI da pedofilia parece ter outra intenção, afinal se se trata de prender pedófilos, porque divulga na Imprensa que vai efetuar ações no Orkut?
O espetáculo midiatico esta formado, as TVs populares estão exibindo casos pontuais envolvendo a Internet, é Deputado da CPI da pedofilia chorando lágrimas de crocodilo, é modelo que teve suas fotos intimas divulgadas na Internet, é o Ministério Público proibindo jogos e mais projetos terriveis tramitando


Perai! Isto esta parecendo um complô orquestrado ! Pode ser, não se pode afirmar, mas parece. E com diz Manoel Castells em seu livro a Galaxia da Internet, os motivos são os mais diversos e insensatos, mas tudo que importa é que o Estado coloque mais uma camada na Internet, a camada do controle, pois nações não suportam o fato de não terem controle sobre ela. As nações querem transformar nossas vidas online em uma casa de vidro, quando deveria ser o contrario, nos cidadãos é que deveriamos ver o Estado dentro de uma casa de vidro.


A proposta


Nossa proposta é que você poste no dia 19 de julho de 2008 um post politico, uma critica aos fatos citados acima, o alvo principal é o projeto de Cibercrimes, mas se desejar você pode falar de outra coisa. Não esqueça de nos avisar da postagem, seja por um ping ou comentário para que possamos incluir seu blog na lista dos blogs participantes. O dia 19 de julho foi escolhido por representar o dia em que o jornal O Estado de São Paulo publicou receitas e poemas de Luiz de Camões no lugar das matérias censuradas no ano de 1972.

Parece que é uma gota num oceano, mas resulta!

Caros leitores,
Muitas vezes pensamos que nossas ações de mobilização pela Internet, como a campanha que divulguei ontem, não levam a nada, pode parecer que é uma gota num oceano, mas resulta! Vejam:

Depois da onda de posts em blogs e em listas de e-mails, o Senado brasileiro teve a CARA DE PAU de ALTERAR o texto, para esconder o "mensal", como podem ver aqui:

http://www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp?o=1&e=PARA%CDBA+INTERNET+GRAPHICS

http://www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp?o=1&e=PARA%CDBA+INTERNET+GRAPHICS

Agora o que antes era R$ 48.000 mensal (R$ 576.000 por ano), esta como se fosse R$ 48.000 pelo contrato inteiro.

Ainda bem que, além dos links, coloquei o screenshot da página que estava disponível no momento e, podemos dizer, felizmente ainda temos, e podemos contar com os serviços de cache, como o do Google, vejam e comprovem:

http://209.85.215.104/search?q=cache:jQzY4VgBeRoJ:www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp%3Foo=1&e=PARA%CDBA+GRAPHICS+020.559/07-0&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br

http://209.85.215.104/search?q=cache:jQzY4VgBeRoJ:www.senado.gov.br/sf/contratos/empresaContratada.asp%3Foo=1&e=PARA%CDBA+GRAPHICS+020.559/07-0&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br

CONFIRAM QUE ANTERIORMENTE, ABAIXO DO VALOR DE R$ 48.000,00 ESTAVA DECLARADO "MENSAL"

Infelizmente, se de facto a lei de vigilância na Internet for também aprovada pela Câmara dos Deputados, uma atitude de cidadania como esta será crime, pois o facto de ter removido do site (cache) uma informação sem a autorização do proprietário, pode ser considerada crime cibernético.

Vejam lá as limitações que estaremos sujeitos e por qual motivo luto contra esta lei restritiva.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Campanha: Eu quero um banner do Senado Federal no meu blog!


Estou aderindo a campanha “Eu quero um banner do Senado Federal no meu blog”, criada pelo amigo Cardoso. Vejam se não é um absurdo!!!!

O Senado Federal do Brasil fechou um contrato com o site www.paraiba.com.br para veiculação de um banner de 120×60 pixels por um período de 1 ano. O valor pago pelo banner? A bagatela de R$ 48.000,00 reais por mês. Isso mesmo, um contrato de R$ 576.000,00 (ano)! Não acredita? Comprove nesta screenshot tirada no site do Senado:



Ainda não acredita? Então veja com seus próprios olhos no site do senado: CLICANDO AQUI.

Obs.: O site do Senado foi alterado após a publicação deste post,sugiro ler meus comentários no post seguinte: Parece uma gota no oceano, mas resulta!


Agora se você está preocupado com a diagramação do seu blog ou site, não se preocupe, confira na screenshot abaixo o TAMANHO do banner que vale 576 mil reais:


*Tamanho real

Agora vem a pergunta: quantas visitas o site Paraiba.com.br tem pra valer tanto assim o espaço?

Qual a mágica? Não sei, mas o Blog de Aluguel chamou bem a atenção para os domínios registrados pelo mesmo dono do paraiba.com.br. Existem 2 no mínimo interessantes:

domínio: correspondentejuridico.com.br
domínio: eduardomedeiros.com.br
domínio: efraimmorais.com.br
domínio: efraimorais.com.br
domínio: eradigital.com.br
domínio: falcoesdaserra.com.br
domínio: paraiba.com.br
domínio: ronaldocunhalima.com.br
domínio: william.com.br

Quem é Efraim Morais? Nada de mais, apenas um senador eleito pela… … Paraíba: http://www.efraimmorais.com.br/

ALGUÉM POR FAVOR AVISE O CQC???

Fonte: Blog de Aluguel

Aí vai o banner oficial para aqueles que quiserem aderir à campanha!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira Petition

Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira Petition

Petição: EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

Leia e assine (on-line) a petição abaixo, é de suma importância para o Brasil.

Link para assinar a petição: clique aqui

Para: Senado Brasileiro
EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.

A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.

O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana.

E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil. Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência.

Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.

Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!

Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.

O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?

Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.

Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Duas mil janelas para a cidadania e inclusão digital

Engraçado, não entendo por qual motivo notícias como a que transcrevo abaixo não são manchetes do grandes telejornais. Ainda bem que temos nossas mídias alternativas, nossos blogues, nossas redes.

Duas mil janelas para a cidadania e inclusão digital
02/Jul/2008 - 11:45
Enviado por Redacao SERPRO ao PSL-Brasil, publicado em http://www.softwarelivre.org/news/11681

O Programa Serpro de Inclusão Digital alcança a marca de 2.111 microcomputadores doados. As máquinas estão distribuídas nos 193 telecentros comunitários instalados pela Empresa no Brasil e no exterior.
No mês de junho, foram implantados dez telecentros. Três deles no estado de São Paulo, três na Bahia, dois em Tocantins, um no Ceará e um no estado do Rio de Janeiro. Somente em 2008, foram inauguradas 37 unidades e a expectativa é que, até o final do ano, mais 175 estejam em operação.


Janelas livres para o universo da informação Os telecentros são unidades equipadas, geralmente, com 11 microcomputadores, todos rodando software livre e com acesso gratuito à internet. Sua instalação é sempre realizada em parceria com a comunidade local, prefeituras e instituições da sociedade civil, o que vem garantindo sua sustentabilidade.

O combate à exclusão digital é o objetivo central de um Telecentro, que passa a ser ponto de referência da comunidade: um espaço onde as pessoas podem reciclar o conhecimento com cursos, navegar na rede mundial de computadores e, acima de tudo, produzir e difundir sua cultura.

Como deve proceder uma comunidade que deseja receber um telecentro? A instituição deve enviar ofício à unidade do Serpro mais próxima de sua localidade, solicitando a doação dos equipamentos para a formação do telecentro. O Serpro analisará o pedido e atenderá de acordo com a sua disponibilidade. Observa-se que a entidade deve ser reconhecida como de Utilidade Pública Federal ou uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Programa Serpro de Inclusão Digital - PSID Implantado em 2003, o PSID é uma das ações amparadas pela política de Responsabilidade Social e Cidadania da Empresa, e está em sintonia com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital do Governo Federal, que busca promover inclusão digital e social das comunidades mais carentes.

Trata-se de um projeto de uso intensivo da tecnologia da informação para ampliar a cidadania e combater a pobreza, visando garantir a inserção do indivíduo na sociedade da informação e o fortalecimento do desenvolvimento local. A iniciativa já chegou com sucesso inclusive no exterior, com a implantação de dois desses centros comunitários em Cuba, três no Haiti, um em São Tomé e Príncipe, um em Angola e outro em Cabo Verde.

Comunicação Social do Serpro - Belo Horizonte, 2 de julho de 2008


Fonte: SERPRO

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A harmonia desarmoniosa!

Fundada no mito da paz original, algumas teorias apocalípticas pregam o fim dos tempos a partir do crescente uso de Novas Tecnologias de Informação e de Comunicação - NTICs e a "desumanização" do mundo. Essa cosmologia só pode ser fruto de um viés onde as pessoas teimam em separar o humano, do não-humano, como se isso fosse possível. É, também, fruto de uma idéia ocidental-moderna, de que o ser-humano (leia-se, ainda, homem e branco) é superior a todos os demais seres animados (vivos, ou não). Uma prepotência de achar que somos capazes de controlar tudo, estarmos acima de tudo.
Que as NTICs são confusas, não resta dúvidas, mas... quem quer voltar a viver sem elas????
Que harmonia é esta que as NTICs desarmonizam???
O vídeo abaixo mete-nos a pensar.

Proibição do uso da Internet nas eleições 2008 no Brasil

Algo de gravíssimo acaba de acontecer e afetará brutalmente a condução das eleições municipais brasileiras, no fim do ano. Está na resolução 22.718 do Tribunal Superior Eleitoral, no artigo 18, que trata das restrições à campanha online: ‘A propaganda eleitoral na Internet somente será permitida na página do candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral.’

Felizmente, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados vai realizar em 1º de julho (2008) uma audiência pública sobre a resolução do TSE que proibe o uso da Internet nas eleições.

Foram convidados para a audiência pública o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Ari Pargendler; o diretor-presidente do IG, Caio Túlio Costa; o professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), David Fleischer; o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), Carlos Manhanelli; e o advogado Fernando Neves, ex-ministro do TSE.

É inconcebível a atual resolução que veta o maior meio de comunicação de participar do processo democrático eleitoral. As justificativas são todas infundadas, típicas de uma pessoa que desconhece o uso da tecnologia, que nasceu e permaneceu no ínício do século passado. Infelizmente, a nossa Justiça além de conservadora, é retrógrada!

domingo, 29 de junho de 2008

Feira Medieval de Montemor-o-Velho, em Portugal

Hoje, ofereço aos meus leitores um presente, dois vídeos da Feira Medieval no Castelo de Montemor-o-Velho, em Portugal, numa tarde inesquecível com minha grande amiga Célia. Uma experiência muito especial para não esquecer jamais.



sexta-feira, 27 de junho de 2008

Afronta à liberdade de expressão e acesso ao Ciberespaço


(Escrito por Sérgio Amadeu da Silveira)
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Na última semana, em uma sessão corrida e esvaziada, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o projeto de lei (PLC) 89/03 que define quais serão as condutas criminosas na Internet.
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Os exageros que constam do projeto podem colocar em risco a liberdade de expressão, impedir as redes abertas wireless, além de aumentar os custos da manutenção de redes informacionais. O mais grave é que o projeto apenas amplia as possibilidades de vigilância dos cidadãos comuns pelo Estado, pelos grupos que vendem informações e pelos criminosos, uma vez que dificulta a navegação anônima na rede. Crackers navegam sob a proteção de mecanismos sofisticados que dificultam a sua identificação.
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Veja o aburdo. Com base no artigo 22 do PLC 89/03, os provedores de acesso deverão arquivar os dados de "endereçamento eletrônico" de seus usuários. Terão que guardar os endereços de todos os tipos de fluxos, inclusive a voz sobre IP, as imagens e os registros de chats e mensagerias instantâneas, tais como google talk e msn.
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O pior. A lei implanta o regime da desconfiança permanente. Exige que todo o provedor seja responsável pelo fluxo de seus usuários. Implanta o "provedor dedo-duro". No inciso III do mesmo artigo 22, o PLC 89/03 exige que os provedores informem, de maneira sigilosa, à polícia os "indícios da prática de crime sujeito a acionamento penal público". Ou seja, se o provedor identificar um jovem "baixando" um arquivo em uma rede P2P, imediatamente terá que abrir os pacotes do jovem, pois o arquivo pode ser um MP3 sem licença de copyright. Mas, e se ao observar o pacote de dados reconhecer que o MP3 se tratava de uma música liberada em creative commons? O PLC implanta uma absurda e inconstitucional violação do direito à privacidade. Impõe uma situação de vigilantismo inaceitável.
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Como ficam as cidades que abriram os sinais wireless? A insegurança jurídica que o PLC impõe gerará um absurdo recuo nesta importante iniciativa de inclusão digital.
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Como fica um download de um BitTorrent? Deverá ser denunciado pelos provedores? Ou para evitar problemas será simplesmente proibido por quem garante o acesso?
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Como fica o uso da TV Miro (www.getmiro.com/)? Os provedores deverão se intrometer no fluxo de imagens e pacotes baixados pelo aplicativo da TV Miro?
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E um podcast? Como o provedor saberá se não contém músicas que violam o copyright? Se o arquivo trazer músicas sem licença, o provedor poderá ser denunciado por omissão? Pelo não cumprimento da lei?
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O PLC incentiva o temor, o vigilantismo e a quebra da privacidade. Prejudica a liberdade de fluxos e a criatividade.
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Impõe o medo de expandir as redes.
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O artigo 22 do projeto deve ser integralmente REJEITADO.
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(iii) Art. 22Art. 22. O responsável pelo provimento de acesso a rede decomputadores é obrigado a:I - manter em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de três anos, com o objetivo de provimento de investigação pública formalizada, os dados de endereçamento eletrônico daorigem, hora, data e a referência GMT da conexão efetuada por meio de rede de computadores e por esta gerados, e fornecê-los exclusivamente à autoridade investigatória mediante préviarequisição judicial;
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II - preservar imediatamente, após requisição judicial, no curso de investigação, os dados de que cuida o inciso I deste artigo e outras informações requisitadas por aquela investigação, respondendo civil e penalmente pela sua absolutaconfidencialidade e inviolabilidade;
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III - informar, de maneira sigilosa, à autoridade competente, denúncia da qual tenha tomado conhecimento e que contenha indícios da prática de crime sujeito a acionamento penal públicoincondicionado, cuja perpetração haja ocorrido no âmbito da rede de computadores sob sua responsabilidade.
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§ 1° Os dados de que cuida o inciso I deste artigo, as condições de segurança de sua guarda, a auditoria à qual serão submetidos e a autoridade competente responsável pela auditoria, serãodefinidos nos termos de regulamento.

§ 2° O responsável citado no caput deste artigo, independentemente do ressarcimento por perdas e danos ao lesado, estará sujeito ao pagamento de multa variável de R$2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) a cada requisição, aplicada em dobro em caso de reincidência, que será imposta pela autoridade judicial desatendida, considerando-se a natureza, a gravidade e o prejuízo resultante da infração, assegurada a oportunidade de ampla defesa e contraditório.

§ 3° Os recursos financeiros resultantes do recolhimento das multas estabelecidas neste artigo serão destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública, de que trata a Lei n° 10.201, de14 de fevereira de 2001.
VEJA O OUTRO exemplo de artigo aprovado no PLC:

(i) Art. 2o (ref. art. 285-A)Art. 285-A. Acessar rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização do legítimo titular, quando exigida:Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.Parágrafo único. Se o agente se vale de nome falso ou da utilização de identidade de terceiros para a prática do crime, a pena é aumentada de sexta parte.Este artigo criminaliza o uso de redes P2P e até mesmo a cópia de uma música em um i-pod. Ao escrever que o acesso a um "dispositivo de comunicação" e "sistema informatizado" sem autorização do "legítimo titular", ele envolve absolutamente todo tipo de aparato eletrônico. Se a empresa fonográfica escreve, nas licenças das músicas que comercializa, que não admite a cópia de uma trilha de seu CD para um aparelho móvel, mesmo que seu detentor tenha pago pela licença, estará cometendo um crime PASSÍVEL DE PENA DE RECLUSÃO DE 1 A 3 ANOS. O projeto de lei é tão absurdo que iguala os adolescentes que compartilham músicas aos crackers e suas quadrilhas que invadem as contas bancárias de cidadãos ou o banco de dados da previdência.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Cooperação Sul/Sul: Brasil e Angola pelo Software Livre


A experiência do Software Público Brasileiro (http://www.softwarepublico.gov.br/) será apresentada no continente africano durante o 1º Fórum de Software Livre de Luanda http://www.fsl-luanda.com/, que ocorre entre os dias 26 e 27 de junho, em Angola.

Além da apresentação sobre a organização e o funcionamento dessa iniciativa, prevista para o primeiro dia do evento, também serão realizadas reuniões entre o governo brasileiro e o angolano para tratar de ações de compartilhamento e colaboração de soluções entre os dois países.

O Portal do Software Público é coordenado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento. Na avaliação do coordenador do portal, Corinto Meffe, a experiência de compartilhamento inaugurada pelo governo brasileiro tem chamado atenção de outros países. “Não se trata somente de disponibilização de soluções, mas de uma preocupação com o todo o ecossistema que envolve a produção de softwares, ou seja, com a demanda por soluções, por prestadores de serviço e pela cadeia de desenvolvimento”, destacou Meffe.

A experiência do Portal do Software Público Brasileiro também será apresentada neste ano em eventos na Argentina, Peru e Venezuela. A iniciativa conta com mais de 22 mil usuários, 15 soluções disponibilizadas e mais de 110 prestadores de serviços já cadastrados.

Outra iniciativa brasileira que estará em destaque no Fórum em Luanda é do Mercado Público Virtual (http://www.mercadopublico.gov.br/).
<http://www.mercadopublico.gov.br/> O espaço é coordenado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD), em parceria com a SLTI, e foi organizado para facilitar o acesso aos prestadores de serviço para as soluções públicas e livres que se encontram no Portal do Software Público. A intenção é fortalecer o contato entre o usuário que demanda por determinada solução e a oferta de serviços.

Fonte: http://www.softwarepublico.gov.br/

sexta-feira, 13 de junho de 2008


Simplesmente, Flores!

Há tanto significado no acto de receber flores... e, por fim, elas dizem tudo, dispensam qualquer palavra.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Para os incrédulos verem: exemplo de alfabetização com Software Livre

Este "post" eu roubei do Blogue do amigo Sérgio Amadeu. Roubar não é o verbo correcto neste caso, na verdade, eu "partilhei" do seu Blogue.

De facto, no movimento software livre a cultura é essa, a da partilha... segundo um dos princípios da cultura hacker, não se deve refazer o serviço bom que já está pronto, apenas aprimorá-lo, quando necessário. Por isso, permitam-me transcrever este artigo do Sérgio, que tenho prazer em redistribuí-lo como exemplo de atitudes positivas, frutos do uso de tecnologias livres.

Ultimamente o meu empenho tem sido neste sentido, de mostrar aos incrédulos que existe uma mais-valia no uso desse tipo de tecnologias, principalmente para a melhoria da educação nas escolas e universidades.

Leaim, então, com atenção o texto abaixo, confiram o link do projecto da professora Bianca Santana, e certifiquem-se se isso não é o que podemos chamar de "inovação criativa".

ALFABETIZAÇÃO COM COMPUTADORES E COM SOFTWARE LIVRE
Localização original: [http://samadeu.blogspot.com/2008/06/adultos-aprendem-escrever-no-computador.html]

A professora Bianca Santana, jornalista pela Cásper Líbero, ativista de redes sociais, acumulou muita experiência no uso das redes digitais em processos de aprendizagem. Como voluntária do projeto de alfabetização de adultos chamado Ilha de Vera Cruz convenceu a instituição a adquirir 9 laptops EEE PC para alavancar o aprendizado dos seus alunos.

Ela percebeu que muitos adultos tinham medo do papel, demonstravam uma certa vergonha de errar e de apagar várias vezes o seu texto. Com o computador, os estudantes passaram a escrever mais e melhor. Também aprenderam a pesquisar na Internet e a postar seus conteúdos na rede.

O sucesso da experiência foi tão grande que os seus alunos até já criaram um post na wikipedia. Discutiram, pesquisaram e colaboraram com a maior enciclopédia do mundo. Estão mais confiantes e orgulhosos, pois podem ver seu trabalho ajudando outras pessoas.

Veja o blog do projeto AQUI. [http://portuguesilha.wordpress.com/2008/06/06/verbete-dos-alunos-na-wikipedia/]

Veja aqui o post na wikipedia. [http://pt.wikipedia.org/wiki/Tenond%C3%A9_Por%C3%A3]

CONHECIMENTO LIVRE: O EEE PC veio com Gnu/Linux, Firefox e OpenOffice instalados, ou seja, com software livre. Logo em seguida, os técnicos de TI da escola quiseram instalar windows nas máquinas. A prof Bianca mostrou a incoerência de usar software de código-fonte fechado em uma escola. Esclareceu que eles deveriam incentivar o uso de software aberto, uma vez que é baseado no compartilhamento do conhecimento tecnológico. Além disso, os jovens técnicos testaram as máquinas e perceberam que o software livre "dava conta" de todas as exigências do processo de ensino e aprendizado. Então, por que utilizar software proprietário? No início da conversa, um dos técnicos ainda falou: "posso ligar para um programa escola aberta da micro$oft e pedir licenças gratuitas". A professora Bianca mostrou que não existe escola aberta com conhecimento fechado. Parabéns ao Ilha de Vera Cruz. Parabéns para a professora Bianca.